“Par’Além dos meus olhos!
Descia a encosta das “Carvalhas” com a pressa da pontualidade, com a angústia do teste, com o consolo da torrada de pão centeio e da caneca de cevada feitinhas pela Avó, e com a esperança de se encontrar, no cair do dia com a cachopa do seu encanto.
No lusco-fusco mais carregado pela sombra das árvores da rua, ou no virar da esquina de onde não se visse vivalma a assomar da curva mais próxima, roubava um beijo trocado, carregadinho de alento para mil sonhos e projectos.
Era no tempo em que o amor era proibido, o beijo pecado mortal e o sonho condenado a degredo.
Um palmo de terra era riqueza, e um diploma coisa estranha para a maioria dos filhos de deus.
E Angola desenhava-se no horizonte imediato da carreira dos mancebos.
No final do dia, a ida à fonte, a buscar um cântaro de água fresca para se fazer a ceia, eram as «trindades» do arrulho, do xi - coração apertadinho com o brilho do arco-íris do olhar, do “amo-te” sussurrado pelo silencioso sibilo de uma boca feita coração, e do sinal de que nem o luar, o nevoeiro ou o relento impediriam o beijo e o abraço de promessa, antes da luz da vela ou da candeia se apagar.
A mãe não aprovava.
O pai, contrariado, aprovava a mãe.
Ele era bom rapaz!
Ela era boa rapariga!
Trinta anos passados, o rapaz encontrou-se com os pais da rapariga.
- “É a Vida! É a Vida!” - disse–lhe o pai, a enganar uma lágrima furtiva com um sorriso de bondade.
Um cântaro de consolos encha o coração dessa cachopa!
Para além dos meus olhos!...
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