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Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – José Francisco Gonçalves Sevivas"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

 

Os militares de Outeiro Seco que estiveram na Grande Guerra de 1914-1918 foram muito esquecidos.

 

Agora que se comemoram os 100 anos desse acontecimento, foi minha vontade fazer com que saíssem do anonimato, inclusive da própria família, para lhes dar o lugar merecido na história local.

 

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Alguns deles estiveram em África e muitos, em França. Hoje em dia, na aldeia, praticamente já não se fala em gaseados. Dos que morreram, por lá ficaram sepultados. Hoje vamos falar de um outeiro secano que para muitos foi o Major Sevivas e vai continuar na história local de Outeiro Seco a ser o Major Sevivas, embora tenha atingido uma alta patente da hierarquia militar, a de Tenente-coronel.

 

Mas amigo leitor, não quero ser maçador com tudo isto, mas permita-me que me debruce um pouco sobre os antepassados do nosso combatente e só depois nos iremos ocupar do nosso Major Sevivas, para que não restem dúvidas.

 

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Fonte: Memórias da Guarda Fiscal - Posto de Soutelinho da Raia

 

Seu pai, João Gonçalves Sevivas, nasceu no dia 28 de Outubro do ano de 1864, era filho de António Sevivas e de Ana Gonçalves Agrela, de Outeiro Seco. Já com idade adulta passou a ser soldado da Guarda Fiscal, sendo destacado para o posto de Soutelinho da Raia e, ora para o posto de Vilarelho da Raia, ora para o de Travancas.

 

Através do assento do livro de casamentos de Vilarelho da Raia de 1889, vamos descobrir o assento nº.8 e que nos diz o seguinte:

Que no dia três do mês de Agosto do ano de mil oitocentos e oitenta e nove, João Gonçalves Sevivas, batizado na freguesia de Outeiro Seco, Cabo da Guarda Fiscal estacionado no Posto de Vilarelho da Raia, filho de António Gonçalves Sevivas e de Ana Gonçalves Sevivas, com a idade de vinte e cinco anos. Contraia matrimónio com Sabina Pires de dezanove anos de idade e filha de Francisco Pires e de Ana Daira de Vilarelho da Raia”.

 

Era muito comum na aldeia ouvir-se da parte das pessoas que a vida de um Guarda Fiscal era como a dos ciganos, andavam sempre com a trouxa as costas. Era o que acontecia a este outeiro secano, tão depressa estava num local como noutro.

 

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Fonte: Memórias da Guarda Fiscal - Posto de Vilarelho da Raia

 

Deste casamento, viram a luz do dia sete filhos, sendo dois rapazes e cinco raparigas. O primeiro filho seria o José Francisco, depois o João, a seguir a Libânia, a Olinda, a Ana, a São, e por último a Arminda.

 

O José Francisco acabaria por seguir a carreira militar. O João ainda muito jovem abalou para os Estados Unidos da América, constituiu família e por lá ficou. Nunca mais cá veio. A Libânia acabaria por ser a única filha a casar, com o Tenente de Infantaria Luiz Faria Barroso Mariz, tendo este ainda atingido a patente de Capitão, foi Comandante da 4º. Companhia da Guarda Fiscal de Chaves nos anos 1934-1949. Não tiveram descendentes. A Olinda, a Ana e Arminda dedicaram-se sempre as tarefas agrícolas da casa. A Ana viria a falecer no ano de 1970, sendo a Arminda a última a falecer. Quanto à São, esta ocupava-se das lides domésticas da casa, era de todas a mais devota.

 

Seu pai João Gonçalves Sevivas, no ano de 1906, era promovido ao posto de Sargento da Guarda Fiscal. Também aquando das Incursões Monárquicas de Paiva Couceiro em 1912, recebeu do Governo da República um louvor, pelos bons serviços prestados à jovem República Portuguesa.

 

Depois desta breve resenha sobre a família Sevivas, passamos à figura principal da nossa história, ou seja, ao José Francisco Gonçalves Sevivas, o nosso Major Sevivas.

 

Tinham passado três anos desde que o casal Sevivas tinha contraído matrimónio. O cabo João Gonçalves Sevivas acabava de ser destacado para o comando do posto de Soutelinho da Raia, no início do ano de 1892 e será nesta aldeia que nasce o primeiro filho do casal a quem seria dado o nome de José Francisco.

 

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 Fonte: Liga dos Combatentes

 

Fomos investigar os livros de batismo da freguesia de Soutelinho da Raia, referente ao ano de 1892. Aí encontrámos o Assento nº. 11 que nos diz o seguinte:

Assento nº. 11 do ano de 1892. Aos quatorze dias do mês de Agosto do ano de mil oitocentos e noventa e dois, nesta igreja paroquial de Santo António de Soutelinho da Raia, do concelho de Chaves, arquidiocese de Braga, batizei solenemente uma creança do sexo masculino, que nasceu nesta freguesia, pelas cinco horas da manhã do dia nove do mês de Agosto, de mil oitocentos e noventa e dous, e ao qual dei o nome de José Francisco, filho legítimo de João Gonçalves Sevivas natural de Outeiro Seco e de Savina Pires natural de São Tiago de Vilarelho da Raia, neto paterno de António Gonçalves Sevivas, e de Ana Gonçalves Agrela, e materno de Francisco Pires e de Ana Pires Daira naturais de Vilarelho da Raia. Foram seus padrinhos o Reverendo Joaquim Alves Crespo, desta freguesia e José Branco Sanches natural de Vilarelho da Raia, que sei serem os próprios.

O Abade Álvaro Pais de Araújo.

 

O José Francisco, como referimos, seria o primeiro filho do casal, toda a sua juventude seria repartida entre Soutelinho da Raia, Outeiro Seco e Vilarelho da Raia. Ora num local ora noutro, os anos iam passando e o jovem José Francisco ia crescendo. Terminados os estudos primários, o José Francisco é enviado para a cidade de Braga para aí continuar os seus estudos eclesiásticos, com a condição de vir a ser ordenado padre, sendo esta a vontade de seus pais.

 

Mas nessa altura viviam-se tempos de incerteza no país. O José Francisco, já com os seus 18 anos, não era alheio a essas mudanças. Assiste à implantação da República em 1910. Passados dois anos, em 1912, assiste à revolução de Couceiro. Já com maioridade aproxima-se o cumprimento dos deveres militares para com a Pátria. Será no decorrer do ano de 1912 que se apresenta à inspeção militar, ficando apto para todo o serviço. O jovem desiste da sua carreira sacerdotal e abraça a carreira militar, talvez influenciado pela carreira militar de seu pai. O jovem é indicado para servir a arma de infantaria, seguindo para o Regimento de Infantaria 13 de Vila Real. Nessa altura ainda não havia guerra na Europa, nem nada que indicasse que pudesse acontecer. Continua a sua preparação militar em Vila Real, mas já em pleno ano de 1914, os ventos que sopram do norte da Europa anunciam a guerra. Finda a sua preparação militar em Vila Real com o posto de Alferes Miliciano e como comandante de pelotão oficial de metralhadoras ligeiras do Regimento de Infantaria 13. Surgem os primeiros focos de invasão das Colónias e em 3 de Fevereiro de 1915, embarca com destino ao sul de Angola acompanhado de um batalhão de infantaria 13, regressando com as primeiras forças militares, depois de terminada campanha em 15 de Outubro de 1915.

 

Ainda não se tinha completado um ano do seu regresso de África, já estava a ser mobilizado para a guerra de França. A 22 de Abri de 1917 embarcava com destino a Brest, para depois ser deslocado para a frente de combate, como podemos verificar no seu Boletim do CEP.

 

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Assinatura de José Francisco Gonçalves Sevivas - Boletim do CEP

 

José Francisco com a patente de Alferes Miliciano do 2º. Batalhão de Infantaria 13, da 2ª. Divisão e 5ª. Brigada de Infantaria, era filho de João Gonçalves Sevivas e de Savina Pires. Diz-nos ainda que era natural de Soutelinho da Raia e que o parente mais próximo era o seu pai, residente em Soutelinho da Raia do concelho de Chaves. Já na frente, José Francisco vai tomar parte na célebre batalha de La Lys do dia 9 de Abril de 1918. Consta ainda no seu boletim “Licença de Campanha por 20 dias desde 19 de Outubro de 1917 cessando a 1 de Novembro. Passou a desempenhar as funções de Oficial de Granadeiros acumulando com as de Oficial de Metralhadoras Ligeiras desde 20 de Fevereiro de 1918. Louvado porque no dia 9 de Abril de 1918 bateu-se em La Couture com muita coragem e sangue frio, decisão e competência, fazendo ele próprio fogo de metralhadora e só retirando quando se lhe esgotaram os meios de resistência e através de dificuldades. O. do Q. G C.nº144 de 29 de Maio de 1918. Licença da Junta por 90 dias em sessão de 3 de Julho.

 

Mas será nesta batalha que se dá uma das maiores polémicas do CEP. É neste dia 9 de Abril de 1918, que pelas 4:15 da madrugada, dá início o ataque Alemão e será no decorrer desta batalha que o verniz estala entre o Capitão da 1ª. Companhia, Bento Roma e o Capitão da 2ª. Companhia, David Magno e são várias as referências feitas à pessoa do Alferes Miliciano José Francisco Gonçalves Sevivas.

 

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Les-Lobes - David Magno

 Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

David Magno no seu livro “Les-Lobes na batalha de La-Lys”, na pág. 107 diz: “O Alferes de metralhadoras José Francisco Sevivas, maneja uma junto ao 2º. Comandante interino, até que…” sem saber explicar como, se desliga de mim….” Diz este Capitão, “- mete-se por uma trincheira de comunicações e perde-se numa volta”. Também David Magno no Livro “La Couture”, perante a história, diz na pág. 44 o seguinte: “Este Alferes José Francisco Gonçalves Sevivas, abandonou autenticamente o seu posto de combate e os seus chefes diante da aproximação dos Alemães”!!!. O próprio Capitão Bento Roma 2º. Comandante Interino diz que não sabe como este Sevivas se desligou dele…. Meteu-se por uma trincheira de comunicação e perdeu-se numa volta...”. Também recentemente, numa tese doutoral apresentada no Instituto Universitário de Lisboa, da autoria de Miguel Nunes Ramalho, em 2015 diz-nos na pág. 113: “Foi nesta terra de Flandres, desde Amantieres a la Bassé, de Merveille a Béthame que as tropas portuguesas viveram e sofreram o seu grande calvário ignorando a verdadeira razão da luta para a qual foram lançados”. E serão as divergências no comando de Infantaria 13 que vão lançar a polémica onde o Alferes Sevivas, se vai ver envolvido. Continuando ainda na obra referenciada na pág. 187: “Mais polémica terá sido a referência ao Alferes Miliciano José Francisco Gonçalves Sevivas. Segundo informações o Alferes Sevivas tinha escapado do reduto onde se encontrava junto do Capitão Bento Roma, fugindo para a base do CEP, na altura em que estavam a ser atacados pelos alemães, escrevendo no seu relatório que tinha visto morrer o seu comandante e o 2º. Comandante por carga de baioneta com o inimigo. Também é enigmática a forma como o Capitão Bento Roma, descreve o desaparecimento do Miliciano Sevivas, “no meio do matraquear das metralhadoras é então que sem saber explicar, como se desliga de mim o Alferes Sevivas, mete-se por uma trincheira de comunicação e perde-se numa volta. O subalterno aproveitou uma distração de Bento Roma e cavou para a base. Apesar desta fuga para a retaguarda. O Comandante Pissara não se esqueceu do conterrâneo propondo-lhe um louvor”. Toda esta polémica não passaria de um mal-entendido. E o caso não ficará por aqui, e segue mais tarde para tribunal militar. E continuando ainda com o mesmo autor da referida tese e na pág. 232 diz-nos: “mas também não faltou o louvor ao Alferes José Francisco Gonçalves Sevivas, porque; “no dia 9 de Abril bateu-se na Couture com muita coragem sangue frio e decisão e competência”….

 

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La Couture - David Magno

  Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Também o autor do livro “Os Portugueses na Flandres” do Tenente Coronel Fernando Freiria, na pág. 281 diz-nos “que José Francisco Gonçalves Sevivas - Alferes Miliciano porque no combate de 9/04/1918, bateu-se em La Couture com muita coragem, sangue frio, decisão e competência fazendo ele próprio fogo de metralhadora, e só se retirou quando se lhe esgotaram os meios de resistência e outras dificuldades”. Também, ainda recentemente, na pág. nº. 4 do Jornal Notícias de Vila Real, de 12/04/2018, num artigo com o título “Na Crista da Onda”, do autor Ribeiro Aires, volta novamente a tal polémica à baila. Voltando novamente ao autor da Tese de Doutoramento de Miguel Nunes Ramalho, consultando a pág. 292, ficamos a saber que o Alferes Sevivas é levado a depor em tribunal militar, tendo no seu primeiro depoimento, entrado em contradições, segundo este autor, pelo que o auditor o Coronel Augusto Maria Soares viria a solicitar nova audição do Alferes Sevivas, para apuramento da verdade. Pelo que o Alferes Sevivas, volta novamente no dia 1 de Abril de 1922 a ser notificado para nova audição, mas desta vez é ouvido no Regimento de Infantaria 19 em Chaves, só que desta vez tem por auditor o Capitão Luís Borges Júnior. No seu novo depoimento o Alferes Sevivas, declarou manter em absoluto o seu primitivo depoimento. Terminado todo este imbróglio, o Alferes Sevivas vai continuar a sua carreira, acabando por mais tarde ser condecorado com a cruz de guerra de 2ª. classe.

 

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Os Portugueses na Flandres - Fernando Freiria

  Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Já em pleno ano de 1924, será o primeiro Presidente do Núcleo de Chaves da Liga dos Combatentes.

 

Em 28 de Maio de 1926, dava o seu apoio à revolta do General Gomes da Costa, cujo apoio lhe viria a trazer mais tarde algumas benesses. Além dos vários amigos granjeados ao longo dos tempos, um dos seus grandes amigos destaca-se o Capitão Luís Borges Júnior, (Sendo mais tarde Administrador do Concelho de Chaves e delegado da PVD (PIDE), além de outros cargos sendo muito conhecido no meio flaviense, foi apelidado de o carrasco dos refugiados espanhóis durante a guerra civil.

Outro dos seus amigos foi o Tenente Horácio de Assis Gonçalves, que era de Vinhais, e chegou a ser Chefe de gabinete de Salazar e mais tarde Governador Civil de Vila Real durante os anos de 1931 a 1939.

 

Também no Assento de batismo do Major Sevivas existe um averbamento curioso, que nos diz o seguinte: “Consta em Despacho do Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca de Chaves, em que foi autorizado a adicionar no seu nome Gonçalves Sevivas, devendo ler-se José Francisco Gonçalves Sevivas. Registo Civil aos 3 dias do mês de Julho de 1933.

 

Em 3 de Abril de 1938 falecia em Outeiro Seco sua mãe Sabina Pires Sevivas, tendo sido sepultada no cemitério local de Outeiro Seco.

 

Também em Maio de 1938, o Jornal Local Nova Era escrevia o seguinte pela mão do seu grande amigo e diretor do referido jornal, Capitão Luís Borges Júnior, “Capitão Sevivas, em 4 do corrente assumiu as funções de Delegado do Comando Distrital da Legião Portuguesa, neste concelho, o nosso querido amigo Senhor Capitão José Francisco Gonçalves Sevivas, distinto oficial do bravo batalhão de Caçadores 3 desta cidade, oficial distintíssimo e nacionalista fervoroso !!!.”

 

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 Luís Borges Júnior

Fotografia da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Entre os anos 1940 a 1942 assume o lugar de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Chaves.

 

Também entre os anos de 1948 a 1951, já com a patente de Tenente Coronel é nomeado Comandante do Regimento de Caçadores 10 de Chaves, sendo nesta altura o seu impedido o conhecido Sargento Neves. Deixaria o cargo já perto do final de 1951, por motivos de saúde, retirando-se para a sua residência no Bairro do Penedo em Outeiro Seco.

 

É possível que o nome do Major Sevivas, não diga hoje nada a uma grande parte dos outeiro secanos, sobretudo à geração nascida no período posterior ao 25 de Abril. Era tido por muitos outeiro secanos como um salazarista convicto. Outros relevam a sua pessoa e consequentemente enaltecem as qualidades morais de homem íntegro, honesto, eivado de um profundo humanismo.

 

Sendo um homem de pouco convívio com os seus conterrâneos, era um caçador profissional na caça à perdiz nas horas vagas, conjuntamente com o seu cão perdigueiro de nome Farruco. Muito dificilmente utilizava o transporte que o exército lhe punha à disposição, debaixo de chuva e vento optava por fazer o percurso a pé, utilizando os caminhos secundários, evitando o percurso pelo centro da aldeia.

 

Já desligado do serviço militar, passava os dias na varanda da sua casa a ler os jornais. Foi também ele o verdadeiro impulsionador da descoberta dos autores do assassinato do António Augusto (Celeirós).

 

Também nos contaram umas histórias onde intervém o Major Sevivas. Uma tem a ver com um grupo de jovens de Outeiro Seco. Estava-se em pleno verão. À noite os jovens da aldeia concentravam-se todos no Largo do Tanque. Aí foi feita uma aposta que tinha por finalidade entrar no quintal do Major e trazer uma melancia que estava nas escadas da varanda, sem o Major dar conta. O jovem muito sorrateiro pula o muro do Quintal, já nas escadas pega na melancia, ao mesmo tempo que pega na melancia, ecoa no silêncio da noite um tiro. Nesse momento, o Major que se encontrava ao fresco na varanda diz para o jovem, “que nunca mais tivesse aquele atrevimento porque lhe podia sair caro?”.

 

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 Foto de Fernando Ribeiro - Blogue Chaves

 

Outra delas tem a ver com o moleiro. Havia um indivíduo que todos os dias percorria a aldeia com 3 jumentos à procura de centeio para o moinho. Era empregado do Francisco Moleiro, o seu nome era Eduardo e era de Calvão, mas era conhecido na aldeia pelo “Beiças”. Estava-se no mês de outubro, caia uma chuva miudinha. O moleiro ao passar na ponte, ao lado da casa do Major, viu um homem no Quintal junto a umas couves galegas e muito depressa o moleiro diz: “Oh tio home das couves, quer mandar o pão para o moinho?”. O Major não lhe respondeu embora o moleiro barafustasse. Alguém viu a cena, chamou pelo moleiro e disse-lhe que era o Sr. Major Sevivas e tinha de ter mais respeito. A resmungar, o moleiro lá seguiu o caminho com destino ao moinho.

 

Talvez muito mais aqui poderíamos contar sobre o Major Sevivas, mas não é minha vontade ser maçador para com o amigo leitor.

 

Era dia 11 de Novembro do ano de 1957, dia de São Martinho, falecia na sua casa de Outeiro Seco o Tenente Coronel José Francisco Gonçalves Sevivas, mas para os outeiro secanos foi sempre o Major Sevivas, e ainda é.

 

E assim damos por concluído o nosso contributo, relativo aos combatentes da 1ª. Grande Guerra Mundial, pertencentes à aldeia de Outeiro Seco. Foi também nossa intenção os trazer ao conhecimento de todos os outeiro secanos, contribuir para o registo deles na história local da aldeia, prestando-lhe ao mesmo tempo uma singela homenagem hoje, em que se comemoram os 100 anos da trágica batalha de La Lys.

 

João Jacinto

  

Consulta:

Arquivo Militar

Blog Genealogia

Arquivo Distrital Vila Real

Livro Les-Lobes de David Magno

Livro La Couture de David Magno

Livro Os Portugueses na Flandres de Fernando Freiria (Ten. Coronel)

Tese de Doutoramento de Miguel Nunes Ramalho

Revista Aquae Flaviae nº 50

Várias pessoas da aldeia

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Agradecimento:

Aproveito aqui também para agradecer a colaboração do Humberto Ferreira, pela paciência que teve para comigo e pela disponibilização do seu Blog, pois só assim foi possível levar tudo isto ao conhecimento dos outeiro secanos. Aos meus pais e aos meus avós, pelas histórias que me contavam nas longas noites de inverno à lareira, à luz da candeia. Às dezenas de outeiro secanos, muitos deles já falecidos, que me deram maravilhosas informações. Para todos o meu bem-haja. Viva Outeiro Seco!

 

João Jacinto

  

Publicado por Humberto Ferreira às 00:05

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Quarta-feira, 28 de Março de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Joaquim Estorga Salgado"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

Em todas as aldeias existem personagens tratadas com deferência, sem muitas das vezes terem aparentemente nada que os destaque dos restantes habitantes, enquanto outros deveriam permanecer na memória coletiva, só restando deles o nome ou talvez uma simples fotografia, já agastada pelo tempo.

 

Quando procuramos saber quais os outeiro secanos que foram mobilizados para a 1ª. Guerra Mundial de 1914-1918, fomos confrontados que no espaço de duas décadas, nas gerações mais idosas, esses acontecimentos tinham praticamente caído no esquecimento.

 

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Pelo que soubemos é que essas ocorrências deixaram traumatismos, e marcas que muitas das vezes não queriam ser relembradas e que foram passadas em terras bem distantes, e que após o seu regresso, e a dureza dos tempos que corriam, e uma vida intensa relegaram esses acontecimentos para segundo plano, ou passaram para o esquecimento.

  

Foi com grande surpresa quando procedíamos à nossa investigação sobre os combatentes de Outeiro Seco, sendo eles os seguintes; “ Manuel dos Santos, José Figueiras, Francisco Morgado, Filipe Ranheta (este natural de V. Verde Raia), Sargento José Francisco Gonçalves Sevivas, Abel Agrela, 1º. Cabo Joaquim Estorga Salgado, Albino de Carvalho, soldado nº 929, filho de João Carvalho e Maria Silvana, único outeiro secano falecido em terras de França, faleceu em 06/03/1918 de tuberculose pulmonar, pertencia à 1ª. Companhia do Regimento de Infantaria 19. Mas será apenas sobre o combatente, Joaquim Estorga Salgado que aqui vamos escrever.

 

O Joaquim nasceu em Outeiro Seco a 03/08/1893, filho de António Estorga Salgado e de Maria Júlia Alves ou (Portela) era o 2º. Filho do casal de um total de 8 irmãos.

 

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Fotografia gentilmente cedida pela Ana Maria Salgado

 

O Joaquim percorreu as ruas da maravilhosa aldeia de Outeiro Seco, durante a sua mocidade, aqui conviveu com outros jovens, foi nesta aldeia que aprendeu as primeiras letras.

 

Já com os seus 19 anitos viu na madrugada do 08/07/1912, passar as tropas de Couceiro.

 

Quis o destino que logo no ano seguinte (1913), o Joaquim assentasse praça no Regimento de Infantaria 19. Faz a sua recruta no R.I. 19, sendo promovido no final da recruta a cabo, talvez esta promoção ou a falta de perspetivas levem Joaquim, a seguir a vida militar.

 

Já em pleno ano de 1914, as coisas pela Europa não estão famosas, paira no ar o som dos tambores de Guerra.

 

Chegado o mês de Janeiro de 1915, logo no início o Regimento de Infantaria 19, de Chaves, no seu 3º. Batalhão, é recebida a ordem de mobilização com destino a Africa, pois as colónias eram alvo de investida por parte dos Alemães.

A 17 de Janeiro de 1915, procede-se ao sorteio das praças das classes de 1912 e 1913, do 1º. e 2º. Batalhão de Infantaria 19, e que deveriam completar o efetivo a mobilizar.

 

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Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

A 28 de Janeiro, seguiu para Lisboa o 1º. Contingente de soldados do R.I. 19, sendo fixada a partida dos restantes soldados o dia 31 de Janeiro de 1915.

 

Às 13 horas do dia 31/01/1915, após uma breve alocução, pelo Coronel Augusto César Ribeiro de Carvalho, comandante do Regimento, toda a força militar saiu a caminho de Vidago. Nesse mesmo dia parte o comboio com destino à Régua, onde seria feito o transbordo com destino ao Porto.

 

Às primeiras horas do dia 1 de Fevereiro, chegavam ao Porto, feito novo transbordo para o comboio que os levaria a Lisboa (Santa Apolónia), sendo logo feito o desembarque, seguem para o quartel da Cova da Moura, à espera da viagem marítima.

 

Às 12 horas do dia 3 de Fevereiro, todo o pessoal e material, já se encontra no paquete Portugal, da parte da tarde larga âncora com destino à Madeira, fazendo ai escala, para logo no dia seguinte seguir novamente viagem com destino a Angola.

 

 

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 Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Já ao amanhecer do dia 19 de Fevereiro, se avistava a baia de Luanda permanecendo ai algumas horas, para logo iniciar viagem com destino ao porto de Moçâmedes, onde chegou às 7 horas do dia 23 de Fevereiro. Nesse mesmo dia desembarca todo o Batalhão, dirigindo-se de imediato para o acampamento, no lugar das Hortas.

 

Em 20 de Março aí permanecem no acampamento, durante a sua permanência em Moçâmedes, onde prestam vários serviços, o Batalhão procedeu a várias escoltas de comboios, tendo essas operações sido confiadas aos 1º. Cabos, e que a seguir são mencionados, e os quais cumpriram essa missão com a maior lealdade e patriotismo:

1º. Cabo Manuel Monteiro, José Gomes, Ildefonso Valério Ferreira Pinto, José do Nascimento, Cassiano José Mendes; Cesar Augusto Mirandês, Guilherme Ribeiro, Manuel Joaquim, João Maria Teixeira, Domingos Alves Mestre, Eduardo Leitão dos Santos, Artur Elias Sousa, Henrique Pascoal, Algemino Duarte, José Lopes Diogo, Francisco Augusto de Sousa, e JOAQUIM ESTORGA SALGADO.

 

A 2 de Julho o Batalhão deixa Moçâmedes. Já na noite de 3 de Julho chega a Quilemba, executando na manhã do dia 4 marcha ate Lubango, onde ficou alojado.

 

 

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Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

A 16 de Julho aí é instalado o quartel-general, serão os contingentes da 11ª. Companhia e 12ª. que vão fazer parte da conquista do Cuahama, sendo assim dado começo ao 2º. período das operações além Cunene.

 

No dia 24 de Julho às 7 horas a Companhia 11ª e 12ª partem para Humbe, onde chegaria a 9 de Agosto com 302 soldados e os seguintes oficiais, sargentos e 1º. Cabos.

12ª. Companhia, Capitão António Rodrigues da C. Azevedo, Alferes Frederico Tamagnini de S. Barbosa, João Almeida Serra, Henrique Perestrelo da Silva, 1º. Sargento Rafael Gama, 2º. Sargento Amílcar Afonso P. Camoezas, António Mendes Cardoso, Ermogénio de Almeida, Júlio António da Trindade, 1º. Cabos António dos Santos, JOAQUIM ESTORGA SALGADO, Guilhermino Ribeiro, José do Nascimento, João Eduardo Coelho, José Joaquim Dias Pereira, Henrique Pascoal Artur Rodrigues, António Rodrigues e Firmino Morais.

 

A 20 de Agosto toda a 12ª. Companhia passa a fazer parte da coluna do Cuamato, marchando para o Vau de Chimbua. Incorporados no destacamento do Cuamato, tendo tomado parte no combate da #Chana da Mula# em 24 de Agosto. Vindo depois a ser incorporados no destacamento de Negiva. Sendo destacados no posto de Oxinde desde 4 de Setembro. Sendo as forças de Infantaria 19 incorporadas nesse destacamento.

 

Já quase a findar o ano de 1915, e no dia 13 de Dezembro, o 3º. Batalhão de Infantaria 19, marcha de Lubango a Vila Arriaga, para voltar a Moçâmedes, regressando ao continente em 11 de Março de 1916, chegando ao regimento de Infantaria de Chaves a 31 de Março 1916, tendo ficado em terras de Africa 33 bravos transmontanos.

 

O outeiro secano Joaquim regressa à sua terra natal, mas continua ao serviço do R. Infantaria 19, tinha à sua espera a família e a sua futura esposa.

 

Joaquim Estorga Salgado casa nesse mesmo ano em 07/12/1916, com Ana Chaves Barrocas, o jovem recém-casado passa pouco tempo com a sua esposa, desconhecendo o que a sorte lhe reservava.

 

Às 24 horas do dia 21 de Maio de 1917, saia de Chaves com destino a Lisboa, o 1º. Batalhão de Infantaria 19, a fim de constituir em França o 2º. Depósito de Infantaria do Corpo Expedicionário Português.

 

Nele seguia o outeiro secano Joaquim Estorga Salgado do 1º. Batalhão, 2ª. Companhia e do 2º. Depósito de Infantaria sendo o 1º. Cabo nº 380 cabendo-lhe a placa de identificação nº. 9876, embarcou com destino a Brest (França) em 23/05/1917.

 

Chegado a terras de França, a 13/06/1917, JOAQUIM ESTORGA SALGADO, é colocado no batalhão do Regimento de Infantaria 21, com vários outros bravos transmontanos. Embora dispersos pelos vários Batalhões, em terras de França, os bravos transmontanos do 19 de Infantaria, cantavam por vezes, até mesmo em plena 1ª. linha o Hino do Regimento de Infantaria 19, da autoria do Flaviense “Gastão de Sousa Dias”.

 

 

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 Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Em pleno mês de Março de 1918, todo o sector Português, era um autentico inferno de ferro e fogo, e que viria a ter por epilogo a batalha de “La-Lys”, os valorosos transmontanos de Infantaria 19, lembrando os velhos tempos. E os grandes dias de glória, laçam-se sobre as trincheiras inimigas no subsector de “Ferme de Bois”, num importante “raid” e inutilizam a 2ª. linha alemã. Pela maneira como se portaram em tão importante ação uns foram promovidos e outros condecorados. Entre eles o outeiro secano JOAQUIM ESTORGA SALGADO.

 

Do épico “raid” de 9 de Março de 1918, cabe ainda mais glória à Infantaria 19. Nele tomaram parte com elogiosas referências, os sargentos desta unidade Albano Joaquim do Couto, JOAQUIM ESTORGA SALGADO, os quais foram assim distinguidos”.

 

 

JOAQUIM ESTORGA SALGADO

Condecora com a Cruz de Guerra de 4ª. Classe Military Medal Inglesa e louvado, pela decisão e valentia de que deu provas no comando da fracção que lhe foi confiada no “raid”, efectuado com completo êxito pela sua companhia em 9 de Março de 1918-O.E. nº. 10 (2ª. Série) de 1920”.

Lembramos ainda que o Joaquim Estorga Salgado, em 22 de Dezembro de 1917, era promovido ao posto de Sargento.

 

Em 16/03/1919, apresenta-se no Comando Militar em França, a fim de seguir para Portugal, tendo desembarcado em Lisboa no dia 3 de Abril de 1919.

 

 

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Feita a sua apresentação no R. Infantaria 19 em Chaves. Regressa à sua terra natal, para recuperar de algumas mazelas da guerra.

 

Feita essa recuperação deixa também o serviço militar, sendo a sua permanência na aldeia, muito curta. Parte à procura de uma vida melhor, conjuntamente com a sua esposa e filha mais velha, vai viver e trabalhar para Anadia. No posto Agrícola de Anadia, aí permanece alguns anos.

 

Talvez pelo ano de 1924, regressa à terra natal, passando a trabalhar na Escola Agrícola Móvel Alves Teixeira em Vidago. Vindo a falecer em 26/03/1949. Tendo deixado quatro filhos: Maria, Eugénio, Augusto, e António, também já todos falecidos.

 

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Orgulhe-se Outeiro Seco, e não esqueça, este “seu filho” que terá sido um herói que andou por terras de África, passando mais dois anos de combates contínuos na 1ª. Guerra Mundial, e de grande sofrimento, soube ultrapassar as dificuldades, atuando nos momentos de perigo de forma destemida e heroica, como lhe foi reconhecido nos louvores que recebeu.

  

   João Jacinto

 

Consulta:

Arquivo Distrital de Vila Real

Livro de Batismos de Outeiro Seco

Arquivo Militar

Informações recolhidas na aldeia

Blog Genealogia

 

Nota:

Republicação de dia 12 de Fevereiro de 2014

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Publicado por Humberto Ferreira às 00:05

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Quarta-feira, 21 de Março de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Domingos André"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

Prestes a terminar o nosso contributo acerca dos combatentes da Grande Guerra da aldeia de Outeiro Seco, hoje trago-vos a história de outro combatente, deixando assim um registo para as gerações futuras e atuais, para que não esqueçam os seus antepassados, os seus heróis, que na maior das dificuldades souberam dar o seu melhor das suas vidas, honrando a sua Pátria.

 

Hoje, caros amigos, vamos falar do soldado Domingos André. Relativamente a este outeiro secano, que nos fez correr Ceca e Meca, iniciámos a nossa investigação, como é costume, pelo livro de batismos da freguesia de São Miguel de Outeiro Seco, pois foi assim que fizemos com os outros combatentes. Somos levados até ao ano de 1893. É aí que vamos encontrar o Assento nº3 e será através deste registo que a nossa investigação é levada a bom porto.

 

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Reza assim o Assento nº.3 do ano de 1893 do livro de batismos da freguesia de São Miguel de Outeiro Seco.

Assento nº3:

Aos vinte e seis dias do mês de Fevereiro do ano de mil oitocentos e noventa e três, nesta igreja paroquial de São Miguel de Outeiro Seco, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Domingos, que nasceu nesta freguesia as cinco horas da tarde do dia vinte e três do dito mês, filho natural de Albina André, solteira filha de Miguel André lavrador e de Maria Bicência, natural do Pereiro de Argeriz, concelho de Valpaços, neto paterno de avôs incógnitos, neto materno de Miguel André e de Maria Bicência, foram seus padrinhos Domingos Diogo e sua filha Maria maior de idade.

O Padre António Gonçalves Amaro.

 

Mas será o seu assento de batismo que nos vai dar uma grande ajuda à nossa investigação, pois houve o cuidado da parte de alguém em registar todos os averbamentos no seu assento de batismo. O amigo leitor vai poder verificar que os averbamentos do seu assento de batismo, não coincidem com o que consta registado no Boletim do CEP.

 

Domingos André, casou com 21 anos de idade, no dia 2 de Dezembro de 1914, com Secundina Rosa de 22 anos de profissão padeira, natural da freguesia de Santo Estevam de Faiões, e residente em Faiões, e filha de João Barroso e de Maria da Conceição Cruz, também padeira.

 

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Sua esposa Secundina rosa viria a falecer em 5 de Agosto de 1963, em Faiões. A nossa dúvida é onde vivia o Domingos André, em Faiões ou em Outeiro Seco? Vamos aguardar pelos restantes dados e no final verificamos.

 

Ora o Domingos André passou a sua juventude em Outeiro Seco, casou e depois teve pela frente o serviço militar, alistado no Regimento de Infantaria 19 de Chaves, sendo mobilizado para a Grande Guerra de 1914-1918.

 

Da consulta ao seu Boletim do CEP, verificamos o seguinte:

O seu nome Domingos André, pertencia ao 1º. Batalhão, da 2ª. Companhia, 2º Depósito de Infantaria, era o soldado nº. 569, sendo a sua placa de identificação nº. 63988, e diz-nos também que o seu estado civil era solteiro, era filho de Albina do André, era natural de Outeiro Seco do concelho de Chaves, e que o parente mais próximo era a sua mãe residente em Outeiro Seco - Chaves.

 

Pois amigo leitor aqui está a contradição aparece como solteiro, o parente mais próximo a sua mãe, isto no Boletim do CEP. Mas a verdade é que já era casado e o familiar mais próximo seria a sua esposa, mas isto acontece.

 

O Domingos André parte para a frente de combate em 1917, sai do cais de Alcântara em 23 de Maio de 1917, com destino a Brest. Aí chegado é colocado na Companhia de metralhadoras em 4 de Julho de 1917. Mas caros amigos será este Domingos André um herói, não se admirem com o que vamos descrever. No seu Boletim do CEP consta o seguinte: “Louvado porque estando no dia 18 do corrente de serviço nas posições contra aeroplanos, conseguiu fazer aterrar um aeroplano inimigo entre as 1ªs e 2ªs linhas alemãs sem o concurso próximo doutras armas, pelo que demonstra muita serenidade excelente pontaria solida instrução deste tão importante serviço.” (O do 5º J. M. nº67 de 20.02.1918). Licença da Companhia em 18 de Maio de 1918. Embarcou para Portugal a bordo do transporte Pedro Nunes em 18 de Maio a fim de gozar a licença da Companhia.

 

Este combatente como todos os outros, por lá passou bons e maus momentos, era a vida dura das trincheiras. Regressou são e salvo para junto da sua esposa. Viveu na aldeia de Faiões até ao dia 21 de Março de 1968, data do seu falecimento repousando os seus restos mortais na sua terra adotiva. Assim concluímos a história de mais um combatente.

  

João Jacinto

 

 Consulta:

Arquivo Distrital de Vila Real

Arquivo Militar

Informações recolhidas na aldeia

Blogs Genealogia Listagens

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Terça-feira, 6 de Março de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Albino de Carvalho"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

Vamos continuar com a divulgação dos combatentes da Grande Guerra. Hoje vamos trazer ao conhecimento dos outeiro secanos mais um filho da terra que esteve na guerra em França e por lá ficou sepultado.

 

Foi muito difícil saber deste nosso conterrâneo. Na aldeia pouco ou nada se falava dele, era quase de um desconhecimento total. Apenas se falava de meia dúzia de combatentes, mas alguém nos confidenciou que seriam muitos mais.

 

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Há uns bons anos atrás, em conversa com um idoso da aldeia, este confirmou-nos que deveriam ser à volta de 11 ou 12 combatentes. Também nos disse que um deles morreu em terras de França.

 

Procurámos-lhe como se chamava o combatente falecido em França. Respondeu-nos que ao certo não sabia se era Abílio ou Albino. Por isso ficámos na dúvida. Acabámos mais tarde por confirmar a veracidade das informações recebidas, pois na realidade são doze os combatentes de Outeiro Seco. Confirmámos também o verdadeiro nome do soldado que ficou sepultado em França, trata-se de Albino de Carvalho e será sobre ele que vamos falar.

 

Já que os dados fornecidos na aldeia eram relativamente muito poucos, começámos a nossa investigação mais ou menos de acordo com o ano de nascimento dos combatentes já divulgados.

 

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Monumento aos Combatentes da Grande Guerra

Fonte: Foto publicada na página www.momentosdehistoria.com de Carlos Alves Lopes

 

Fomos ao livro de Batismos da freguesia de São Miguel de Outeiro Seco, referente ao ano de 1892. Aí verificámos o seguinte:

Assento nº.11 do livro de batismos da Freguesia de São Miguel de Outeiro Seco ano de 1892.

Aos vinte e um dia do mês de Agosto do ano de mil oitocentos e noventa e dois, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Albino, que nasceu as 8 horas da manhã do dia 16 de Agosto, filho legítimo de João de Carvalho e de Maria Silvana, jornaleiros e moradores nesta freguesia, neto paterno de Luís Batista e de Maria de Carvalho, e materno de António Pereira e de Silvana Emília. Foi seu padrinho Domingos Diogo.

O Encomendado António Gonçalves Amaro.

 

Como todas as crianças daquele tempo, o Albino passou a sua juventude na aldeia de Outeiro Seco. Em 2 de Abril de 1911, já com 19 anos, fica órfão de pai. Passados uns tempos, o Albino vai cumprir os seus deveres militares.

 

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Publicação do Ministério da Guerra – Relação dos Militares Portugueses sepultados nos Cemitérios de Richebourg l’Avoué, Boulogne s/Mer e Antuérpia – Lisboa, 1937

 

Fomos até ao Arquivo Militar à procura de encontrar o Boletim do CEP referente ao Albino de Carvalho.

No seu Boletim verificámos que o Albino de Carvalho, fazia parte do Regimento de Infantaria nº 30 de Bragança, 1º. Batalhão ao qual correspondia a placa de identificação nº 62765, era o soldado nº. 929 da 1ª. Companhia. O seu estado civil era solteiro, filho de João de Carvalho (já falecido) e de Maria Silvana, natural de Outeiro Seco do concelho de Chaves.

Embarcou no cais de Alcântara em Lisboa, com destino a Brest, no dia 9 de Setembro de 1917 e faleceu em 6 de Março de 1918. Esteve na frente de batalha, mas já não combateu na célebre batalha de La Lys.

 

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Publicação do Ministério da Guerra – Relação dos Militares Portugueses sepultados nos Cemitérios de Richebourg l’Avoué, Boulogne s/Mer e Antuérpia – Lisboa, 1937

 

Na parte das observações do seu boletim podemos verificar o seguinte:

Que foi colocado no 1º. Batalhão de Infantaria nº. 3 em 22 de Novembro de 1917, baixa à ambulância CHº. 3 em 14 de Janeiro de 1918, evacuado para o 3 canadiano Hospital em 15 do mesmo mês. Julgado incapaz de todo o serviço e de auferir os meios de subsistência em sessão de 2 de Março. Alta em 4 de Março, seguindo no mesmo dia para Q. G. afim de ser repatriado.

Faleceu no Hospital marítimo de Brest, em 6 de Março de 1918, de tuberculose pulmonar sendo sepultado no cemitério, coval nº19 - 2ª. Fileira quadrado nº54.

 

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Publicação do Ministério da Guerra – Relação dos Militares Portugueses sepultados nos Cemitérios de Richebourg l’Avoué, Boulogne s/Mer e Antuérpia – Lisboa, 1937

 

Isto é o que consta no seu Boletim do CEP, mas no livro de soldados sepultados em França onde se encontra o registo do Albino de Carvalho com nº de Ordem 274, soldado com a placa nº 62765, pertencente a unidade territorial do CEP Inf.3, data da morte 6/03/918, talhão D, fila 17, coval 6, isto para se evitarem algumas dúvidas.

 

Passados 6 meses do seu falecimento era dado conhecimento à sua mãe. Como o amigo leitor pode verificar através da correspondência enviada para o Regedor da Freguesia de Outeiro Seco.

 

Ofº. Nº204

 

Serviço da República Portuguesa

Ao Cidadão Regedor da Freguesia

de Outeiro Seco

 

Queira dar conhecimento à família do soldado nº929,

Albino de Carvalho filho João de Carvalho e Maria

Silvana dessa freguesia, que o referido soldado faleceu

em França de tuberculose pulmonar.

 

Saúde e Fraternidade

Chaves 20 de Setembro de 1918

O Adm. do Concelho

 

 Já em Março de 1922 era enviado para o Regedor da Freguesia, um novo ofício.

 

Ofº. Nº95

 

Serviço da República Portuguesa

Ao Cidadão Regedor da Freguesia

de Outeiro Seco

                                           

Queira V. Exª. Intimar a comparecer nesta Administração

No mais curto espaço de tempo possível, Maria Silvana

Residente nessa freguesia afim de assinar o impresso para

receber a quantia de 6$08, espólio do soldado que foi da

1ª. Companhia de Infantaria 10 – Albino de Carvalho

falecido em França.

 

Saúde e Fraternidade

Chaves 21 de Março de 1922

O Adm. do Concelho

  

Caros amigos, assim, mais um combatente chega ao conhecimento dos outeiro secanos, mas por sorte ou mera coincidência, o Albino de Carvalho completa 100 anos do seu falecimento em 06/03/2018 ou seja, hoje, à data da nossa publicação. Talvez seja esta uma forma de lhe prestar uma singela homenagem.

 

João Jacinto

Consulta:

Livro batismos da freguesia de Outeiro Seco

Arquivo Militar

Livro de Sepultados em França

Expediente da Câmara Municipal de Chaves

Listagens de Genealogia

Informações orais

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Quarta-feira, 28 de Fevereiro de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Filipe da Ascensão (Ranheta)"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

  

Na continuação da nossa divulgação dos combatentes da Grande Guerra, referentes à aldeia de Outeiro Seco, hoje será a vez do soldado Filipe da Ascensão, mais conhecido na aldeia pela alcunha: “O Ranheta”.

 

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Talvez o amigo leitor não saiba que o Filipe da Ascensão não era filho natural de Outeiro Seco, mas sim outeiro secano por adoção. Afim de evitarmos maus juízos, amigo leitor, vamos verificar o seu assento de batismo que nos diz o seguinte:

Assento nº. 41 do Livro de batismos da Freguesia de Santo Estevão e referente ao ano de 1893.

Aos quinze dias do mês de Outubro do ano de mil oitocentos e noventa e três, na capela de Nossa Senhora das Neves do lugar de Vila Verde desta freguesia de Santo Estevão, concelho de Chaves, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino, a quem dei o nome de Filipe

Que nasceu às nove horas da noite, filho legítimo de Bernardino da Ascensão natural do lugar de Dadim, freguesia de São João da Castanheira, e de Maria Rodrigues natural de Vila Verde, jornaleiros, neto paterno de António Carneiro e de Alexandrina Rosa, e materno de Jerónimo Rodrigues e Joana Maria, foram seus padrinhos José Teixeira, Soldado da Guarda Fiscal, e sua mulher Maria Vieira da Silva.

O abade Francisco Pires de Morais.

 

Desde muito jovem, o Filipe veio para Outeiro Seco trabalhar para a família Montalvão como jornaleiro. Seria em Outeiro Seco que mais tarde iria iniciar a sua vida. Cedo começa o namorico com a Júlia Correia Branco, esta natural de São Tiago de Vilarelho da Raia, era serviçal (criada) da família Montalvão.

 

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 Fotograma de filme propriedade da família Montalvão Cunha gentilmente cedido por Luís Montalvão

 

O Filipe iniciou o cumprimento dos seus deveres militares no ano de 1916 e será nesse mesmo ano, no dia 28 de Dezembro, que casa com Júlia Branco, mas a jovem Júlia só tinha 17 anos de idade, pelo que foi necessário o consentimento dos pais da noiva.

 

Realizado o casamento, o casal passa a viver perto do Solar dos Montalvões, numa pequena casa na Rua de Santa Rita ao lado da casa da senhora Delfina, também esta natural de Vilarelho da Raia.

 

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 Fotograma de filme propriedade da família Montalvão Cunha gentilmente cedido por Luís Montalvão

 

O Filipe continua no cumprimento dos seus deveres militares. Podemos dizer que ainda estava casado de fresco e era mobilizado para combater em França. Assim o Filipe (Ranheta), no dia 23 de Maio de 1917, embarcava no cais de Alcântara, com destino a Brest, e daí para a frente de combate. Deixava para trás a sua jovem esposa com a idade de 18 anos, recém-casada e grávida de dois meses.

 

As notícias, quer de uma parte quer de outra, são muito poucas. O tempo passa não há notícias do marido, Filipe também não recebe notícias da sua Júlia. São decorridos 6 meses da partida do marido. Estávamos no mês de Novembro, Júlia completava o tempo da sua gravidez e no dia 17 de Novembro dava à luz um jovem do sexo masculino a quem seria dado o nome de Filipe.

 

O marido lá longe nada sabia, as notícias eram muito morosas. Seria este recém-nascido a felicidade daquela jovem mãe, mas talvez por azar do destino, essa felicidade viria a transformar-se em tristeza. No dia 27 de Novembro de 1917, pela 1 hora da tarde, o Filipe (filho) acabaria por falecer com apenas 10 dias de vida e toda a felicidade daquela jovem mãe desaparece como uma golfada de fumo.

 

O marido na frente de combate desconhece a sorte do seu filho e da sua esposa. A mágoa toma conta daquela jovem mãe. Foi o único filho do casal, ambos faleceram sem deixar descendentes.

 

Vamos agora, meus amigos, falar do combatente Filipe da Ascensão (Ranheta). Na nossa investigação verificámos o Boletim do CEP, assim como várias listagens, onde apurámos que se encontrava na freguesia de Santo Estevão.

 

No seu Boletim do CEP consta o seguinte:

Era soldado do Regimento de Infantaria 19, pertencia à 1ª. Companhia do 2º. Batalhão e ao 2ª. Depósito de Infantaria sendo o soldado nº 542, correspondendo-lhe a placa identificativa nº 64248, era casado com Júlia Correia Branco, e filho de Bernardino da Ascensão e de Maria Rodrigues, natural de Vila Verde de Santo Estevão, embarcou no cais de Alcântara, no dia 23 de Maio de 1917 com destino a Brest. Foi colocado na frente de combate no 4º Batalhão de Morteiros Ligeiros, em 24 de Julho de 1917.

Depois foi colocado no 1º Batalhão de Metralhadoras Ligeiras em 6 de Novembro de 1917.

Toma parte na célebre batalha de La Lys. Pela ordem de Serviço 13.1 afim de ser aumentado ao efetivo do B. em 6/11/1918.

Foi repatriado com a unidade no navio “Ovita” em 13 de Fevereiro de 1919. Desembarcou em Lisboa no cais de Alcântara em 16 de Fevereiro de 1919.

Regressou a Outeiro Seco são e salvo com pequenas mazelas que o iriam acompanhar durante toda a vida.

 

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Foi na sua aldeia adotiva que o Filipe iniciou a sua nova vida, juntamente com a sua esposa, dedicando-se à agricultura e a umas jornas que iam aparecendo.

 

Quem conheceu o Filipe Ranheta só pode ter boas recordações, era uma pessoa pândega, gostava da brincadeira. Eu fui um dos afortunados, pois ainda o conheci. Foi o único combatente que conheci. Dele recordo o cantar dos Reis à sua porta. Por altura das matanças mandavam-me a casa dele com um saco. Quando chegava pedia-lhe as pedras para lavar o porco. Uns meses antes do carnaval dizia à garotada da aldeia “Tenho lá o arranca-pinheiros”, “Tenho lá o salta-paredes”, “Tenho lá o arrasa-montanhas”, e toda a garotada tinha medo. Dizia que já tinham comido “X” quilos de batatas e carne e lá ficávamos à espera do dia de Carnaval para ver.

 

Toda esta vida de martírio e nada fácil para o Filipe Ranheta, acabaria no dia 4 de Agosto de 1970. Terminava assim a saga de mais um combatente da Grande Guerra.

 

João Jacinto

 

 

Consulta:

Arquivo Militar

Listagens de genealogia

Livro Batismos de Santo Estevão

Livros de Outeiro Seco

Informações orais

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Quarta-feira, 21 de Fevereiro de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Abel Ramos Agrela"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

  

Caros amigos, na continuação do nosso trabalho e referente a mais um combatente da aldeia de Outeiro Seco na Grande Guerra, hoje será a vez de Abel Ramos Agrela.

 

Relativamente a este Outeiro Secano começámos a nossa investigação no Arquivo Militar à procura do seu Boletim do CEP, também procurámos em várias listagens, mas referências ao Abel Agrela, nada conseguimos. Como se costuma dizer, nem rastos.

 

Na aldeia de Outeiro Seco, por averiguações feitas há anos, e informações recolhidas, apenas nos falavam no Abel Agrela, era assim que ele era conhecido. Através dessas mesmas pessoas recebemos a informação de que o Abel Ramos Agrela foi soldado do Regimento de Infantaria 19 e que foi mobilizado para combater em França, só regressando em finais de 1918. Segundo estas indicações esteve na frente de combate, assim como na célebre Batalha de La Lys.

 

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Por lá passou as passas do Algarve, juntamente com outros combatentes regressou à sua terra natal são e salvo, apenas com umas pequenas mazelas. Tomámos a iniciativa de ir mais longe, para assim tentarmos saber mais sobre este Outeiro Secano.

 

Feitas as nossas contas do costume, fomos á procura do livro de batismos da freguesia de Outeiro Seco. Consultámos o Assento nº.23, do ano de 1891, que nos diz o seguinte:

Aos trinta e um dia do mês de Dezembro do ano de mil oitocentos e noventa e um, nesta igreja paroquial de São Miguel de Outeiro Sêco, concelho de Chaves, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Abel, que nasceu neste lugar no dia vinte e quatro de Dezembro, filho legítimo de José Ramos Agrela, jornaleiro desta freguesia e de Umbelina Rosa, natural do lugar de Curral de Vacas, freguesia de  Águas Frias, neto paterno de Sebastião Agrela e de Maria Rita, materno de José Mateus e de Teresa de Jesus. Foram seus padrinhos António Pereira do Rio e Maria de Jesus.

Padre António Gonçalves Amaro.

 

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Tentámos ainda localizar o local onde o Abel viveu a sua juventude, mas não tivemos certezas, apenas nos foi dito ou indicado o Bairro da Senhora do Rosário.

 

Passados cinco anos do seu regresso da Guerra, o Abel lança-se numa nova aventura, talvez à procura de uma vida melhor. A 25 de Fevereiro de 1924 embarca com destino à Argentina.  Não conseguimos descobrir o tempo que por lá esteve, nem quando regressou à sua terra natal. Soubemos que viveu alguns anos, até ao seu falecimento, num pequeno casebre em pedra, ao lado da casa do Firmino Caneco, ou seja, perto da casa do Eliseu André. 

 

Verificámos no seu registo de batismo apenas um averbamento, o do seu falecimento, no dia 22 de Abril de 1958, com a idade de 67 anos, com estado civil de solteiro. E assim terminava no ano de 1958 o percurso de mais um combatente da Grande Guerra.

  

João Jacinto

 

Consulta:

Arquivo Militar

Listagens de Genealogia

Arquivo Distrital Vila Real

Livro de Batismos da Freguesia de Outeiro Seco

Informações verbais de habitantes de Outeiro Seco

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Sexta-feira, 14 de Abril de 2017

Os teus 98 anos

 

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 OS TEUS 98 ANOS

 

Se não tivesses partido, se fosses ainda vivo, pai Eustáquio, completarias hoje 98 anos de vida. Foi tão pouco o tempo que te separou deste dia, apenas três meses, três meses (incompletos), que fizeram toda a diferença. Resolveste descansar. Pensei que chegasses mais longe. Fiz projetos. Pensei em mil e uma coisa, para te agradar sempre. Que te fizesse feliz. Estavas bem. Nada fazia prever que nos ias deixar. A não ser a tua idade de 98 anos. Mas cheios de lucidez. Tempos atrás contavas-nos histórias à lareira, recordações de outros tempos.

 

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E foi por tão escasso tempo. Não calculas pai a alegria que me dava dizer-te, como foste importante na minha vida. Aliás, sempre to disse. Atualmente eras tu o único alicerce da família. O único pilar ainda de pé. O elo a ligar ao passado o nome da nossa família. Composta hoje por elementos, mais novos, mas que sem se aperceberem estão a envelhecer. Fazes-me muita falta, pai Eustáquio. Resta-me a consolação de teres sido avô do Sandro, do Nuno e da Filipa, que te adoravam.

 

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E ainda de uns maravilhosos sobrinhos-netos, que te visitaram no ano de 2014, embora distantes, acompanhados dos seus pais, o Alexandre, o Alan e o Aristides. Eram netos da tua irmã Maria, por quem tu tinhas a maior admiração, escondi sempre de ti o seu falecimento, para não te magoar. Porque sei que adoravas a tua irmã. Além de te visitarem para te conhecer, gostaram de ti, e continuam a gostar.

 

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Como eu. Não tenho palavras para dizer-te, que o dia de hoje, foi um dia triste, muito triste para mim. Lembrei-me de ti muitas vezes. Perguntar-te se foste feliz, não creio ser necessário. Sei de mais da tua vida, tu sabes. Estive sempre do teu lado. Foste o último a partir. Coube-te a ti conhecer os vindouros, os que conheceste. Nas suas veias corre-lhe o teu sangue. Têm o teu apelido. O nome da família. Gostaria de te ter oferecido um bolo com 98 velas. Este que te deixo não chega a tanto. Que sirva para iluminar o teu caminho até chegares junto de Deus. Se por acaso já lá estiveres, dá um beijo à mãe Bidade. Lembra-te da nossa família. E de mim. Tantas vezes falamos como seria depois. Agora já sabes. Eu ainda não. Mas que esse depois seja melhor, muito melhor do que este mundo em que fiquei. Deixo-te apenas uma flor pai Eustáquio.

 

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Teu filho

Isaac

 

Nota: Fotografias propriedade de Isaac Dias

 

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Quarta-feira, 20 de Julho de 2016

Outros Olhares - Vítor Afonso - "Já há bago! - Quem mais tem?" - Outeiro Seco - Chaves - Portugal

 

Fotos de dia 14 de Julho.

 

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Para colaborar, envie os seus olhares para jhumbertoferreira@sapo.pt. Obrigado. Berto

 

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Quarta-feira, 16 de Março de 2016

Contributos - Sr. João Jacinto - "Salada de merugens ou moruges"

 

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Hoje as minhas memórias de infância, não sei porque motivo, trazem-me à lembrança uma velha recordação dos anos chuvosos em Outeiro Seco.

 

Sendo estes anos chuvosos propícios ao desenvolvimento de este tipo planta: as merugens, pois necessitam de grande quantidade de água corrente.

 

Esta planta é comestível, mas tem um período de vida muito curto.

 

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Dá-se muito bem nas bordas dos ribeiros, nas valas (abertas) dos lameiros, onde outrora corriam águas límpidas e cristalinas, pelo que nos dias de hoje será difícil de encontrar. São minúsculas plantas que formam um autêntico tapete flutuante sobre as correntes de água.

 

Quando se detetava um local onde a planta em causa aparecia, pegava-se numa tesoira e uma saca, e procedia-se ao corte, era uma operação muito cuidadosa, tinham de ser cortadas logo a seguir as folhas, ou não se podiam comer, pois ficavam com um sabor amargo, e por norma tinham de ser de água corrente e não parada.

 

Feita esta operação, chegava-se a casa e procedia-se à sua lavagem em várias águas. Depois eram colocadas em uma travessa temperadas com sal grosso bastante azeite e vinagre. Um verdadeiro manjar dos Deuses.

 

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No mês de Fevereiro e parte de Março, era a fase em que se comiam. Pois segundo aquilo que diziam as pessoas de idade, depois do Cuco chegar já não prestavam, porque o cuco cagava nelas.

 

Ou seja, esta planta tem um ciclo muito curto e logo que aparecem os primeiros calores de Março, começam a florir e deixam de ter valor comestível.

 

Espero que desfrutem de um bom prato de merugens, mas em Outeiro Seco hoje não sei onde será possível descobrir tal manjar da forma como grassa para aqueles lados a poluição, mas se encontrarem aproveitem, não perdem nada.

 

 

João Jacinto

 

Publicado por Humberto Ferreira às 00:05

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Sábado, 5 de Setembro de 2015

Contributos - Sr. Luís Fernandes - “GUILHOTINA?!”

 

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“GUILHOTINA?!”

 

 

Até parece que PENSIONISTAS e REFORMADOS é que são culpados dos Roubos que os governantes (e afins) têm andado a fazer nesta "Idade Média-Mediocrática, a que besuntada e babosamente os larápios (e seus afins) dão o nome da «jovem democracia portuguesa; das corrupções com que os Portugueses têm sido empobrecidos, tais como BPN, BES, «Submarinos», Privatizações, perdões fiscais, Fundações, PPP’s, Avenças e Consultorias, e de até o próprio ESTADO (é assim, com o palavrão, que primeiros-ministros e presidentezecos da República «desorientam» os pobres «tugas», que, coitados, na sua maioria ficam paralisados, conformados com tão estranha abstracção de “Estado”!

 

O palavrão tem dado imenso jeito para que os patifes, principalmente os que chegaram na última invasão  -    a saber, capitaneados pelo «pelintra de Boliqueime», um tal «sr. Silva» e orientados em operações especiais pelo Pedro das docas e o Paulinho das feiras, muito bem aconselhados por dois grandes estupores: o Gaspar, primeiro, e a Albuquerque, agora!   -   ganhem tempo para completar o saque total!

 

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Imagem localizada em:

http://arnobiorocha.com.br/2012/04/24/crise-2-0-a-guilhotina/

 

 

Esta albuqerque deve ter um ódio de morte ao pai e à mãe, aos avôs e avós, e, até, aos padrinhos de baptismo!

 

Bem, não será ao pai e à mãe, aos avós e avós, aos padrinhos de baptismo DELA, mas será aos de todas as outras Famílias fora dos elementos da sua quadrilha (de interesses) política.

 

Será preciso tirar a ferrugem à Guilhotina?!

 

 

M., 26 de Maio de 2015

Luís Henrique Fernandes

 

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Sábado, 15 de Agosto de 2015

Contributos - Sr. Luís Fernandes - “SEVANDIJAS!”

 

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“SEVANDIJAS!”

 

Agosto de 2015.

Dia 8.

 

O Dr. Mário Esteves acaba de editar no “Facebook” umas fotografias a mostrarem a flagrante, indecente e vergonhosa poluição do Rio Tâmega, mesmo no coração da cidade.

 

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Fotografias de Mário Esteves, publicadas no Facebook

 

Humberto Ferreira anda há anos a demonstrar a malvadez, os maus instintos e a imbecilidade desse dos dois últimos presidentes da Câmara Municipal de CHAVES   - João Baptista e Tonho Cabeleira.

 

Nunca fizeram nada de jeito pelo Município e pelos Munícipes.

 

Antes pelo contrário, o tempo que ocuparam como edis, quer na vereação quer na presidência municipais só tiveram habilidade para engrampar os flavienses, fazendo uns «favorzinhos» ou «favorzecos», arranjando uns «tachitos», sobrelotando o corpo de funcionários municipais, criando agremiações-base do seu sustento político, e exercendo ridículas quão covardes vingançazinhas sobre simpatizantes e militantes de outros Partidos políticos ou sobre cidadãos que apenas exerciam, e exercem, o seu direito de expressão e à liberdade de pensamento.

 

Francamente! Tanta covardia e tanta «filha-da-putice» nunca pensei que fosse possível em Transmontanos, em Normando-Tameganos, em Flavienses!

 

Esse Executivo Flaviense não sabe o que é o respeito!

 

Nem pelas pessoas, nem pela «cidade»!

 

Diplomados, não passam de uma quadrilha de ignorantes e de pantomineiros!

 

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Esgotos provenientes dos parques empresariais em Outeiro Seco, lançados pela CMChaves às linhas de água que desaguam no Rio Tâmega (Foto de 09082015)

 

Atentem nos fantasiosos e hipócritas programas que pomposamente apresentam, dia sim dia-sim, nos Jornais e nas Têvês, locais e Regionais.

 

Que desplante!

 

Que desfaçatez!

 

O Tonho Cabeleira anda louco varrido por se ver em fotografias com ar de Marcelo Caetano (desculpando a ofensa da comparação ao distinto Professor de Direito)!

 

Há dias, num certo País da EU os populares atiraram para dentro de um contentor do lixo um político menos badalhoco que o «pavão de Castelões».

 

Não há aí por CHAVES quem pegue nesse traste pelo cu das calças e atire com ele ao rio, aí mesmo junto à Ponte Romana, ou o obrigue a tomar uma banhoca nos riachos de Outeiro Seco?

 

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Há mais de 8 anos que a CMChaves mantem esta prática de poluição sem que nada seja feito (Foto de 09082015)

 

De Vila Vede da Raia até Curalha, pelo menos (para não falar da «Praia de Vidago») não se podia fazer do Rio um orgulhoso motivo de interesse Flaviense?!

 

Porra! Porra! Porra!

 

Até eu que sou um santo (de pau carunchoso, ‘stá bem!) sou obrigado a pecar com «coza-se» e –carValhos”, sempre que assisto a bestialidades como esta, feitas na MINHA, na NOSSA TERRA!

 

Pomb(ut)a que pariu esses escroques!

 

Sevandijas!

 

 

M., 08 de Agosto de 2015

Luís Henrique Fernandes

 

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Segunda-feira, 3 de Agosto de 2015

Contributos - Laura Freire - “Presente”

 

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Presente

 

Dádiva que nos deixaste…

 

Sacrifício de um Povo…

 

Suor de vidas pisadas…

 

Oferenda de história e estórias…

 

Imponente, majestosa…

 

De beleza pungente…

 

Cheia de orgulho por seres única,

 

E teres em ti o nosso passado…

 

Guardado…

 

Destinado a zelar por nós

 

E seres mais um pedaço de

 

Narrativa guiada ao,

 

Presente

 

Laura Freire

 

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Sábado, 1 de Agosto de 2015

Contributos - Sr. Luís Fernandes - “SPORT”

 

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“S P O R T”

 

 

Falta-lhe «O LARGO DAS FREIRAS»!

 

Falta-lhe aquele brinquinho da cidade onde, antes, a água combinava com os canteiros sempre floridos, e as árvores dissimulavam sinais de compadrio, de atrevimento, de compromisso, e os bancos eram sala de estudo ao ar livre, escondendo da mentira a verdade do enamoramento, e onde os caloiritos púberes corriam ao «vê se me agarras», gritando alegrias antecipadas de futuras conquistas.

 

Na «Esquina do Lopes», os marmanjolas já entradotes na idade «metiam-se» com o Lopes, incitando-o a matrimoniar-se. E o Lopes desabafava com a graça que se lhe conhecia:

- «Que remédio lá terei que ter! Até aqui na minha porta está escrito: CASA LOPES!

 

Nas Quartas-feiras, Dia de Feira, era uma enchente de gente a chegar aos CORREIOS.

 

E lá estava, qual adivinho, aquele estudante «galifeu» sempre pronto a dar uma ajuda a fazer uma direcção, a saber quanto custava o selo para o Brasil ou a América, ou como ir à «Posta Restante».

 

Os Carteiros “eram (quase) todos bons rapazes”; as meninas e senhoritas bondosas e cheiinhas de simpatia.

 

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(1)

 

Vá-se ao que se vá a Chaves, a Rua de Stº. António é um lugar de passagem obrigatório.

 

Suba-se ou desça-se, os olhos olham e a curiosidade morre de fartura.

 

Os olhos olham e as pessoas mostram-se.

 

Hoje, o "Sport", tal como o "Arrabalde" (esquina do Mocho e da Casa do Dr. Alcino; Largo e gradeamento do Quiosque) é o arraial de basbaques; de «armadilhas» quando em grupo: de "cheios- de – razão – não - tendo – nenhuma”; de «sornas», pedantemente instalados entre meia dúzia de clientes, habituais ou de ocasião, que realmente dá ao lugar o estatuto de Sala - de - estar da cidade.

 

Em decaimento, pouco falta ao "Sport" para se tornar em mais um lugar «rasca», de uma Cidade à rasca, pois cada vez mais a estão a pôr mais rasca.

 

O «Ibéria, o «Jorge», o Geraldes, o «Cabeco», a «Dorinha, o «Mondariz», o «Aurora», o «Central, o «Brasil», o «Pàraketo», etc.,etc., tinham mais «identidade» do que os «panikes», os «pão-quente-a-qualquer-hora»; os «snack's» e outros que tais que por aí abundam às três pancadas.

 

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(2)

 

E o «SPORT», como símbolo de ágora e de miradouro, está estragado pelo que lhe falta na envolvência e pela decrepitude de rotinas.

 

Outrora, o “SPORT” foi uma taberna onde os «homes» preparavam o ânimo para a caminhada, já pelo escuro do dia, que os levaria a mais dois ou três “apeadeiros”, antes que o escuro da noite já estivesse do lado de lá da fronteira do dia seguinte.

 

Remodelou-se e passou a Café, a ponto de encontro e a sacada de rés – do – chão, de onde se debruça a atávica curiosidade dos que estão sempre à espera de quem passa, para lhes dar corda à imaginação e alimento às atenuantes para as suas frustrações; onde muitos se perdem a olhar, e a maioria se «apalanca» para se fazer notar.

 

Ao “SPORT” (e à cidade!) falta-lhe “as Freiras”!

 

 

M., 7 de Julho de 2009

Luís Henrique Fernandes

 

Notas:

(1) Bilhete Postal - Edição de Alberto Alves - Chaves

(2) Postal - Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - Porto

 

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Segunda-feira, 20 de Julho de 2015

Contributos - Laura Freire - “De nenhum”

 

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De nenhum,

Não me arrependo de um único momento.

 

Cada instante contigo foi uma bênção,

Nunca me cansei de ti.

 

Também não penso esquecer-te,

Seria abdicar de uma parte importante de mim.

 

Partilho a tua dor, o teu sofrimento,

Faço deles a minha âncora.

 

Tenho saudades tuas,

Agarro-me a elas para me manter viva.

 

Sinto falta do teu ombro, do teu peito,

Onde descansaram as minhas mãos.

 

Hoje, não te tenho, o vazio é imenso,

Como o espaço que nos separa.

 

Afinal, tinhas razão,

Eu também sofri, mas em silêncio.

 

Não me arrependo de um único momento,

De nenhum.

 

Laura Freire

 

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Sábado, 11 de Julho de 2015

Contributos - Sr. Luís Fernandes - “RAQUEL ... de Sto. Amaro”

 

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“RAQUEL”

   … de Stº Amaro-

 

Ali, na curva perigosa de SANTO AMARO, no ponto onde nasce a bifurcação para as CASAS-DOS-MONTES, havia a oficina de sapateiro do “Giestas”.

 

Era um lugar de parada dos que iam e dos que vinham da cidade, depois de precisarem de pôr umas tachas nas socas ou nos socos, pôr uns protectores nas biqueiras ou nos calcanhares dos sapatos ou nas botas de sola, segurar a fivela de uma alpergata ou de uma carteira de senhora.

 

Nos socos e nas socas também se usavam umas tiras protectoras, de borracha, aproveitadas dos pneus velhos, para aumentar o tempo de uso dos mesmos.

 

Era um ponto onde se deixava um recado para ser entregue a uma pessoa de outra aldeia; era o ponto onde se coscuvilhava um «cibito» e, tirando nabos da púcara, se sabiam umas “noβidades”, ora interessantes ora picantes   -   sacramentais ou excomungadas.

 

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 (1)

 

Na esquina da ladeira para a Capela ficava mesmo a calhar a Barbearia do Alcino.

 

Do lado de lá da rua era o correr de duas ou três «Tascas», onde os homens chegados às portas de dentro da cidade faziam a milagrosa benzedura vínica da sua garganta e da inspiração para o negócio que lá os levava, especialmente às Quartas-feiras, Dia de Feira.

 

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 (2)

 

A Ponte do Comboio, de Santo Amaro, embora em território da cidade, causava sempre a todos que por baixo dela passavam aquela sensação que se tem quando se vai da rua para o adro, da sacristia para a igreja, ou quando se entra no consultório do «senhor doutor».

 

Agora, deitaram-na abaixo. E do jugo romano nem lembrança há.

 

Logo à frente, do lado esquerdo de quem seguia para a Quinta da Fraga, havia o Campo de Futebol do FLÁVIA.

 

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 (2)

 

Um pouco mais adiante começava a subida para o Bairro típico das Casas-dos-Montes.

 

Neste, tudo era castiço. Os nomes, apelidos e cognomes das pessoas. As três Tabernas: a da Capela, a do PàraQueto e a do Branco. O Giestal: campo da bola e de recreio. O bairro Silvano Roque. O Olmo, no centro do pequeno Largo, junto à Capela. A casa da Pita Choca. Os baixos onde morava a «Laika». Na casa a fazer esquina com a rua para o Pedrete moravam os Tapiços. Na que fazia esquina com a dos Aregos, «o africano», dono da “Pensão Jaime”. Ao lado desta, as varandas floridas do sr. Júlio, «contínuo» da Escola Comercial; frente a esta, a do Tótó Neves, «contínuo» do Liceu.

 

O Kika, o Fediola, o Vermelhinho, o «’Strag’àtábua», o Regredo e o Fernando Piroleco eram figuras centrais do Bairro.

 

Próximo da Capela, na rua que vai para a fonte, a Barbearia do Zeca Peneda, especialmente concorrida nas noites de sábado, a fazer lembrar os areópagos atenienses   -   só que o tema de com que cidade se iria fazer a guerra ou se ajuizava das estratégias de Péricles era substituído pela análise dos ares que vinham da Galiza, da corrente dos ventos, da fase da Lua, da invasão do escaravelho da batata, do míldio na vinha, ou do preço das peles de coelho, de cabrito, de cordeiro ou de raposa.

 

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 (2)

 

Nos dias de maior invernia, o Monte da Forca, ali ao cimo do apeadeiro da Fonte Nova, fazia lembrar o Monte dos Vendavais: a pequena floresta de pinheiros atraía a chuva mais tempestuosa, o vento mais violento e os relâmpagos e trovões mais estrondosos.

 

Mas no tempo quente concedia uma rica sombra fresquinha, ao Lelo e ao João da Tia Olinda, mai-lo Neto da Tia São que, desde «a cidade» aí se deslocavam para o almoço   - não, que se tinha que se chegar a tempo e horas à oficina e às aulas!

 

A Fonte Nova era o mais célebre Apeadeiro das Partidas e das Chegadas que há no mundo!

 

O comboio, desde aí, deslizava em bitola de saudade, na Partida; e na de palpitante alegria, no Regresso.

 

Ao cimo da Azenha do Agapito, o rio era atravessado numa barca para o lado da «Freciana». A Ponte Nova, afundou a barca. No «Poço» continuou a aprendizagem da arte de bem mergulhar e «caçar» peixes debaixo dos rebolos, e, a seguir à “presa”, as lavadeiras punham à cora a roupa que esforçadamente lavavam.

 

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 (2)

 

Os mais gandulos afincavam-se na pesca de trutas e enguias, mal as pressentissem.

 

Aí, à Fonte Nova, chegava a recta de Santo Amaro, já dita «Estrada de Braga», onde os Minis e os «Cupers» (Coopers), depois de uma curva bem feita, ou de um ou dois piões na Curva de Santo Amaro, onde se desviavam da entrada para a apertada curva que antecedia a «Ponte do Comboio», roncavam até mais não, com a ambição de baterem o recorde mundial de velocidade!

 

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 (2)

 

Chegou o tempo das “Avenidas Novas”. A cidade conservou as ruas e os Jardins. Continuou linda e interessante.

 

Invadiu-a o cimento armado.

 

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 (2)

 

Os Pássaros e as Pombas assustaram-se. Tal como os Gatos e as Gatas, abandonaram as ruas, a margem do Ribelas e os pombais.

 

Para não se lhes notar tanto as carrancas das suas trombas, os noitibós e os pavões atacados por ornitose, destruíram os canteiros floridos e as árvores frondosas da cidade   -   a mando das Lojas de conveniência, ergueram altares de betão e construíram jangadas de pedra para se navegar em leito seco.

 

De SANTO AMARO antigo ainda restam as ruínas do casario e da ponte DO Ribelas, a Escola Primária e a ladeira para a Capela.

 

Pelo ar ainda ecoa o trinado da voz de sonho da RAQUEL!...

 

M.,, 20 de Julho de 2012

Luís Henrique Fernandes

 

Notas:

(1) Postal da Tipografia e Papelaria Mesquita - Chaves

(2) Propriedade e detenção dos direitos de autor - Humberto Ferreira

 

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Segunda-feira, 6 de Julho de 2015

Contributos - Laura Freire - “Não queres que seja feliz?”

 

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Não queres que seja feliz?

 

Quantas vezes esperas que tudo se repita?

 

Quantas vezes pudeste dizer que encontraste quem esperavas?

 

Quantas vezes pudeste sentir que tudo à tua volta se harmonizou de forma a criar o momento perfeito?

 

Quantas vezes pudeste dizer que tens aquilo que todos procuram?

 

Quantas vezes pudeste sentir, em cada instante, o silêncio e a tranquilidade que tanto ansiavas?

 

Quantas vezes pudeste dizer que recebeste as singelas carícias que só tu podes sentir?

 

Quantas vezes esperas que tudo se repita?

 

Não queres que seja feliz?

 

Laura Freire

 

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Domingo, 5 de Julho de 2015

Outros Olhares - Vítor Afonso - "Estão quase maduras!" - Outeiro Seco - Chaves - Portugal

 

Fotos de 2 de Julho de 2015.

 

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Para colaborar, envie os seus olhares para jhumbertoferreira@sapo.pt. Obrigado. Berto

 

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Sexta-feira, 3 de Julho de 2015

Outros Olhares - Vítor Afonso - "Já há bago! - Quem mais tem?" - Outeiro Seco - Chaves - Portugal

 

A foto é de dia 30 de Junho.

 

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Para colaborar, envie os seus olhares para jhumbertoferreira@sapo.pt. Obrigado. Berto

 

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Sábado, 6 de Junho de 2015

Contributos - Sr. Luís Fernandes - “DIA e NOITE”

 

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“DIA e NOITE”

 

                                                                                                               “Ter de viver com a perda do amor

         é

                                                                                          um dos desesperos mais profundos

     do ser humano”

 

 

O coração ficou-lhe tão pequenino como o de um passarinho.

 

Há tantos anos!...

 

Aquela sombra; não, aquele vulto; não, aquele fantasma; não, aquela nuvem, leve, ligeira …. sombra, vulto, fantasma, nuvem aparecidas num relance repentino surpreenderam-no.

 

Não!

 

Não podia ser!

 

Não podia ser verdade!

 

Mas aquele cabelo. Aquele rosto, de perfil, aquele andar, aquelas mãos….

 

Não!

 

Não era verdade!

 

A eterna saudade, dolorosamente sentida em cada dia e em cada noite, construía fantasmas para lhe aumentar o tormento.

 

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Olhou.

 

Voltou a olhar.

 

Queria ter a certeza…mais do que queria ver do que daquilo que via.

 

Fechou os olhos. Para ver se estava a sonhar acordado.

 

A imagem daquela com que as saudades o atormenta a toda a hora sentiu-a fixar-se, gravar-se, com mais profundidade no seu coração.

 

Angustiado, o peito encolheu-se-lhe todo.

 

A nuvem, o fantasma, o vulto, a sombra afastou-se com indiferença.

 

Logo dobrou a esquina da rua.

 

Ele não resistiu. Saiu em passo largo e espreitou a outra rua.

 

Durante uns momentos, embora tão breves pareceram-lhe uma eternidade, não viu, não lhe apareceu vivalma   - nem carros nem pessoas.

 

Ficou tão triste o céu daquela cidade!

 

 

M., 15 de Abril de 2015

Luís Henrique Fernandes

 

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Sábado, 23 de Maio de 2015

Contributos - Tupamaro - “Aviário e canalhário de CHAVES”

 

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A Câmara Municipal de Chaves

está transformada num aviário empestado,

num desavergonhado «canalhário»!

  

 

Às vezes, o cretino «pavão de Castelões» traz-me à lembrança a personalidade sinistra do nazi Albert Speer.

 

Tal como este, o “Tonho Cabeleira” revela não ter a mínima sensibilidade para a contradição entre «o que é» e «o que devia ser».

 

Deixa a Cidade e os cidadãos, por submetidos às loucuras, abusos e arbítrios dos «lisVoetas», entrarem em decadência; colabora nas tragédias de aviltamento do património; no desarranjo dos caminhos do progresso; e na negação e obstrução dos direitos da Cidade e dos cidadãos, e aparece constantemente a declarar, cínica e hipocritamente, sentimentos patrióticos (bairritas) verdadeiros que mais não são do que sentimentos inventados!

 

O «pavão de Castelões» é um indivíduo (falta-lhe ainda qualquer coisinha para ser “pessoa”) perverso: sabe comportar-se como se tivesse sentimentos!

 

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O contraste entre a beatitude dos seus gestos e palavras, quando na «oposição» autárquica e nas missões das campanhas eleitorais, e a malícia da sua postura, manhosa e vingativa, quer como vereador com pelouro, quer como cinzento-escuro (e obscuro) deputado, quer como actual presidente de Câmara Municipal, até nos levou a crer que a sua redonda paixão é passar por ser um “klausinho Barbiezinho”!

 

Tenho comigo bem presente a facilidade com que «bufos», salazarentos e fascistas se transferiram, no dia seguinte ao 25 de Abril/74, para «democratas»!

 

“Tipos” (personalidade) como a do “Tonho Cabeleira” (ou a de Cavaco, ou a de Passos Coelho, ou a de Portas) encontraram a chave para ultrapassar a sua impotência (a sua incompetência), sentida como falha pessoal insuportável, na identificação com o poder opressor, realizado nas políticas autárquicas (ou nacionais) do nepotismo, da degradação do património e do meio-ambiente; na diminuição dos Serviços Sociais; na desvalorização ou aniquilamento dos recursos naturais (muito mal disfarçadas com as «Feirinhas de Sabores e Saberes» replicadas e «clonezadas).

 

O «pavão de Castelões», desmiolado como é, sente-se o «anjo do juízo final» dos Flavienses.

 

Ao jurado e abjurado padre falso, do Ravegão, o “Baptista das Concertinas”, deve as demoníacas celestiais asas que o têm mantido a pairar no céu da politiquice!

 

Tendo aprendido bem com este seu mentor, o tal padre falso Baptista, O “Tonho Cabeleira”, sob o manto de santa seriedade (olhem p’ra ele quando fala … para um microfone ou câmara de Televisão!), comporta-se de uma forma manhosa e desonesta!

 

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Para não referir a última «aparição» acerca do custo da Água para Os de Montalegre e Os de Chaves, dou como exemplo a sua ladainha perante a criminosa pouca-vergonha e indecência que se passa com os atentados à Natureza e à Saúde Pública nos cursos de água de OUTEIRO SECO!

 

Beato falso, como o seu padre padrinho, reza com os mesmos lábios que usa para mentir.

 

Nos seus «discursos», o «pavão de Castelões» emprega as palavras em função do seu efeito, mas sem que tenham qualquer coisa a ver com o que se passas no seu íntimo.

 

Tal como seu mentor e «padrinho», só acredita em Deus sempre e quando quer dele alguma coisa!

 

Tartufo-tartufilho, aprendeu bem os truques e as manhas do tartufo arcipreste!

 

O ódio e a destrutividade que revela nas suas acções e omissões para com o Município e os Munícipes é aquilo que o faz sentir-se, a ele, vivo, e também uma manifestação da sua «veneração pela morte»!

 

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O cinismo perante os “Esgotos nas linhas de água em Vale Salgueiro - Outeiro Seco“, o indecente abandono do CASTELO de MONFORTE de RIO LIVRE; o desleixo pela CAPELA DA GRANGINHA, de OUTEIRO MACHADO ou o Castro de CURALHA; o imperdoável esquecimento do Açude; a covardia perante a roubalheira de Serviços essenciais à vida dos Flavienses, etc., etc., etc., dizem bem do medíocre que este marmanjo é!

 

Ah! A esse «pavão de Castelões» há-de chegar a hora de mudança de penas, e de tal maneira e feitio que o inferno e o purgatório juntos até lhe vão parecer um paraíso!

 

«Moco de pavo», não venha mais com falsas declarações de empenho, dedicação; com falsos juramentos de “Verdade – Trabalho – Competência” em prol da vida, serena, justa e feliz, dos Flavienses!

 

Se vivo fosse, o meu amigo Poquelin escreveria uma comédia ainda mais célebre e celebrada, com as personagens do «canalhário» da Câmara Municipal de Chaves, dos últimos anos!

 

M., 18 de Abril de 2015

Tupamaro

 

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