“Massa fiada”
Desceu a ladeira em passo apressado.
Ia às compras. E a mãe calculou-lhe o tempo de demora.
Como ansiava por estar um momento, fugaz que fosse, com o seu amor!
Contou pelos dedos os minutos, ou os segundos, que podia poupar no sapateiro, onde as socas ficariam para deitar umas tachas; no Correio, onde ia mandar uma carta por avião para a Tia que estava no Brasil; no «Mocho», onde ia comprar um metro e meio de plástico para forrar o «louceiro»; e no Zé da Loja, donde levaria um kilo de açúcar, dois de sal, três de massa pevide, dois de arroz e um de massa fiada.
Aquele quarto de hora de avanço podia muito bem dar-lhe para bater à porta da amiga da Quinta da Fraga. Dar-lhe-ia as «boas – tardes» e receberia o cântaro com que iria à mina buscar-lhe água. Era o sinal de que logo na esquina lá estaria «o amor da sua vida».
Dobrado o muro, o cântaro ficava pousado no chão. E os dois ficavam derretidos num tão apertado abraço e a comerem-se de beijos, sôfregos e doces!
Traçavam-se pela cintura. E lá seguiam até à fonte, trocando olhares, beijinhos e promessas de amor.
Enquanto o cântaro se enchia vagarosamente de água, deitados no chão de ervas secas, saciavam-se de amor e de saudades.
O tempo era contado pelo palpitar dos corações.
A hora da despedida era assim adivinhada.
Não se podia deixar que a mãe desconfiasse de nada.
A «Guerra em África» arrebanhava os mancebos a qualquer hora.
A ele afligia-o a incerteza do regresso.
Partiu para «o Ultramar».
Voltaram a ver-se quarenta anos depois!...
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