A Festa de Nossa Senhora da Azinheira de outrora
Quem nos últimos anos se deslocou a Outeiro Seco no dia 8 de Setembro, à risonha aldeia de Outeiro Seco, para assistir à imponente festividade que todos os anos ai se realiza em honra de N. Senhora da Azinheira, talvez não lhe passasse pela mente como seria a festa há algumas dezenas de anos.
Esta festa perde-se na penumbra dos tempos não se poderá dizer em que época, nem muito menos em que ano principiou. Mas deixando esses longínquos tempos. Vejamos como se realizava o arraial apenas há algumas dezenas de anos.
Na véspera do dia 8, relembrava-se o arraial que era a maior atracção e o mais concorrido de todas as aldeias à sua volta como ainda hoje continua a ser. Aí se juntavam centenas de pessoas não só portuguesas mas também da próxima província da Galiza.
Quase ao escurecer chegava à aldeia um ou dois gaiteiros, conforme o dinheiro que os mordomos tinham junto. O gaiteiro era formado geralmente por três músicos, tocando um o bombo os pratos, outro um clarinete e o terceiro, uma gaita-de-foles. Para o gaiteiro não existia o tocar bem, mas sim fazer muito barulho havendo contudo gaiteiros que tocavam bastante afinados dando credito a pessoas de idade avançada. À sua chegada toda a povoação se reunia no largo do tanque para os receber aparecendo em todos os rostos uma grande alegria.
Com um mordomo à frente, os gaiteiros percorriam todas as ruas da aldeia, sendo acompanhados pela garotada que não cabia em si de contente e soltavam de vezes em quando ruidosas vivas. Após a "ruada" como se diz na linguagem da aldeia o gaiteiro dirigia-se para o local do arraial.
Não se julgue ser o local onde hoje se realiza. Esse espaço era propriedade de particulares e estava cheio de poças e valas.
A oeste da igreja se N. Senhora da Azinheira encontra-se uma linda capela dedicada a Santa Ana; em frente dessa capela está um morro denominado "Outeiro de Santa Ana", no qual está um marco geodésico, e donde se descortina um maravilhoso panorama. Era no cimo desse monte onde existiam dois rochedos servindo um de coreto, o qual foi destruído pelas tropas republicanas quando os paivas fizeram o avanço sobre Chaves, que se realizava o arraial.
Nesse largo ao som do bombo e da gaita-de-foles, se bailava até de madrugada. De vez, em quando o fogueteiro atroava os ares com ruidosos foguetes, e os gaiteiros já com o cansaço poisavam os instrumentos e molhavam a garganta com o apetitoso vinho da aldeia.
Enquanto eles descansavam as raparigas e os rapazes, não só portugueses mas também galegos formavam grandes rodas durante as quais se cantavam as mais diversas cantigas, essas tão encantadoras cantigas cheias ainda daquele primitivo lirismo, porque era ainda reminiscência das cantigas que nasceram e floresceram por esta terra.
Chegadas as 3 ou 4 da madrugada o gaiteiro deixava o coreto improvisado e ia dormir um pouco para durante o dia continuar a tocar.
Autor: L. M. C. - 1950
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