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Quarta-feira, 10 de Abril de 2013

Contributos - Sr. João Jacinto - "Uma história verídica"

 

 

Uma História Verídica

 

Desde muito jovem, ouvia os meus familiares lá em casa contarem uma história.

 

Quando era rapazote, no mês de Agosto, a gente juntava-se no largo do tanque, e combinava-se a ida ao arraial, a determinada aldeia, pois era sempre a pé não havia meio de transporte.

 

Então o pessoal, pelas 8 horas da noite, depois de jantar, reunido o grupo lá partia com destino ao arraial.

 

Ora acontece que uma das aldeias que nunca se faltava era Vila Verde e Bustelo.

 

 

Para Bustelo fazia-se percurso pelo caminho das Portelas, lá no alto havia umas vinhas, sempre que ali passava lembrava-me daquela história, que ouvia lá por casa.

 

Pois aí havia uns muros, junto á vinha do Ilídio André havia uma cruz.

 

Diziam os meus familiares, que aí foi morto um jovem de Bustelo, quando iam do arraial de Outeiro Seco.

 

Também nos meus tempos de estudante ouvia dos colegas da aldeia de Bustelo, alguns piropos como este, "Outeiro Seco tem muitas cruzes o que significa muitas mortes", e que tinham sido os de Outeiro Seco que tinham morto o tal jovem.

 

Isto desde muito jovem mexeu comigo, e sempre que passava no dito lugar lembrava a história.

 

Tentei várias vezes saber a verdade, mas nada, procurei, rebusquei, mas nada encontrei.

 

Estávamos no ano de 1887, era dia 8 de Setembro, festa da Senhora da Azinheira. Ora acontece que o arraial era de véspera, ou seja dia 7, pois esta festa era a mais concorrida de todo o vale.

 

Um grupo de jovens de Bustelo, decide vir ao dito arraial, pois nem é tarde nem cedo, pés ao caminho, mas nessa época por tudo e por nada se armavam grandes cenas de pancadaria, mas não é o caso.

 

 

Depois de uma noite calma, e bem divertida, o grupo de jovens decide regressar á aldeia, para uma boa soneca. Caminho das Portelas acima lá vai o grupo, chegados ao alto das Portelas o jovem João de Moraes, fica para trás sentindo necessidade de fazer as suas necessidades fisiológicas, enquanto o grupo continua a caminhada.

 

No meio da noite, e no maior silêncio soa um grito "Lá vêem os de Outeiro Seco!.” O João desata a correr em direcção ao grupo, os colegas pensando que era pessoal de Outeiro Seco para lhes dar tareia. Soa um disparo em plena noite, o João é atingido mortalmente pelo projéctil, cai ao chão numa autêntica poça de sangue, os colegas verificam que falta alguém no grupo, é o João, voltam atrás á sua procura. Encontram o João já sem vida, não sabem o que fazer. Corre um até á aldeia a pedir ajuda para o sucedido. Mas já nada pode ser feito o João está morto.

 

Como este acto foi cometido no termo de Outeiro Seco, é da jurisdição do Regedor de Outeiro Seco, autoridade da época. Avisado o Regedor de Outeiro Seco, inicia as diligências para apuramento da verdade.

 

Após um interrogatório dos restantes elementos, é descoberto o autor do disparo, foi o colega e vizinho Manuel Bernardino, o autor do disparo.

 

O João Moraes era filho de Júlio Moraes, segundo o que se dizia o João, era um estudante. Não sei se a dita cruz ainda por lá existe, já há uns bons aninhos que por lá não passo.

 

 

Para melhor esclarecimento aí vai o documento.

 

8 de Setembro de 1887

Do Regedor de Outeiro Secco

Dizendo que hontem pelas 11 horas da noite no sitio das Portellas termo de Outeiro Secco mataram João Moraes filho de Júlio Moraes, e que quem o matou fora Manuel Bernardino ambos de Bustelo.

O Regedor

.............................

Para Administrador do Concelho

 

João Jacinto

 

Publicado por Humberto Ferreira às 00:05

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2 comentários:
De Nuno Santos a 10 de Abril de 2013 às 12:42
Também eu já tinha ouvido esta história, ainda que não tão pormenorizada como o João Jacinto a descreve. Contudo a cruz já lá não existe há muitas décadas. Eu como frequenteador das Portelas, mais propriamente de Trás da Quinta, nunca a vi e mesmo a minha mãe, que nasceu em 1933, diz que apenas se recorda apenas de vestígios da mesma, a qual ficava no pinhal do David.
As quezílias entre as juventudes das duas aldeias, eram célebres e perduraram durante décadas.
Eu cheguei a ir ao arraial de Bustelo, a pé e em grupo, fazendo também o percurso das Portelas, mas sem qualquer precalço, até porque havia já uma maior civilidade entre as populações, havendo inclusive muitos jovens que, eram colegas nos estabelecimentos de ensino da cidade.
Um abraço,
Nuno Santos
De Humberto Ferreira a 11 de Abril de 2013 às 08:32
Obrigado Nuno.
Um abraço,
Berto

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