COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO
Prestes a terminar o nosso contributo acerca dos combatentes da Grande Guerra da aldeia de Outeiro Seco, hoje trago-vos a história de outro combatente, deixando assim um registo para as gerações futuras e atuais, para que não esqueçam os seus antepassados, os seus heróis, que na maior das dificuldades souberam dar o seu melhor das suas vidas, honrando a sua Pátria.
Hoje, caros amigos, vamos falar do soldado Domingos André. Relativamente a este outeiro secano, que nos fez correr Ceca e Meca, iniciámos a nossa investigação, como é costume, pelo livro de batismos da freguesia de São Miguel de Outeiro Seco, pois foi assim que fizemos com os outros combatentes. Somos levados até ao ano de 1893. É aí que vamos encontrar o Assento nº3 e será através deste registo que a nossa investigação é levada a bom porto.
Reza assim o Assento nº.3 do ano de 1893 do livro de batismos da freguesia de São Miguel de Outeiro Seco.
Assento nº3:
“Aos vinte e seis dias do mês de Fevereiro do ano de mil oitocentos e noventa e três, nesta igreja paroquial de São Miguel de Outeiro Seco, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Domingos, que nasceu nesta freguesia as cinco horas da tarde do dia vinte e três do dito mês, filho natural de Albina André, solteira filha de Miguel André lavrador e de Maria Bicência, natural do Pereiro de Argeriz, concelho de Valpaços, neto paterno de avôs incógnitos, neto materno de Miguel André e de Maria Bicência, foram seus padrinhos Domingos Diogo e sua filha Maria maior de idade.
O Padre António Gonçalves Amaro.”
Mas será o seu assento de batismo que nos vai dar uma grande ajuda à nossa investigação, pois houve o cuidado da parte de alguém em registar todos os averbamentos no seu assento de batismo. O amigo leitor vai poder verificar que os averbamentos do seu assento de batismo, não coincidem com o que consta registado no Boletim do CEP.
Domingos André, casou com 21 anos de idade, no dia 2 de Dezembro de 1914, com Secundina Rosa de 22 anos de profissão padeira, natural da freguesia de Santo Estevam de Faiões, e residente em Faiões, e filha de João Barroso e de Maria da Conceição Cruz, também padeira.
Sua esposa Secundina rosa viria a falecer em 5 de Agosto de 1963, em Faiões. A nossa dúvida é onde vivia o Domingos André, em Faiões ou em Outeiro Seco? Vamos aguardar pelos restantes dados e no final verificamos.
Ora o Domingos André passou a sua juventude em Outeiro Seco, casou e depois teve pela frente o serviço militar, alistado no Regimento de Infantaria 19 de Chaves, sendo mobilizado para a Grande Guerra de 1914-1918.
Da consulta ao seu Boletim do CEP, verificamos o seguinte:
O seu nome Domingos André, pertencia ao 1º. Batalhão, da 2ª. Companhia, 2º Depósito de Infantaria, era o soldado nº. 569, sendo a sua placa de identificação nº. 63988, e diz-nos também que o seu estado civil era solteiro, era filho de Albina do André, era natural de Outeiro Seco do concelho de Chaves, e que o parente mais próximo era a sua mãe residente em Outeiro Seco - Chaves.
Pois amigo leitor aqui está a contradição aparece como solteiro, o parente mais próximo a sua mãe, isto no Boletim do CEP. Mas a verdade é que já era casado e o familiar mais próximo seria a sua esposa, mas isto acontece.
O Domingos André parte para a frente de combate em 1917, sai do cais de Alcântara em 23 de Maio de 1917, com destino a Brest. Aí chegado é colocado na Companhia de metralhadoras em 4 de Julho de 1917. Mas caros amigos será este Domingos André um herói, não se admirem com o que vamos descrever. No seu Boletim do CEP consta o seguinte: “Louvado porque estando no dia 18 do corrente de serviço nas posições contra aeroplanos, conseguiu fazer aterrar um aeroplano inimigo entre as 1ªs e 2ªs linhas alemãs sem o concurso próximo doutras armas, pelo que demonstra muita serenidade excelente pontaria solida instrução deste tão importante serviço.” (O do 5º J. M. nº67 de 20.02.1918). Licença da Companhia em 18 de Maio de 1918. Embarcou para Portugal a bordo do transporte Pedro Nunes em 18 de Maio a fim de gozar a licença da Companhia.
Este combatente como todos os outros, por lá passou bons e maus momentos, era a vida dura das trincheiras. Regressou são e salvo para junto da sua esposa. Viveu na aldeia de Faiões até ao dia 21 de Março de 1968, data do seu falecimento repousando os seus restos mortais na sua terra adotiva. Assim concluímos a história de mais um combatente.
João Jacinto
Consulta:
Arquivo Distrital de Vila Real
Arquivo Militar
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