Hoje as minhas memórias de infância, não sei porque motivo, trazem-me à lembrança uma velha recordação dos anos chuvosos em Outeiro Seco.
Sendo estes anos chuvosos propícios ao desenvolvimento de este tipo planta: as merugens, pois necessitam de grande quantidade de água corrente.
Esta planta é comestível, mas tem um período de vida muito curto.
Dá-se muito bem nas bordas dos ribeiros, nas valas (abertas) dos lameiros, onde outrora corriam águas límpidas e cristalinas, pelo que nos dias de hoje será difícil de encontrar. São minúsculas plantas que formam um autêntico tapete flutuante sobre as correntes de água.
Quando se detetava um local onde a planta em causa aparecia, pegava-se numa tesoira e uma saca, e procedia-se ao corte, era uma operação muito cuidadosa, tinham de ser cortadas logo a seguir as folhas, ou não se podiam comer, pois ficavam com um sabor amargo, e por norma tinham de ser de água corrente e não parada.
Feita esta operação, chegava-se a casa e procedia-se à sua lavagem em várias águas. Depois eram colocadas em uma travessa temperadas com sal grosso bastante azeite e vinagre. Um verdadeiro manjar dos Deuses.
No mês de Fevereiro e parte de Março, era a fase em que se comiam. Pois segundo aquilo que diziam as pessoas de idade, depois do Cuco chegar já não prestavam, porque o cuco cagava nelas.
Ou seja, esta planta tem um ciclo muito curto e logo que aparecem os primeiros calores de Março, começam a florir e deixam de ter valor comestível.
Espero que desfrutem de um bom prato de merugens, mas em Outeiro Seco hoje não sei onde será possível descobrir tal manjar da forma como grassa para aqueles lados a poluição, mas se encontrarem aproveitem, não perdem nada.
João Jacinto
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