COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO
Hoje vamos falar do soldado Francisco Marcelino Antas (Morgado).
Quem era este soldado?
Iniciámos a nossa investigação através da indicação que nos foi transmitida verbalmente por algumas pessoas da aldeia, também através do pouco que se foi escrevendo sobre os combatentes.
Fomos à procura de um Francisco Morgado. Consultamos os Boletins do CEP que nos levaram até à aldeia de Bustelo, mas acabamos por desistir desta pista. Não estávamos no caminho certo.
Iniciámos então nova investigação, consultando várias listagens referentes aos soldados do Distrito de Vila Real, e nada de nada.
Começámos a pensar cá para nós: mais outro sem Boletim do CEP.
Alterámos o curso da nossa investigação. Fizemos as nossas contas e fomos a procura do livro de batismos da freguesia de Outeiro Seco. Rebuscámos, espreitámos, sei lá o que fizemos mais. Mas foi no livro de batismos da aldeia de Outeiro Seco, que descobrimos que a nossa pesquisa estava a ser mal direcionada. Aí verificámos que o seu nome correto é Francisco Marcelino Antas e, que o apelido “Morgado” não passava de uma alcunha.
Foi então iniciada uma nova pesquisa já com os dados certos, voltámos aos Boletins do CEP, ao Arquivo Militar, mas regressámos de mãos vazias.
Verificámos a listagem dos soldados do Distrito de Vila Real, também nada. Consultámos uma listagem só dos soldados sem naturalidade e é nesta listagem que vamos encontrar o Francisco Marcelino Antas. Sentimos uma alegria imensa.
Identificado o seu código, chegámos à sua ficha do CEP, no Arquivo militar. Aí pudemos verificar o seguinte:
Que o seu nome era Francisco Marcelino Antas. Era o soldado nº.609 da 1ª. Companhia do Regimento de Infantaria 19, sendo a sua placa de identificação o nº. 33286. Diz-nos também que era solteiro e que era filho de José Marcelino Antas e de Ana Maria Melo e, era natural de Santa Cruz freguesia de Outeiro Seco, sendo o seu parente mais próximo seu pai.
Mas o seu boletim não fica por aqui e diz-nos que o combatente embarcou no dia 17 de novembro de 1917, em Lisboa, com destino a Brest e dali, para a frente de combate, onde durante praticamente dois anos passou as amarguras da guerra. E continua a descrição no seu boletim: “Diligência à escala de serviço em 10 de Dezembro de 1917. Presente e colocado na 1ª. Companhia em 6 de Março de 1918, onde ficou com o nº. 1149.”.
Será aqui, após a colocação nesta Companhia, que o Francisco Marcelino Antas vai assistir à maior tragédia no dia 9 de abril de 1918, a batalha de La Lys, onde lutou corpo a corpo, onde viu tombar os seus camaradas, ele assiste a todo aquele horror. É dado como desaparecido em 9 de abril de 1918. É desconhecido o seu paradeiro. O Francisco Marcelino Antas acabou prisioneiro dos alemães, sendo transferido para o campo de prisioneiros conjuntamente com outros portugueses, vindo a ser libertado no dia 12 de novembro de 1918.
No dia 3 de Janeiro de 1919 desembarcava em Lisboa e dali para a sua terra natal. Em casa de seus pais viveu alguns tempos, para curar de certas chagas da guerra. A casa onde habitou este herói ainda resiste aos anos, hoje sem ninguém e já ameaçando ruína. Situa-se na Estrada de Outeiro Seco, do lado esquerdo quem vem para Outeiro Seco, junto ao cruzamento que dá para Santa Cruz.
O seu assento de batismo nº.16 do ano de 1892, diz-nos o seguinte:
“Aos quatro dias do mês de Dezembro do ano de mil oitocentos e noventa e dois, nesta igreja paroquial de Outeiro Seco batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Francisco, que nasceu no lugar de Santa Cruz, as nove horas da noite do dia vinte e seis de Novembro, filho legítimo de José Marcelino Antas, lavrador e de Ana Mello do lugar do Couto de Ervededo, neto paterno de Manuel Gonçalves Sevivas e de Joana Marcelina e materno de Francisco Mello e Bárbara Gonçalves, foram seus padrinhos Francisco Gonçalves Sevivas e Ana Gonçalves Sevivas, proprietários e casados.
Padre Gonçalves Amaro"
Verificámos também o seu assento de casamento nº3 que nos diz:
“Que no dia 21 de Fevereiro do ano de 1921, Francisco Marcelino Antas, solteiro de 29 anos natural de Outeiro Seco, filho legítimo de José Marcelino Antas e de Ana Mello, e Maria Gonçalves Sevivas, solteira de 27 anos filha de Francisco Gonçalves Sevivas e de Silvana Leite, contraiam matrimónio. Foram testemunhas Vitorino Teixeira e Maria do Carmo.
Padre Elias António José Alves.”
Alertámos os nossos amigos leitores que muitas das vezes os registos nos aparecem com várias gafes ou erros, pois no seu assento de batismo verificamos alguns.
Francisco Marcelino Antas viria a falecer no dia 7 de dezembro de 1971, conforme assento nº 573. Faleceu na sua casa na estrada de Outeiro Seco com 79 anos de idade.
Deixou três filhos também já falecidos, sendo eles o Vitorino, o David, e o Lelo Morgado, que casou com a Hermínia que era irmã do José Chaves (Zé Rico).
Caros amigos e leitores assim completamos a história de mais um herói.
João Jacinto
Consulta:
Arquivo Distrital Vila Real
Arquivo Militar
Informações verbais
Blog Genealogia
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