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Terça-feira, 24 de Agosto de 2010

"Como enterrar um cancro no buraco de uma giesta"

Bem, o título do post de hoje pode não parecer apelativo, mas ontem tive mais uma lição de uma pessoa que já admirava e que julgo que toda a Aldeia admira pela sua Força e pela sua Vontade de Viver.

 

Ontem quando cheguei a casa a horas pouco decentes para um homem com bisnetos, para além de uma SMS um pouco triste, tinha no meu PC que passa o dia e a noite ligado um email que no assunto referia: "Giestas do Campo Lavrado", convidando-me para às 8.00 horas (sim às 8.00 horas) aparecer para fotografar dois Homens a arrancar giestas.

 

 

 

 

O email era do nosso conterrâneo e amigo Zé Costa, que agora também partilha comigo vizinhança numa propriedade rural. O outro Homem com o "H" um pouco menor que o do Zé (e ele não se importa com isso seria o Edgar). Para além disso, fazia referência a duas coisas: a primeira que iria fazer tudo para enterrar o cancro no buraco de uma giesta e também me prometia que o trabalho com o Edgar era sempre a rir.

 

 

 

 

 

Como já aqui referi uma vez (salve o erro por altura das segadas), não gosto de tirar fotografias a pessoas que estão a trabalhar, porque não me agrada estar a ver sem poder ajudar enquanto os outros trabalham, mas fui e pedi ao meu pai para também ir lá ter porque faltava identificar um marco entre os dois terrenos e aproveitávamos a ocasião.

 

 

 

 

Claro que quando eu cheguei, cerca das 8.15 horas, os meus pais já lá estavam e já tinham o cesto do tractor cheio de pinhas e lenha, mas nada do Zé, nem do Edgar. Aguardamos e, enquanto o tempo passava fui-me entretendo a tirar umas fotografias, a uma libelinha (libélula) vermelha, a um cascarolho também com a cabeça vermelha (o que me leva a crer que seja do sol ou da poluição), a um camião de lenha que foi para os parques empresariais, que como não têm nada para fazer, já se preparam para se aquecerem no inverno, mas o que mais trabalho me deu foi tirar uma fotografia a uma lesma preta, rápida que se farta, fez-me lembrar uma determinada pessoa, na tomada de decisão de executar a ordem de levantar os resíduos da nossa Aldeia.

 

 

 

 

Por volta das 9.00 horas, avistam-se ao longe dois tractores em formação de coluna (digo eu). Chegados junto a nós, a explicação do atraso foi simples: tinham estado na eira numa sessão de "briefing", decidindo, qual a melhor maneira de arrancar as giestas, ou seja, de arrancar o mal pela raiz.

 

 

 

 

Pois a dita "sessão" continuou mais meia hora, conversando disto e daquilo, a colocação do marco ficou desde logo descartada e adiada para data a designar em ocasião mais oportuna e com menos trabalho na agenda.

 

 

 

 

 

Ou seja, início dos trabalhos 9.37 horas. Enquanto o Edgar enrolava o cabo de aço em volta das giestas, o Zé já tinha o tractor preparado para abrir o tal buraco. Eu, aos poucos ia registando o número de estrelas que eram atribuídos a cada "arrancada". Mas quando pensava que o trabalho estava a decorrer a bom ritmo, novo intervalo. Desta vez para actualizar a informação, incluindo a do futebol, que escusado será dizer que nada percebi.

 

 

 

 

 

Mais meia dúzia de giestas e, desta vez a paragem foi para o Zé cumprir a rigor o seu plano alimentar, mas claro que não podiam faltar mais umas histórias, uns conselhos de quem sabe, umas gargalhadas e retomaram o trabalho. Como não podia deixar de ser foi sol de pouca dura, tal como a manhã, cujas nuvens apareciam e se dissipavam a mesma velocidade que se desenvolviam as conversas e como o ruído do motor atrapalhava, pois nova paragem e como o Zé dizia "A vida são dois dias e um deles já passou".

 

 

 

 

 

Esta foi mais prolongada, falou-se do passado e do peso que representa em cada um de nós no presente, na facilidades que existem nos dias de hoje e na ignorância em que vivem e, como não dos planos futuros.

 

 

 

 

 

E aí, está em sérios riscos a AFACC, pois entre o Zé e o Edgar com o ritmo e a alegria contagiante de trabalhar que reúnem, estão a pensar criar uma empresa de sapadores florestais de limpeza de matas e combate aos incêndios.

A designação da empresa ainda era mais extensa mas de caminho a casa esqueci-me do resto.

Não restam dúvidas que trabalho não lhes vai faltar e qualquer patrão os pode contratar porque animam o resto do pessoal.

Mas não posso deixar de dizer que fiquei melindrado, pois não me convidaram para repartir os lucros.

 

 

 

 

Quanto ao buraco da giesta para enterrar o cancro, acho que ainda não foi desta, mas quem sabe como o cascarrolho voou, talvez desta vez Zé ele não te acompanhe para casa, talvez desta vez ele não encontre o caminho de regresso, ou, como tu dizes, que a vida são dois dias e um deles já passou, pelo menos o que falta, que seja tão longo como aquele que já passou.

 

 

 

 

Aos dois (Zé e Edgar) agradeço a manhã de alegria e bom humor que me permitistes passar convosco. Qualquer dia temos de repetir, nem que eu volte a estar sem fazer nada.

 

 

 

 

Desta vez não senti que estava a fotografar pessoas que estavam a trabalhar, mas sim pessoas que estavam a aproveitar a vida e a divertir-se imenso.

 

Fica um slide das imagens finais de um sorriso que espero não esquecer.

 

 

 

 

 

Obrigado e um abraço,

 

Berto

Publicado por Humberto Ferreira às 00:02

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2 comentários:
De JOSE COSTA a 25 de Agosto de 2010 às 15:14
Berto.
Boa tarde.
Só hoje visitei o blog e li o texto e vi as fotografias .
O texto está muito bonito e os comentários estão mesmo a calhar.
Acabei de ler e comecei a rir, isto para dar continuidade á "sessão" que foi o dia de trabalho.
Ainda falta uma fotografia que é a da, "asa do avião",ou seja com mais precisão a pá giratória da torre eólica.
Como o trabalho não está concluido, tem necessáriamente que continuar,mas esta semana talvez não haja "agenda", e eu e o Edgar já dissemos que na próxima sessão contamos contigo, e espero que faças um trabalho de contabilização do tempo efectivo de trabalho e verás que patrão que nos contratasse ao dia em pouco tempo ia á ruina ou se fosse pago á hora não ganhariamos para caldo.
No meio disto a boa disposição é que conta.
Por este ritmo de trabalho eu já disse ao Edgar que possivelmente por volta do Natal devemos arrancar as tais giestas enormes que estão próximas dos teus lameiros.
Também há que dizer que nós temos adoptado formas novas de organização do trabalho ou seja " TRABALHO COM DIÁLOGO" ou nós não vivessemos em Democracia. O conceito de trabalho com diálogo significa :" pára para depois trabalhares".
Berto boa tarde a ti e aos visitantes do blog e até á próxima.
De Humberto Ferreira a 25 de Agosto de 2010 às 15:19
Olá Zé, Boa tarde,
Tens razão, falta uma foto das pás giratórias das torres eólicas.
Mas então está combinado, tenho de arranjar um cronómetro.
Um abraço,
Berto

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