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Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – José Francisco Gonçalves Sevivas"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

 

Os militares de Outeiro Seco que estiveram na Grande Guerra de 1914-1918 foram muito esquecidos.

 

Agora que se comemoram os 100 anos desse acontecimento, foi minha vontade fazer com que saíssem do anonimato, inclusive da própria família, para lhes dar o lugar merecido na história local.

 

_D804597.JPG

  

Alguns deles estiveram em África e muitos, em França. Hoje em dia, na aldeia, praticamente já não se fala em gaseados. Dos que morreram, por lá ficaram sepultados. Hoje vamos falar de um outeiro secano que para muitos foi o Major Sevivas e vai continuar na história local de Outeiro Seco a ser o Major Sevivas, embora tenha atingido uma alta patente da hierarquia militar, a de Tenente-coronel.

 

Mas amigo leitor, não quero ser maçador com tudo isto, mas permita-me que me debruce um pouco sobre os antepassados do nosso combatente e só depois nos iremos ocupar do nosso Major Sevivas, para que não restem dúvidas.

 

Posto de Soutelinho da Raia.jpg

Fonte: Memórias da Guarda Fiscal - Posto de Soutelinho da Raia

 

Seu pai, João Gonçalves Sevivas, nasceu no dia 28 de Outubro do ano de 1864, era filho de António Sevivas e de Ana Gonçalves Agrela, de Outeiro Seco. Já com idade adulta passou a ser soldado da Guarda Fiscal, sendo destacado para o posto de Soutelinho da Raia e, ora para o posto de Vilarelho da Raia, ora para o de Travancas.

 

Através do assento do livro de casamentos de Vilarelho da Raia de 1889, vamos descobrir o assento nº.8 e que nos diz o seguinte:

Que no dia três do mês de Agosto do ano de mil oitocentos e oitenta e nove, João Gonçalves Sevivas, batizado na freguesia de Outeiro Seco, Cabo da Guarda Fiscal estacionado no Posto de Vilarelho da Raia, filho de António Gonçalves Sevivas e de Ana Gonçalves Sevivas, com a idade de vinte e cinco anos. Contraia matrimónio com Sabina Pires de dezanove anos de idade e filha de Francisco Pires e de Ana Daira de Vilarelho da Raia”.

 

Era muito comum na aldeia ouvir-se da parte das pessoas que a vida de um Guarda Fiscal era como a dos ciganos, andavam sempre com a trouxa as costas. Era o que acontecia a este outeiro secano, tão depressa estava num local como noutro.

 

Posto de Vilarelho da Raia.jpg

Fonte: Memórias da Guarda Fiscal - Posto de Vilarelho da Raia

 

Deste casamento, viram a luz do dia sete filhos, sendo dois rapazes e cinco raparigas. O primeiro filho seria o José Francisco, depois o João, a seguir a Libânia, a Olinda, a Ana, a São, e por último a Arminda.

 

O José Francisco acabaria por seguir a carreira militar. O João ainda muito jovem abalou para os Estados Unidos da América, constituiu família e por lá ficou. Nunca mais cá veio. A Libânia acabaria por ser a única filha a casar, com o Tenente de Infantaria Luiz Faria Barroso Mariz, tendo este ainda atingido a patente de Capitão, foi Comandante da 4º. Companhia da Guarda Fiscal de Chaves nos anos 1934-1949. Não tiveram descendentes. A Olinda, a Ana e Arminda dedicaram-se sempre as tarefas agrícolas da casa. A Ana viria a falecer no ano de 1970, sendo a Arminda a última a falecer. Quanto à São, esta ocupava-se das lides domésticas da casa, era de todas a mais devota.

 

Seu pai João Gonçalves Sevivas, no ano de 1906, era promovido ao posto de Sargento da Guarda Fiscal. Também aquando das Incursões Monárquicas de Paiva Couceiro em 1912, recebeu do Governo da República um louvor, pelos bons serviços prestados à jovem República Portuguesa.

 

Depois desta breve resenha sobre a família Sevivas, passamos à figura principal da nossa história, ou seja, ao José Francisco Gonçalves Sevivas, o nosso Major Sevivas.

 

Tinham passado três anos desde que o casal Sevivas tinha contraído matrimónio. O cabo João Gonçalves Sevivas acabava de ser destacado para o comando do posto de Soutelinho da Raia, no início do ano de 1892 e será nesta aldeia que nasce o primeiro filho do casal a quem seria dado o nome de José Francisco.

 

Major Sevivas.jpg

 Fonte: Liga dos Combatentes

 

Fomos investigar os livros de batismo da freguesia de Soutelinho da Raia, referente ao ano de 1892. Aí encontrámos o Assento nº. 11 que nos diz o seguinte:

Assento nº. 11 do ano de 1892. Aos quatorze dias do mês de Agosto do ano de mil oitocentos e noventa e dois, nesta igreja paroquial de Santo António de Soutelinho da Raia, do concelho de Chaves, arquidiocese de Braga, batizei solenemente uma creança do sexo masculino, que nasceu nesta freguesia, pelas cinco horas da manhã do dia nove do mês de Agosto, de mil oitocentos e noventa e dous, e ao qual dei o nome de José Francisco, filho legítimo de João Gonçalves Sevivas natural de Outeiro Seco e de Savina Pires natural de São Tiago de Vilarelho da Raia, neto paterno de António Gonçalves Sevivas, e de Ana Gonçalves Agrela, e materno de Francisco Pires e de Ana Pires Daira naturais de Vilarelho da Raia. Foram seus padrinhos o Reverendo Joaquim Alves Crespo, desta freguesia e José Branco Sanches natural de Vilarelho da Raia, que sei serem os próprios.

O Abade Álvaro Pais de Araújo.

 

O José Francisco, como referimos, seria o primeiro filho do casal, toda a sua juventude seria repartida entre Soutelinho da Raia, Outeiro Seco e Vilarelho da Raia. Ora num local ora noutro, os anos iam passando e o jovem José Francisco ia crescendo. Terminados os estudos primários, o José Francisco é enviado para a cidade de Braga para aí continuar os seus estudos eclesiásticos, com a condição de vir a ser ordenado padre, sendo esta a vontade de seus pais.

 

Mas nessa altura viviam-se tempos de incerteza no país. O José Francisco, já com os seus 18 anos, não era alheio a essas mudanças. Assiste à implantação da República em 1910. Passados dois anos, em 1912, assiste à revolução de Couceiro. Já com maioridade aproxima-se o cumprimento dos deveres militares para com a Pátria. Será no decorrer do ano de 1912 que se apresenta à inspeção militar, ficando apto para todo o serviço. O jovem desiste da sua carreira sacerdotal e abraça a carreira militar, talvez influenciado pela carreira militar de seu pai. O jovem é indicado para servir a arma de infantaria, seguindo para o Regimento de Infantaria 13 de Vila Real. Nessa altura ainda não havia guerra na Europa, nem nada que indicasse que pudesse acontecer. Continua a sua preparação militar em Vila Real, mas já em pleno ano de 1914, os ventos que sopram do norte da Europa anunciam a guerra. Finda a sua preparação militar em Vila Real com o posto de Alferes Miliciano e como comandante de pelotão oficial de metralhadoras ligeiras do Regimento de Infantaria 13. Surgem os primeiros focos de invasão das Colónias e em 3 de Fevereiro de 1915, embarca com destino ao sul de Angola acompanhado de um batalhão de infantaria 13, regressando com as primeiras forças militares, depois de terminada campanha em 15 de Outubro de 1915.

 

Ainda não se tinha completado um ano do seu regresso de África, já estava a ser mobilizado para a guerra de França. A 22 de Abri de 1917 embarcava com destino a Brest, para depois ser deslocado para a frente de combate, como podemos verificar no seu Boletim do CEP.

 

Assinatura Major Sevivas CEP - Blogue.jpg

Assinatura de José Francisco Gonçalves Sevivas - Boletim do CEP

 

José Francisco com a patente de Alferes Miliciano do 2º. Batalhão de Infantaria 13, da 2ª. Divisão e 5ª. Brigada de Infantaria, era filho de João Gonçalves Sevivas e de Savina Pires. Diz-nos ainda que era natural de Soutelinho da Raia e que o parente mais próximo era o seu pai, residente em Soutelinho da Raia do concelho de Chaves. Já na frente, José Francisco vai tomar parte na célebre batalha de La Lys do dia 9 de Abril de 1918. Consta ainda no seu boletim “Licença de Campanha por 20 dias desde 19 de Outubro de 1917 cessando a 1 de Novembro. Passou a desempenhar as funções de Oficial de Granadeiros acumulando com as de Oficial de Metralhadoras Ligeiras desde 20 de Fevereiro de 1918. Louvado porque no dia 9 de Abril de 1918 bateu-se em La Couture com muita coragem e sangue frio, decisão e competência, fazendo ele próprio fogo de metralhadora e só retirando quando se lhe esgotaram os meios de resistência e através de dificuldades. O. do Q. G C.nº144 de 29 de Maio de 1918. Licença da Junta por 90 dias em sessão de 3 de Julho.

 

Mas será nesta batalha que se dá uma das maiores polémicas do CEP. É neste dia 9 de Abril de 1918, que pelas 4:15 da madrugada, dá início o ataque Alemão e será no decorrer desta batalha que o verniz estala entre o Capitão da 1ª. Companhia, Bento Roma e o Capitão da 2ª. Companhia, David Magno e são várias as referências feitas à pessoa do Alferes Miliciano José Francisco Gonçalves Sevivas.

 

Les-Lobes - David Magno - Blogue.jpg

Les-Lobes - David Magno

 Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

David Magno no seu livro “Les-Lobes na batalha de La-Lys”, na pág. 107 diz: “O Alferes de metralhadoras José Francisco Sevivas, maneja uma junto ao 2º. Comandante interino, até que…” sem saber explicar como, se desliga de mim….” Diz este Capitão, “- mete-se por uma trincheira de comunicações e perde-se numa volta”. Também David Magno no Livro “La Couture”, perante a história, diz na pág. 44 o seguinte: “Este Alferes José Francisco Gonçalves Sevivas, abandonou autenticamente o seu posto de combate e os seus chefes diante da aproximação dos Alemães”!!!. O próprio Capitão Bento Roma 2º. Comandante Interino diz que não sabe como este Sevivas se desligou dele…. Meteu-se por uma trincheira de comunicação e perdeu-se numa volta...”. Também recentemente, numa tese doutoral apresentada no Instituto Universitário de Lisboa, da autoria de Miguel Nunes Ramalho, em 2015 diz-nos na pág. 113: “Foi nesta terra de Flandres, desde Amantieres a la Bassé, de Merveille a Béthame que as tropas portuguesas viveram e sofreram o seu grande calvário ignorando a verdadeira razão da luta para a qual foram lançados”. E serão as divergências no comando de Infantaria 13 que vão lançar a polémica onde o Alferes Sevivas, se vai ver envolvido. Continuando ainda na obra referenciada na pág. 187: “Mais polémica terá sido a referência ao Alferes Miliciano José Francisco Gonçalves Sevivas. Segundo informações o Alferes Sevivas tinha escapado do reduto onde se encontrava junto do Capitão Bento Roma, fugindo para a base do CEP, na altura em que estavam a ser atacados pelos alemães, escrevendo no seu relatório que tinha visto morrer o seu comandante e o 2º. Comandante por carga de baioneta com o inimigo. Também é enigmática a forma como o Capitão Bento Roma, descreve o desaparecimento do Miliciano Sevivas, “no meio do matraquear das metralhadoras é então que sem saber explicar, como se desliga de mim o Alferes Sevivas, mete-se por uma trincheira de comunicação e perde-se numa volta. O subalterno aproveitou uma distração de Bento Roma e cavou para a base. Apesar desta fuga para a retaguarda. O Comandante Pissara não se esqueceu do conterrâneo propondo-lhe um louvor”. Toda esta polémica não passaria de um mal-entendido. E o caso não ficará por aqui, e segue mais tarde para tribunal militar. E continuando ainda com o mesmo autor da referida tese e na pág. 232 diz-nos: “mas também não faltou o louvor ao Alferes José Francisco Gonçalves Sevivas, porque; “no dia 9 de Abril bateu-se na Couture com muita coragem sangue frio e decisão e competência”….

 

La Couture - David Magno - Blogue.jpg

La Couture - David Magno

  Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Também o autor do livro “Os Portugueses na Flandres” do Tenente Coronel Fernando Freiria, na pág. 281 diz-nos “que José Francisco Gonçalves Sevivas - Alferes Miliciano porque no combate de 9/04/1918, bateu-se em La Couture com muita coragem, sangue frio, decisão e competência fazendo ele próprio fogo de metralhadora, e só se retirou quando se lhe esgotaram os meios de resistência e outras dificuldades”. Também, ainda recentemente, na pág. nº. 4 do Jornal Notícias de Vila Real, de 12/04/2018, num artigo com o título “Na Crista da Onda”, do autor Ribeiro Aires, volta novamente a tal polémica à baila. Voltando novamente ao autor da Tese de Doutoramento de Miguel Nunes Ramalho, consultando a pág. 292, ficamos a saber que o Alferes Sevivas é levado a depor em tribunal militar, tendo no seu primeiro depoimento, entrado em contradições, segundo este autor, pelo que o auditor o Coronel Augusto Maria Soares viria a solicitar nova audição do Alferes Sevivas, para apuramento da verdade. Pelo que o Alferes Sevivas, volta novamente no dia 1 de Abril de 1922 a ser notificado para nova audição, mas desta vez é ouvido no Regimento de Infantaria 19 em Chaves, só que desta vez tem por auditor o Capitão Luís Borges Júnior. No seu novo depoimento o Alferes Sevivas, declarou manter em absoluto o seu primitivo depoimento. Terminado todo este imbróglio, o Alferes Sevivas vai continuar a sua carreira, acabando por mais tarde ser condecorado com a cruz de guerra de 2ª. classe.

 

Os Portugueses na Flandres - Fernando Freiria - Bl

Os Portugueses na Flandres - Fernando Freiria

  Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Já em pleno ano de 1924, será o primeiro Presidente do Núcleo de Chaves da Liga dos Combatentes.

 

Em 28 de Maio de 1926, dava o seu apoio à revolta do General Gomes da Costa, cujo apoio lhe viria a trazer mais tarde algumas benesses. Além dos vários amigos granjeados ao longo dos tempos, um dos seus grandes amigos destaca-se o Capitão Luís Borges Júnior, (Sendo mais tarde Administrador do Concelho de Chaves e delegado da PVD (PIDE), além de outros cargos sendo muito conhecido no meio flaviense, foi apelidado de o carrasco dos refugiados espanhóis durante a guerra civil.

Outro dos seus amigos foi o Tenente Horácio de Assis Gonçalves, que era de Vinhais, e chegou a ser Chefe de gabinete de Salazar e mais tarde Governador Civil de Vila Real durante os anos de 1931 a 1939.

 

Também no Assento de batismo do Major Sevivas existe um averbamento curioso, que nos diz o seguinte: “Consta em Despacho do Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca de Chaves, em que foi autorizado a adicionar no seu nome Gonçalves Sevivas, devendo ler-se José Francisco Gonçalves Sevivas. Registo Civil aos 3 dias do mês de Julho de 1933.

 

Em 3 de Abril de 1938 falecia em Outeiro Seco sua mãe Sabina Pires Sevivas, tendo sido sepultada no cemitério local de Outeiro Seco.

 

Também em Maio de 1938, o Jornal Local Nova Era escrevia o seguinte pela mão do seu grande amigo e diretor do referido jornal, Capitão Luís Borges Júnior, “Capitão Sevivas, em 4 do corrente assumiu as funções de Delegado do Comando Distrital da Legião Portuguesa, neste concelho, o nosso querido amigo Senhor Capitão José Francisco Gonçalves Sevivas, distinto oficial do bravo batalhão de Caçadores 3 desta cidade, oficial distintíssimo e nacionalista fervoroso !!!.”

 

Major Luís Borges Júnior1.jpg

 Luís Borges Júnior

Fotografia da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Entre os anos 1940 a 1942 assume o lugar de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Chaves.

 

Também entre os anos de 1948 a 1951, já com a patente de Tenente Coronel é nomeado Comandante do Regimento de Caçadores 10 de Chaves, sendo nesta altura o seu impedido o conhecido Sargento Neves. Deixaria o cargo já perto do final de 1951, por motivos de saúde, retirando-se para a sua residência no Bairro do Penedo em Outeiro Seco.

 

É possível que o nome do Major Sevivas, não diga hoje nada a uma grande parte dos outeiro secanos, sobretudo à geração nascida no período posterior ao 25 de Abril. Era tido por muitos outeiro secanos como um salazarista convicto. Outros relevam a sua pessoa e consequentemente enaltecem as qualidades morais de homem íntegro, honesto, eivado de um profundo humanismo.

 

Sendo um homem de pouco convívio com os seus conterrâneos, era um caçador profissional na caça à perdiz nas horas vagas, conjuntamente com o seu cão perdigueiro de nome Farruco. Muito dificilmente utilizava o transporte que o exército lhe punha à disposição, debaixo de chuva e vento optava por fazer o percurso a pé, utilizando os caminhos secundários, evitando o percurso pelo centro da aldeia.

 

Já desligado do serviço militar, passava os dias na varanda da sua casa a ler os jornais. Foi também ele o verdadeiro impulsionador da descoberta dos autores do assassinato do António Augusto (Celeirós).

 

Também nos contaram umas histórias onde intervém o Major Sevivas. Uma tem a ver com um grupo de jovens de Outeiro Seco. Estava-se em pleno verão. À noite os jovens da aldeia concentravam-se todos no Largo do Tanque. Aí foi feita uma aposta que tinha por finalidade entrar no quintal do Major e trazer uma melancia que estava nas escadas da varanda, sem o Major dar conta. O jovem muito sorrateiro pula o muro do Quintal, já nas escadas pega na melancia, ao mesmo tempo que pega na melancia, ecoa no silêncio da noite um tiro. Nesse momento, o Major que se encontrava ao fresco na varanda diz para o jovem, “que nunca mais tivesse aquele atrevimento porque lhe podia sair caro?”.

 

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 Foto de Fernando Ribeiro - Blogue Chaves

 

Outra delas tem a ver com o moleiro. Havia um indivíduo que todos os dias percorria a aldeia com 3 jumentos à procura de centeio para o moinho. Era empregado do Francisco Moleiro, o seu nome era Eduardo e era de Calvão, mas era conhecido na aldeia pelo “Beiças”. Estava-se no mês de outubro, caia uma chuva miudinha. O moleiro ao passar na ponte, ao lado da casa do Major, viu um homem no Quintal junto a umas couves galegas e muito depressa o moleiro diz: “Oh tio home das couves, quer mandar o pão para o moinho?”. O Major não lhe respondeu embora o moleiro barafustasse. Alguém viu a cena, chamou pelo moleiro e disse-lhe que era o Sr. Major Sevivas e tinha de ter mais respeito. A resmungar, o moleiro lá seguiu o caminho com destino ao moinho.

 

Talvez muito mais aqui poderíamos contar sobre o Major Sevivas, mas não é minha vontade ser maçador para com o amigo leitor.

 

Era dia 11 de Novembro do ano de 1957, dia de São Martinho, falecia na sua casa de Outeiro Seco o Tenente Coronel José Francisco Gonçalves Sevivas, mas para os outeiro secanos foi sempre o Major Sevivas, e ainda é.

 

E assim damos por concluído o nosso contributo, relativo aos combatentes da 1ª. Grande Guerra Mundial, pertencentes à aldeia de Outeiro Seco. Foi também nossa intenção os trazer ao conhecimento de todos os outeiro secanos, contribuir para o registo deles na história local da aldeia, prestando-lhe ao mesmo tempo uma singela homenagem hoje, em que se comemoram os 100 anos da trágica batalha de La Lys.

 

João Jacinto

  

Consulta:

Arquivo Militar

Blog Genealogia

Arquivo Distrital Vila Real

Livro Les-Lobes de David Magno

Livro La Couture de David Magno

Livro Os Portugueses na Flandres de Fernando Freiria (Ten. Coronel)

Tese de Doutoramento de Miguel Nunes Ramalho

Revista Aquae Flaviae nº 50

Várias pessoas da aldeia

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

Contributos2014.jpg

 

Agradecimento:

Aproveito aqui também para agradecer a colaboração do Humberto Ferreira, pela paciência que teve para comigo e pela disponibilização do seu Blog, pois só assim foi possível levar tudo isto ao conhecimento dos outeiro secanos. Aos meus pais e aos meus avós, pelas histórias que me contavam nas longas noites de inverno à lareira, à luz da candeia. Às dezenas de outeiro secanos, muitos deles já falecidos, que me deram maravilhosas informações. Para todos o meu bem-haja. Viva Outeiro Seco!

 

João Jacinto

  

Publicado por Humberto Ferreira às 00:05

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1 comentário:
De Anónimo a 10 de Abril de 2018 às 09:07
Excelente trabalho. Devia ser editado para a posteridade e disponibilizado em local apropriado para consulta pública. Parabéns aos autores.
VA

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