“À MINHA CIDADE …”
Falta-lhe o “JARDIM das FREIRAS”!
E como, na NOSSA TERRA, os lugares de convívio e de socialização, tal como os Jardins, são os chamados ‘Largos», muitas vezes se lhe ouve chamar-lhe «O LARGO DAS FREIRAS»!
À MINHA CIDADE falta-lhe aquele brinquinho onde, antes, a água combinava com os canteiros sempre floridos, e as árvores dissimulavam sinais de compadrio, de atrevimento, de compromisso, e os bancos eram sala de estudo ao ar livre, escondendo da mentira a verdade do enamoramento, e onde os caloiritos púberes corriam ao «vê se me agarras», gritando alegrias antecipadas de futuras conquistas.
Na «Esquina do Lopes», os marmanjolas já entradotes na idade «metiam-se» com o Lopes, incitando-o a matrimoniar-se. E o Lopes desabafava com a graça que se lhe conhecia:
- «Que remédio lá terei que ter! Até aqui na minha porta está escrito: CASA LOPES!
Nas Quartas-feiras, Dia de Feira, era uma enchente de gente a chegar aos CORREIOS.
E lá estava, qual adivinho, aquele estudante «galifeu» sempre pronto a dar uma ajuda a fazer uma direcção, a saber quanto custava o selo para o Brasil ou a América, ou como ir à «Posta Restante».
Os Carteiros “eram (quase) todos bons rapazes”; as meninas e senhoritas bondosas, que vendiam selos, carimbavam encomendas, ligavam o telefone e diziam como preencher o registo ou o vale postal cumpriam o seu dever cheiinhas de simpatia.
Vá-se ao que se vá a Chaves, a Rua de Stº. António é um lugar de passagem obrigatório.
Suba-se ou desça-se, os olhos olham e a curiosidade morre de fartura.
Os olhos olham e as pessoas mostram-se.
Hoje, o "Sport", tal como o "Arrabalde" (esquina do Mocho e da Casa do Dr. Alcino; Largo e gradeamento do Quiosque) é o arraial de basbaques; de «armadilhas» quando em grupo: de "cheios- de – razão – não - tendo –nenhuma”; de «sornas», pedantemente instalados entre meia dúzia que realmente dá ao lugar o estatuto de Sala - de - estar da cidade.
Em decaimento, pouco falta ao "Sport" para se tornar em mais um lugar «rasca», de uma Cidade à rasca, pois cada vez mais a estão a pôr mais rasca.
O «Ibéria, o «Jorge», o Geraldes, o «Cabeco», a «Dorinha, o «Mondariz», o «Aurora», o «Central, o «Brasil», o «Pàraketo», etc.,etc., tinham mais «identidade» do que os «panikes», os «pão-quente -a -qualquer -hora»; os «snack's» e outros que tais que por aí abundam às três pancadas.
E o “SPORT”, como símbolo de ágora e de miradouro, está estragado pelo que lhe falta na envolvência e pela decrepitude de rotinas.
Outrora, o “SPORT” foi uma taberna onde os «homes» preparavam o ânimo para a caminhada, já pelo escuro do dia, que os levaria a mais dois ou três “apeadeiros”, antes que o escuro da noite já estivesse do lado de lá da fronteira do dia seguinte.
Remodelou-se e passou a Café, a ponto de encontro e a sacada de rés – do – chão, de onde se debruça a atávica curiosidade dos que estão sempre à espera de quem passa, para lhes dar corda à imaginação e alimento às atenuantes das suas frustrações, onde muitos se perdem só a olhar e a maioria se «apalanca» para se fazer notar.
E «As Freiras», sem sombra nem bancos; sem passarada e sem estudantada; sem canteiros e sem flores, lembram uma tumba com laje da cor cinzento-triste das Irmãs Franciscanas!
Luís Henrique Fernandes
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