UMA POLÉMICA
Já se escreveu bastante sobre a representação do Ramo, e do Auto da Paixão de Cristo, o conhecido Acto, realizados noutros tempos na aldeia de Outeiro Seco.
Segundo aquilo que se escreveu, e aquilo que as pessoas mais idosas nos dizem, é que o Ramo teria sido representado na aldeia nos anos de 1923, 1932, 1957 e mais recente na década de 90.
Quanto ao Acto foi representado nos anos 40 e 60. Pelos vistos esses Cascos, encontram-se em poder de algumas pessoas da aldeia.
Na minha modesta biblioteca, existem alguns exemplares desses ditos cascos, inclusive um original do Auto da Paixão do Padre Francisco Vaz de Guimarães, que data do ano de 1820.
Mas não será disto que aqui vamos tratar, porque até não tem influência nenhuma, mais casco ou menos casco. O problema é outro, é a polémica que se gera em volta da representação do Ramo, entre o Administrador do Concelho, Manuel Augusto Granjo, e os habitantes da Aldeia, com o padre e o regedor pelo meio.
Decorria o ano de 1889, as gentes de Outeiro Seco, havia já vários meses que decorriam a bom ritmo os ensaios para levar a cena o Ramo, no dia 24 de Dezembro (noite), junto à Capela da Senhora do Rosário.
Não sabemos quais os motivos ou quem alertou o Administrador, da realização deste evento. O pouco que sabemos é que o Padre da Paróquia recebe uma carta do Administrador do Concelho, em 10 de Dezembro, onde lhe solicita informação, sobre o acto a levar a efeito na noite de 24. Mas não é só o Padre da Paróquia, também o Regedor, autoridade máxima da Paróquia.
A este o Administrador, envia-lhe a seguinte carta:
Para Regedor da Paroquia de Outeiro Seco
"Constando-me que essa povoação se projecta levar a effeito no dia 24 do corrente à noite um acto quaisquer".
Nesta mesma carta, ameaça a população com o envio de uma força de Cavalaria, caso a sua ordem não seja acatada. Mas o povo não desarma e pressiona o Regedor. Então a resposta do Regedor, é esta:
"Não se faz na igreja, mas em casa particular, pelo que não estará em causa a ordem moral e pública".
E assim Outeiro Seco pode levar à cena o Ramo, pois estas representações tinham sido proibidas dentro das igrejas e nos seus adros.
Como podem ver os outeiro-secanos, já nesta altura a Aldeia representava o Ramo, em condições bem mais adversas.
João Jacinto
Nota: Quero expressar o meu agradecimento à amiga que me ajudou com as fotografias para este post do Sr. João Jacinto. Muito obrigado. Berto
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