Bem, o título do post de hoje pode não parecer apelativo, mas ontem tive mais uma lição de uma pessoa que já admirava e que julgo que toda a Aldeia admira pela sua Força e pela sua Vontade de Viver.
Ontem quando cheguei a casa a horas pouco decentes para um homem com bisnetos, para além de uma SMS um pouco triste, tinha no meu PC que passa o dia e a noite ligado um email que no assunto referia: "Giestas do Campo Lavrado", convidando-me para às 8.00 horas (sim às 8.00 horas) aparecer para fotografar dois Homens a arrancar giestas.
O email era do nosso conterrâneo e amigo Zé Costa, que agora também partilha comigo vizinhança numa propriedade rural. O outro Homem com o "H" um pouco menor que o do Zé (e ele não se importa com isso seria o Edgar). Para além disso, fazia referência a duas coisas: a primeira que iria fazer tudo para enterrar o cancro no buraco de uma giesta e também me prometia que o trabalho com o Edgar era sempre a rir.
Como já aqui referi uma vez (salve o erro por altura das segadas), não gosto de tirar fotografias a pessoas que estão a trabalhar, porque não me agrada estar a ver sem poder ajudar enquanto os outros trabalham, mas fui e pedi ao meu pai para também ir lá ter porque faltava identificar um marco entre os dois terrenos e aproveitávamos a ocasião.
Claro que quando eu cheguei, cerca das 8.15 horas, os meus pais já lá estavam e já tinham o cesto do tractor cheio de pinhas e lenha, mas nada do Zé, nem do Edgar. Aguardamos e, enquanto o tempo passava fui-me entretendo a tirar umas fotografias, a uma libelinha (libélula) vermelha, a um cascarolho também com a cabeça vermelha (o que me leva a crer que seja do sol ou da poluição), a um camião de lenha que foi para os parques empresariais, que como não têm nada para fazer, já se preparam para se aquecerem no inverno, mas o que mais trabalho me deu foi tirar uma fotografia a uma lesma preta, rápida que se farta, fez-me lembrar uma determinada pessoa, na tomada de decisão de executar a ordem de levantar os resíduos da nossa Aldeia.
Por volta das 9.00 horas, avistam-se ao longe dois tractores em formação de coluna (digo eu). Chegados junto a nós, a explicação do atraso foi simples: tinham estado na eira numa sessão de "briefing", decidindo, qual a melhor maneira de arrancar as giestas, ou seja, de arrancar o mal pela raiz.
Pois a dita "sessão" continuou mais meia hora, conversando disto e daquilo, a colocação do marco ficou desde logo descartada e adiada para data a designar em ocasião mais oportuna e com menos trabalho na agenda.
Ou seja, início dos trabalhos 9.37 horas. Enquanto o Edgar enrolava o cabo de aço em volta das giestas, o Zé já tinha o tractor preparado para abrir o tal buraco. Eu, aos poucos ia registando o número de estrelas que eram atribuídos a cada "arrancada". Mas quando pensava que o trabalho estava a decorrer a bom ritmo, novo intervalo. Desta vez para actualizar a informação, incluindo a do futebol, que escusado será dizer que nada percebi.
Mais meia dúzia de giestas e, desta vez a paragem foi para o Zé cumprir a rigor o seu plano alimentar, mas claro que não podiam faltar mais umas histórias, uns conselhos de quem sabe, umas gargalhadas e retomaram o trabalho. Como não podia deixar de ser foi sol de pouca dura, tal como a manhã, cujas nuvens apareciam e se dissipavam a mesma velocidade que se desenvolviam as conversas e como o ruído do motor atrapalhava, pois nova paragem e como o Zé dizia "A vida são dois dias e um deles já passou".
Esta foi mais prolongada, falou-se do passado e do peso que representa em cada um de nós no presente, na facilidades que existem nos dias de hoje e na ignorância em que vivem e, como não dos planos futuros.
E aí, está em sérios riscos a AFACC, pois entre o Zé e o Edgar com o ritmo e a alegria contagiante de trabalhar que reúnem, estão a pensar criar uma empresa de sapadores florestais de limpeza de matas e combate aos incêndios.
A designação da empresa ainda era mais extensa mas de caminho a casa esqueci-me do resto.
Não restam dúvidas que trabalho não lhes vai faltar e qualquer patrão os pode contratar porque animam o resto do pessoal.
Mas não posso deixar de dizer que fiquei melindrado, pois não me convidaram para repartir os lucros.
Quanto ao buraco da giesta para enterrar o cancro, acho que ainda não foi desta, mas quem sabe como o cascarrolho voou, talvez desta vez Zé ele não te acompanhe para casa, talvez desta vez ele não encontre o caminho de regresso, ou, como tu dizes, que a vida são dois dias e um deles já passou, pelo menos o que falta, que seja tão longo como aquele que já passou.
Aos dois (Zé e Edgar) agradeço a manhã de alegria e bom humor que me permitistes passar convosco. Qualquer dia temos de repetir, nem que eu volte a estar sem fazer nada.
Desta vez não senti que estava a fotografar pessoas que estavam a trabalhar, mas sim pessoas que estavam a aproveitar a vida e a divertir-se imenso.
Fica um slide das imagens finais de um sorriso que espero não esquecer.
Obrigado e um abraço,
Berto
castelo de monforte de rio livre
Águas Frias - Rio Livre - Tino
Rêverie Art - Fernando Ribeiro
Sítio das Ideias-Lamartine Dias
Andarilho de Andanhos-S. Silva
Asociación Cultural Os Tres Reinos
Amnistia Internacional - Chaves
Amnistia Internacional - Blogue
DIGIWOWO - Artigos Fotográficos
RuinArte - Gastão de Brito e Silva