Uma História Verídica
Desde muito jovem, ouvia os meus familiares lá em casa contarem uma história.
Quando era rapazote, no mês de Agosto, a gente juntava-se no largo do tanque, e combinava-se a ida ao arraial, a determinada aldeia, pois era sempre a pé não havia meio de transporte.
Então o pessoal, pelas 8 horas da noite, depois de jantar, reunido o grupo lá partia com destino ao arraial.
Ora acontece que uma das aldeias que nunca se faltava era Vila Verde e Bustelo.
Para Bustelo fazia-se percurso pelo caminho das Portelas, lá no alto havia umas vinhas, sempre que ali passava lembrava-me daquela história, que ouvia lá por casa.
Pois aí havia uns muros, junto á vinha do Ilídio André havia uma cruz.
Diziam os meus familiares, que aí foi morto um jovem de Bustelo, quando iam do arraial de Outeiro Seco.
Também nos meus tempos de estudante ouvia dos colegas da aldeia de Bustelo, alguns piropos como este, "Outeiro Seco tem muitas cruzes o que significa muitas mortes", e que tinham sido os de Outeiro Seco que tinham morto o tal jovem.
Isto desde muito jovem mexeu comigo, e sempre que passava no dito lugar lembrava a história.
Tentei várias vezes saber a verdade, mas nada, procurei, rebusquei, mas nada encontrei.
Estávamos no ano de 1887, era dia 8 de Setembro, festa da Senhora da Azinheira. Ora acontece que o arraial era de véspera, ou seja dia 7, pois esta festa era a mais concorrida de todo o vale.
Um grupo de jovens de Bustelo, decide vir ao dito arraial, pois nem é tarde nem cedo, pés ao caminho, mas nessa época por tudo e por nada se armavam grandes cenas de pancadaria, mas não é o caso.
Depois de uma noite calma, e bem divertida, o grupo de jovens decide regressar á aldeia, para uma boa soneca. Caminho das Portelas acima lá vai o grupo, chegados ao alto das Portelas o jovem João de Moraes, fica para trás sentindo necessidade de fazer as suas necessidades fisiológicas, enquanto o grupo continua a caminhada.
No meio da noite, e no maior silêncio soa um grito "Lá vêem os de Outeiro Seco!.” O João desata a correr em direcção ao grupo, os colegas pensando que era pessoal de Outeiro Seco para lhes dar tareia. Soa um disparo em plena noite, o João é atingido mortalmente pelo projéctil, cai ao chão numa autêntica poça de sangue, os colegas verificam que falta alguém no grupo, é o João, voltam atrás á sua procura. Encontram o João já sem vida, não sabem o que fazer. Corre um até á aldeia a pedir ajuda para o sucedido. Mas já nada pode ser feito o João está morto.
Como este acto foi cometido no termo de Outeiro Seco, é da jurisdição do Regedor de Outeiro Seco, autoridade da época. Avisado o Regedor de Outeiro Seco, inicia as diligências para apuramento da verdade.
Após um interrogatório dos restantes elementos, é descoberto o autor do disparo, foi o colega e vizinho Manuel Bernardino, o autor do disparo.
O João Moraes era filho de Júlio Moraes, segundo o que se dizia o João, era um estudante. Não sei se a dita cruz ainda por lá existe, já há uns bons aninhos que por lá não passo.
Para melhor esclarecimento aí vai o documento.
“8 de Setembro de 1887
Do Regedor de Outeiro Secco
Dizendo que hontem pelas 11 horas da noite no sitio das Portellas termo de Outeiro Secco mataram João Moraes filho de Júlio Moraes, e que quem o matou fora Manuel Bernardino ambos de Bustelo.
O Regedor
.............................
Para Administrador do Concelho”
João Jacinto
castelo de monforte de rio livre
Águas Frias - Rio Livre - Tino
Rêverie Art - Fernando Ribeiro
Sítio das Ideias-Lamartine Dias
Andarilho de Andanhos-S. Silva
Asociación Cultural Os Tres Reinos
Amnistia Internacional - Chaves
Amnistia Internacional - Blogue
DIGIWOWO - Artigos Fotográficos
RuinArte - Gastão de Brito e Silva