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Segunda-feira, 9 de Abril de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – José Francisco Gonçalves Sevivas"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

 

Os militares de Outeiro Seco que estiveram na Grande Guerra de 1914-1918 foram muito esquecidos.

 

Agora que se comemoram os 100 anos desse acontecimento, foi minha vontade fazer com que saíssem do anonimato, inclusive da própria família, para lhes dar o lugar merecido na história local.

 

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Alguns deles estiveram em África e muitos, em França. Hoje em dia, na aldeia, praticamente já não se fala em gaseados. Dos que morreram, por lá ficaram sepultados. Hoje vamos falar de um outeiro secano que para muitos foi o Major Sevivas e vai continuar na história local de Outeiro Seco a ser o Major Sevivas, embora tenha atingido uma alta patente da hierarquia militar, a de Tenente-coronel.

 

Mas amigo leitor, não quero ser maçador com tudo isto, mas permita-me que me debruce um pouco sobre os antepassados do nosso combatente e só depois nos iremos ocupar do nosso Major Sevivas, para que não restem dúvidas.

 

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Fonte: Memórias da Guarda Fiscal - Posto de Soutelinho da Raia

 

Seu pai, João Gonçalves Sevivas, nasceu no dia 28 de Outubro do ano de 1864, era filho de António Sevivas e de Ana Gonçalves Agrela, de Outeiro Seco. Já com idade adulta passou a ser soldado da Guarda Fiscal, sendo destacado para o posto de Soutelinho da Raia e, ora para o posto de Vilarelho da Raia, ora para o de Travancas.

 

Através do assento do livro de casamentos de Vilarelho da Raia de 1889, vamos descobrir o assento nº.8 e que nos diz o seguinte:

Que no dia três do mês de Agosto do ano de mil oitocentos e oitenta e nove, João Gonçalves Sevivas, batizado na freguesia de Outeiro Seco, Cabo da Guarda Fiscal estacionado no Posto de Vilarelho da Raia, filho de António Gonçalves Sevivas e de Ana Gonçalves Sevivas, com a idade de vinte e cinco anos. Contraia matrimónio com Sabina Pires de dezanove anos de idade e filha de Francisco Pires e de Ana Daira de Vilarelho da Raia”.

 

Era muito comum na aldeia ouvir-se da parte das pessoas que a vida de um Guarda Fiscal era como a dos ciganos, andavam sempre com a trouxa as costas. Era o que acontecia a este outeiro secano, tão depressa estava num local como noutro.

 

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Fonte: Memórias da Guarda Fiscal - Posto de Vilarelho da Raia

 

Deste casamento, viram a luz do dia sete filhos, sendo dois rapazes e cinco raparigas. O primeiro filho seria o José Francisco, depois o João, a seguir a Libânia, a Olinda, a Ana, a São, e por último a Arminda.

 

O José Francisco acabaria por seguir a carreira militar. O João ainda muito jovem abalou para os Estados Unidos da América, constituiu família e por lá ficou. Nunca mais cá veio. A Libânia acabaria por ser a única filha a casar, com o Tenente de Infantaria Luiz Faria Barroso Mariz, tendo este ainda atingido a patente de Capitão, foi Comandante da 4º. Companhia da Guarda Fiscal de Chaves nos anos 1934-1949. Não tiveram descendentes. A Olinda, a Ana e Arminda dedicaram-se sempre as tarefas agrícolas da casa. A Ana viria a falecer no ano de 1970, sendo a Arminda a última a falecer. Quanto à São, esta ocupava-se das lides domésticas da casa, era de todas a mais devota.

 

Seu pai João Gonçalves Sevivas, no ano de 1906, era promovido ao posto de Sargento da Guarda Fiscal. Também aquando das Incursões Monárquicas de Paiva Couceiro em 1912, recebeu do Governo da República um louvor, pelos bons serviços prestados à jovem República Portuguesa.

 

Depois desta breve resenha sobre a família Sevivas, passamos à figura principal da nossa história, ou seja, ao José Francisco Gonçalves Sevivas, o nosso Major Sevivas.

 

Tinham passado três anos desde que o casal Sevivas tinha contraído matrimónio. O cabo João Gonçalves Sevivas acabava de ser destacado para o comando do posto de Soutelinho da Raia, no início do ano de 1892 e será nesta aldeia que nasce o primeiro filho do casal a quem seria dado o nome de José Francisco.

 

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 Fonte: Liga dos Combatentes

 

Fomos investigar os livros de batismo da freguesia de Soutelinho da Raia, referente ao ano de 1892. Aí encontrámos o Assento nº. 11 que nos diz o seguinte:

Assento nº. 11 do ano de 1892. Aos quatorze dias do mês de Agosto do ano de mil oitocentos e noventa e dois, nesta igreja paroquial de Santo António de Soutelinho da Raia, do concelho de Chaves, arquidiocese de Braga, batizei solenemente uma creança do sexo masculino, que nasceu nesta freguesia, pelas cinco horas da manhã do dia nove do mês de Agosto, de mil oitocentos e noventa e dous, e ao qual dei o nome de José Francisco, filho legítimo de João Gonçalves Sevivas natural de Outeiro Seco e de Savina Pires natural de São Tiago de Vilarelho da Raia, neto paterno de António Gonçalves Sevivas, e de Ana Gonçalves Agrela, e materno de Francisco Pires e de Ana Pires Daira naturais de Vilarelho da Raia. Foram seus padrinhos o Reverendo Joaquim Alves Crespo, desta freguesia e José Branco Sanches natural de Vilarelho da Raia, que sei serem os próprios.

O Abade Álvaro Pais de Araújo.

 

O José Francisco, como referimos, seria o primeiro filho do casal, toda a sua juventude seria repartida entre Soutelinho da Raia, Outeiro Seco e Vilarelho da Raia. Ora num local ora noutro, os anos iam passando e o jovem José Francisco ia crescendo. Terminados os estudos primários, o José Francisco é enviado para a cidade de Braga para aí continuar os seus estudos eclesiásticos, com a condição de vir a ser ordenado padre, sendo esta a vontade de seus pais.

 

Mas nessa altura viviam-se tempos de incerteza no país. O José Francisco, já com os seus 18 anos, não era alheio a essas mudanças. Assiste à implantação da República em 1910. Passados dois anos, em 1912, assiste à revolução de Couceiro. Já com maioridade aproxima-se o cumprimento dos deveres militares para com a Pátria. Será no decorrer do ano de 1912 que se apresenta à inspeção militar, ficando apto para todo o serviço. O jovem desiste da sua carreira sacerdotal e abraça a carreira militar, talvez influenciado pela carreira militar de seu pai. O jovem é indicado para servir a arma de infantaria, seguindo para o Regimento de Infantaria 13 de Vila Real. Nessa altura ainda não havia guerra na Europa, nem nada que indicasse que pudesse acontecer. Continua a sua preparação militar em Vila Real, mas já em pleno ano de 1914, os ventos que sopram do norte da Europa anunciam a guerra. Finda a sua preparação militar em Vila Real com o posto de Alferes Miliciano e como comandante de pelotão oficial de metralhadoras ligeiras do Regimento de Infantaria 13. Surgem os primeiros focos de invasão das Colónias e em 3 de Fevereiro de 1915, embarca com destino ao sul de Angola acompanhado de um batalhão de infantaria 13, regressando com as primeiras forças militares, depois de terminada campanha em 15 de Outubro de 1915.

 

Ainda não se tinha completado um ano do seu regresso de África, já estava a ser mobilizado para a guerra de França. A 22 de Abri de 1917 embarcava com destino a Brest, para depois ser deslocado para a frente de combate, como podemos verificar no seu Boletim do CEP.

 

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Assinatura de José Francisco Gonçalves Sevivas - Boletim do CEP

 

José Francisco com a patente de Alferes Miliciano do 2º. Batalhão de Infantaria 13, da 2ª. Divisão e 5ª. Brigada de Infantaria, era filho de João Gonçalves Sevivas e de Savina Pires. Diz-nos ainda que era natural de Soutelinho da Raia e que o parente mais próximo era o seu pai, residente em Soutelinho da Raia do concelho de Chaves. Já na frente, José Francisco vai tomar parte na célebre batalha de La Lys do dia 9 de Abril de 1918. Consta ainda no seu boletim “Licença de Campanha por 20 dias desde 19 de Outubro de 1917 cessando a 1 de Novembro. Passou a desempenhar as funções de Oficial de Granadeiros acumulando com as de Oficial de Metralhadoras Ligeiras desde 20 de Fevereiro de 1918. Louvado porque no dia 9 de Abril de 1918 bateu-se em La Couture com muita coragem e sangue frio, decisão e competência, fazendo ele próprio fogo de metralhadora e só retirando quando se lhe esgotaram os meios de resistência e através de dificuldades. O. do Q. G C.nº144 de 29 de Maio de 1918. Licença da Junta por 90 dias em sessão de 3 de Julho.

 

Mas será nesta batalha que se dá uma das maiores polémicas do CEP. É neste dia 9 de Abril de 1918, que pelas 4:15 da madrugada, dá início o ataque Alemão e será no decorrer desta batalha que o verniz estala entre o Capitão da 1ª. Companhia, Bento Roma e o Capitão da 2ª. Companhia, David Magno e são várias as referências feitas à pessoa do Alferes Miliciano José Francisco Gonçalves Sevivas.

 

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Les-Lobes - David Magno

 Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

David Magno no seu livro “Les-Lobes na batalha de La-Lys”, na pág. 107 diz: “O Alferes de metralhadoras José Francisco Sevivas, maneja uma junto ao 2º. Comandante interino, até que…” sem saber explicar como, se desliga de mim….” Diz este Capitão, “- mete-se por uma trincheira de comunicações e perde-se numa volta”. Também David Magno no Livro “La Couture”, perante a história, diz na pág. 44 o seguinte: “Este Alferes José Francisco Gonçalves Sevivas, abandonou autenticamente o seu posto de combate e os seus chefes diante da aproximação dos Alemães”!!!. O próprio Capitão Bento Roma 2º. Comandante Interino diz que não sabe como este Sevivas se desligou dele…. Meteu-se por uma trincheira de comunicação e perdeu-se numa volta...”. Também recentemente, numa tese doutoral apresentada no Instituto Universitário de Lisboa, da autoria de Miguel Nunes Ramalho, em 2015 diz-nos na pág. 113: “Foi nesta terra de Flandres, desde Amantieres a la Bassé, de Merveille a Béthame que as tropas portuguesas viveram e sofreram o seu grande calvário ignorando a verdadeira razão da luta para a qual foram lançados”. E serão as divergências no comando de Infantaria 13 que vão lançar a polémica onde o Alferes Sevivas, se vai ver envolvido. Continuando ainda na obra referenciada na pág. 187: “Mais polémica terá sido a referência ao Alferes Miliciano José Francisco Gonçalves Sevivas. Segundo informações o Alferes Sevivas tinha escapado do reduto onde se encontrava junto do Capitão Bento Roma, fugindo para a base do CEP, na altura em que estavam a ser atacados pelos alemães, escrevendo no seu relatório que tinha visto morrer o seu comandante e o 2º. Comandante por carga de baioneta com o inimigo. Também é enigmática a forma como o Capitão Bento Roma, descreve o desaparecimento do Miliciano Sevivas, “no meio do matraquear das metralhadoras é então que sem saber explicar, como se desliga de mim o Alferes Sevivas, mete-se por uma trincheira de comunicação e perde-se numa volta. O subalterno aproveitou uma distração de Bento Roma e cavou para a base. Apesar desta fuga para a retaguarda. O Comandante Pissara não se esqueceu do conterrâneo propondo-lhe um louvor”. Toda esta polémica não passaria de um mal-entendido. E o caso não ficará por aqui, e segue mais tarde para tribunal militar. E continuando ainda com o mesmo autor da referida tese e na pág. 232 diz-nos: “mas também não faltou o louvor ao Alferes José Francisco Gonçalves Sevivas, porque; “no dia 9 de Abril bateu-se na Couture com muita coragem sangue frio e decisão e competência”….

 

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La Couture - David Magno

  Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Também o autor do livro “Os Portugueses na Flandres” do Tenente Coronel Fernando Freiria, na pág. 281 diz-nos “que José Francisco Gonçalves Sevivas - Alferes Miliciano porque no combate de 9/04/1918, bateu-se em La Couture com muita coragem, sangue frio, decisão e competência fazendo ele próprio fogo de metralhadora, e só se retirou quando se lhe esgotaram os meios de resistência e outras dificuldades”. Também, ainda recentemente, na pág. nº. 4 do Jornal Notícias de Vila Real, de 12/04/2018, num artigo com o título “Na Crista da Onda”, do autor Ribeiro Aires, volta novamente a tal polémica à baila. Voltando novamente ao autor da Tese de Doutoramento de Miguel Nunes Ramalho, consultando a pág. 292, ficamos a saber que o Alferes Sevivas é levado a depor em tribunal militar, tendo no seu primeiro depoimento, entrado em contradições, segundo este autor, pelo que o auditor o Coronel Augusto Maria Soares viria a solicitar nova audição do Alferes Sevivas, para apuramento da verdade. Pelo que o Alferes Sevivas, volta novamente no dia 1 de Abril de 1922 a ser notificado para nova audição, mas desta vez é ouvido no Regimento de Infantaria 19 em Chaves, só que desta vez tem por auditor o Capitão Luís Borges Júnior. No seu novo depoimento o Alferes Sevivas, declarou manter em absoluto o seu primitivo depoimento. Terminado todo este imbróglio, o Alferes Sevivas vai continuar a sua carreira, acabando por mais tarde ser condecorado com a cruz de guerra de 2ª. classe.

 

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Os Portugueses na Flandres - Fernando Freiria

  Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Já em pleno ano de 1924, será o primeiro Presidente do Núcleo de Chaves da Liga dos Combatentes.

 

Em 28 de Maio de 1926, dava o seu apoio à revolta do General Gomes da Costa, cujo apoio lhe viria a trazer mais tarde algumas benesses. Além dos vários amigos granjeados ao longo dos tempos, um dos seus grandes amigos destaca-se o Capitão Luís Borges Júnior, (Sendo mais tarde Administrador do Concelho de Chaves e delegado da PVD (PIDE), além de outros cargos sendo muito conhecido no meio flaviense, foi apelidado de o carrasco dos refugiados espanhóis durante a guerra civil.

Outro dos seus amigos foi o Tenente Horácio de Assis Gonçalves, que era de Vinhais, e chegou a ser Chefe de gabinete de Salazar e mais tarde Governador Civil de Vila Real durante os anos de 1931 a 1939.

 

Também no Assento de batismo do Major Sevivas existe um averbamento curioso, que nos diz o seguinte: “Consta em Despacho do Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca de Chaves, em que foi autorizado a adicionar no seu nome Gonçalves Sevivas, devendo ler-se José Francisco Gonçalves Sevivas. Registo Civil aos 3 dias do mês de Julho de 1933.

 

Em 3 de Abril de 1938 falecia em Outeiro Seco sua mãe Sabina Pires Sevivas, tendo sido sepultada no cemitério local de Outeiro Seco.

 

Também em Maio de 1938, o Jornal Local Nova Era escrevia o seguinte pela mão do seu grande amigo e diretor do referido jornal, Capitão Luís Borges Júnior, “Capitão Sevivas, em 4 do corrente assumiu as funções de Delegado do Comando Distrital da Legião Portuguesa, neste concelho, o nosso querido amigo Senhor Capitão José Francisco Gonçalves Sevivas, distinto oficial do bravo batalhão de Caçadores 3 desta cidade, oficial distintíssimo e nacionalista fervoroso !!!.”

 

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 Luís Borges Júnior

Fotografia da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Entre os anos 1940 a 1942 assume o lugar de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Chaves.

 

Também entre os anos de 1948 a 1951, já com a patente de Tenente Coronel é nomeado Comandante do Regimento de Caçadores 10 de Chaves, sendo nesta altura o seu impedido o conhecido Sargento Neves. Deixaria o cargo já perto do final de 1951, por motivos de saúde, retirando-se para a sua residência no Bairro do Penedo em Outeiro Seco.

 

É possível que o nome do Major Sevivas, não diga hoje nada a uma grande parte dos outeiro secanos, sobretudo à geração nascida no período posterior ao 25 de Abril. Era tido por muitos outeiro secanos como um salazarista convicto. Outros relevam a sua pessoa e consequentemente enaltecem as qualidades morais de homem íntegro, honesto, eivado de um profundo humanismo.

 

Sendo um homem de pouco convívio com os seus conterrâneos, era um caçador profissional na caça à perdiz nas horas vagas, conjuntamente com o seu cão perdigueiro de nome Farruco. Muito dificilmente utilizava o transporte que o exército lhe punha à disposição, debaixo de chuva e vento optava por fazer o percurso a pé, utilizando os caminhos secundários, evitando o percurso pelo centro da aldeia.

 

Já desligado do serviço militar, passava os dias na varanda da sua casa a ler os jornais. Foi também ele o verdadeiro impulsionador da descoberta dos autores do assassinato do António Augusto (Celeirós).

 

Também nos contaram umas histórias onde intervém o Major Sevivas. Uma tem a ver com um grupo de jovens de Outeiro Seco. Estava-se em pleno verão. À noite os jovens da aldeia concentravam-se todos no Largo do Tanque. Aí foi feita uma aposta que tinha por finalidade entrar no quintal do Major e trazer uma melancia que estava nas escadas da varanda, sem o Major dar conta. O jovem muito sorrateiro pula o muro do Quintal, já nas escadas pega na melancia, ao mesmo tempo que pega na melancia, ecoa no silêncio da noite um tiro. Nesse momento, o Major que se encontrava ao fresco na varanda diz para o jovem, “que nunca mais tivesse aquele atrevimento porque lhe podia sair caro?”.

 

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 Foto de Fernando Ribeiro - Blogue Chaves

 

Outra delas tem a ver com o moleiro. Havia um indivíduo que todos os dias percorria a aldeia com 3 jumentos à procura de centeio para o moinho. Era empregado do Francisco Moleiro, o seu nome era Eduardo e era de Calvão, mas era conhecido na aldeia pelo “Beiças”. Estava-se no mês de outubro, caia uma chuva miudinha. O moleiro ao passar na ponte, ao lado da casa do Major, viu um homem no Quintal junto a umas couves galegas e muito depressa o moleiro diz: “Oh tio home das couves, quer mandar o pão para o moinho?”. O Major não lhe respondeu embora o moleiro barafustasse. Alguém viu a cena, chamou pelo moleiro e disse-lhe que era o Sr. Major Sevivas e tinha de ter mais respeito. A resmungar, o moleiro lá seguiu o caminho com destino ao moinho.

 

Talvez muito mais aqui poderíamos contar sobre o Major Sevivas, mas não é minha vontade ser maçador para com o amigo leitor.

 

Era dia 11 de Novembro do ano de 1957, dia de São Martinho, falecia na sua casa de Outeiro Seco o Tenente Coronel José Francisco Gonçalves Sevivas, mas para os outeiro secanos foi sempre o Major Sevivas, e ainda é.

 

E assim damos por concluído o nosso contributo, relativo aos combatentes da 1ª. Grande Guerra Mundial, pertencentes à aldeia de Outeiro Seco. Foi também nossa intenção os trazer ao conhecimento de todos os outeiro secanos, contribuir para o registo deles na história local da aldeia, prestando-lhe ao mesmo tempo uma singela homenagem hoje, em que se comemoram os 100 anos da trágica batalha de La Lys.

 

João Jacinto

  

Consulta:

Arquivo Militar

Blog Genealogia

Arquivo Distrital Vila Real

Livro Les-Lobes de David Magno

Livro La Couture de David Magno

Livro Os Portugueses na Flandres de Fernando Freiria (Ten. Coronel)

Tese de Doutoramento de Miguel Nunes Ramalho

Revista Aquae Flaviae nº 50

Várias pessoas da aldeia

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Agradecimento:

Aproveito aqui também para agradecer a colaboração do Humberto Ferreira, pela paciência que teve para comigo e pela disponibilização do seu Blog, pois só assim foi possível levar tudo isto ao conhecimento dos outeiro secanos. Aos meus pais e aos meus avós, pelas histórias que me contavam nas longas noites de inverno à lareira, à luz da candeia. Às dezenas de outeiro secanos, muitos deles já falecidos, que me deram maravilhosas informações. Para todos o meu bem-haja. Viva Outeiro Seco!

 

João Jacinto

  

Publicado por Humberto Ferreira às 00:05

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Quarta-feira, 28 de Março de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Joaquim Estorga Salgado"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

Em todas as aldeias existem personagens tratadas com deferência, sem muitas das vezes terem aparentemente nada que os destaque dos restantes habitantes, enquanto outros deveriam permanecer na memória coletiva, só restando deles o nome ou talvez uma simples fotografia, já agastada pelo tempo.

 

Quando procuramos saber quais os outeiro secanos que foram mobilizados para a 1ª. Guerra Mundial de 1914-1918, fomos confrontados que no espaço de duas décadas, nas gerações mais idosas, esses acontecimentos tinham praticamente caído no esquecimento.

 

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Pelo que soubemos é que essas ocorrências deixaram traumatismos, e marcas que muitas das vezes não queriam ser relembradas e que foram passadas em terras bem distantes, e que após o seu regresso, e a dureza dos tempos que corriam, e uma vida intensa relegaram esses acontecimentos para segundo plano, ou passaram para o esquecimento.

  

Foi com grande surpresa quando procedíamos à nossa investigação sobre os combatentes de Outeiro Seco, sendo eles os seguintes; “ Manuel dos Santos, José Figueiras, Francisco Morgado, Filipe Ranheta (este natural de V. Verde Raia), Sargento José Francisco Gonçalves Sevivas, Abel Agrela, 1º. Cabo Joaquim Estorga Salgado, Albino de Carvalho, soldado nº 929, filho de João Carvalho e Maria Silvana, único outeiro secano falecido em terras de França, faleceu em 06/03/1918 de tuberculose pulmonar, pertencia à 1ª. Companhia do Regimento de Infantaria 19. Mas será apenas sobre o combatente, Joaquim Estorga Salgado que aqui vamos escrever.

 

O Joaquim nasceu em Outeiro Seco a 03/08/1893, filho de António Estorga Salgado e de Maria Júlia Alves ou (Portela) era o 2º. Filho do casal de um total de 8 irmãos.

 

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Fotografia gentilmente cedida pela Ana Maria Salgado

 

O Joaquim percorreu as ruas da maravilhosa aldeia de Outeiro Seco, durante a sua mocidade, aqui conviveu com outros jovens, foi nesta aldeia que aprendeu as primeiras letras.

 

Já com os seus 19 anitos viu na madrugada do 08/07/1912, passar as tropas de Couceiro.

 

Quis o destino que logo no ano seguinte (1913), o Joaquim assentasse praça no Regimento de Infantaria 19. Faz a sua recruta no R.I. 19, sendo promovido no final da recruta a cabo, talvez esta promoção ou a falta de perspetivas levem Joaquim, a seguir a vida militar.

 

Já em pleno ano de 1914, as coisas pela Europa não estão famosas, paira no ar o som dos tambores de Guerra.

 

Chegado o mês de Janeiro de 1915, logo no início o Regimento de Infantaria 19, de Chaves, no seu 3º. Batalhão, é recebida a ordem de mobilização com destino a Africa, pois as colónias eram alvo de investida por parte dos Alemães.

A 17 de Janeiro de 1915, procede-se ao sorteio das praças das classes de 1912 e 1913, do 1º. e 2º. Batalhão de Infantaria 19, e que deveriam completar o efetivo a mobilizar.

 

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Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

A 28 de Janeiro, seguiu para Lisboa o 1º. Contingente de soldados do R.I. 19, sendo fixada a partida dos restantes soldados o dia 31 de Janeiro de 1915.

 

Às 13 horas do dia 31/01/1915, após uma breve alocução, pelo Coronel Augusto César Ribeiro de Carvalho, comandante do Regimento, toda a força militar saiu a caminho de Vidago. Nesse mesmo dia parte o comboio com destino à Régua, onde seria feito o transbordo com destino ao Porto.

 

Às primeiras horas do dia 1 de Fevereiro, chegavam ao Porto, feito novo transbordo para o comboio que os levaria a Lisboa (Santa Apolónia), sendo logo feito o desembarque, seguem para o quartel da Cova da Moura, à espera da viagem marítima.

 

Às 12 horas do dia 3 de Fevereiro, todo o pessoal e material, já se encontra no paquete Portugal, da parte da tarde larga âncora com destino à Madeira, fazendo ai escala, para logo no dia seguinte seguir novamente viagem com destino a Angola.

 

 

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 Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Já ao amanhecer do dia 19 de Fevereiro, se avistava a baia de Luanda permanecendo ai algumas horas, para logo iniciar viagem com destino ao porto de Moçâmedes, onde chegou às 7 horas do dia 23 de Fevereiro. Nesse mesmo dia desembarca todo o Batalhão, dirigindo-se de imediato para o acampamento, no lugar das Hortas.

 

Em 20 de Março aí permanecem no acampamento, durante a sua permanência em Moçâmedes, onde prestam vários serviços, o Batalhão procedeu a várias escoltas de comboios, tendo essas operações sido confiadas aos 1º. Cabos, e que a seguir são mencionados, e os quais cumpriram essa missão com a maior lealdade e patriotismo:

1º. Cabo Manuel Monteiro, José Gomes, Ildefonso Valério Ferreira Pinto, José do Nascimento, Cassiano José Mendes; Cesar Augusto Mirandês, Guilherme Ribeiro, Manuel Joaquim, João Maria Teixeira, Domingos Alves Mestre, Eduardo Leitão dos Santos, Artur Elias Sousa, Henrique Pascoal, Algemino Duarte, José Lopes Diogo, Francisco Augusto de Sousa, e JOAQUIM ESTORGA SALGADO.

 

A 2 de Julho o Batalhão deixa Moçâmedes. Já na noite de 3 de Julho chega a Quilemba, executando na manhã do dia 4 marcha ate Lubango, onde ficou alojado.

 

 

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Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

A 16 de Julho aí é instalado o quartel-general, serão os contingentes da 11ª. Companhia e 12ª. que vão fazer parte da conquista do Cuahama, sendo assim dado começo ao 2º. período das operações além Cunene.

 

No dia 24 de Julho às 7 horas a Companhia 11ª e 12ª partem para Humbe, onde chegaria a 9 de Agosto com 302 soldados e os seguintes oficiais, sargentos e 1º. Cabos.

12ª. Companhia, Capitão António Rodrigues da C. Azevedo, Alferes Frederico Tamagnini de S. Barbosa, João Almeida Serra, Henrique Perestrelo da Silva, 1º. Sargento Rafael Gama, 2º. Sargento Amílcar Afonso P. Camoezas, António Mendes Cardoso, Ermogénio de Almeida, Júlio António da Trindade, 1º. Cabos António dos Santos, JOAQUIM ESTORGA SALGADO, Guilhermino Ribeiro, José do Nascimento, João Eduardo Coelho, José Joaquim Dias Pereira, Henrique Pascoal Artur Rodrigues, António Rodrigues e Firmino Morais.

 

A 20 de Agosto toda a 12ª. Companhia passa a fazer parte da coluna do Cuamato, marchando para o Vau de Chimbua. Incorporados no destacamento do Cuamato, tendo tomado parte no combate da #Chana da Mula# em 24 de Agosto. Vindo depois a ser incorporados no destacamento de Negiva. Sendo destacados no posto de Oxinde desde 4 de Setembro. Sendo as forças de Infantaria 19 incorporadas nesse destacamento.

 

Já quase a findar o ano de 1915, e no dia 13 de Dezembro, o 3º. Batalhão de Infantaria 19, marcha de Lubango a Vila Arriaga, para voltar a Moçâmedes, regressando ao continente em 11 de Março de 1916, chegando ao regimento de Infantaria de Chaves a 31 de Março 1916, tendo ficado em terras de Africa 33 bravos transmontanos.

 

O outeiro secano Joaquim regressa à sua terra natal, mas continua ao serviço do R. Infantaria 19, tinha à sua espera a família e a sua futura esposa.

 

Joaquim Estorga Salgado casa nesse mesmo ano em 07/12/1916, com Ana Chaves Barrocas, o jovem recém-casado passa pouco tempo com a sua esposa, desconhecendo o que a sorte lhe reservava.

 

Às 24 horas do dia 21 de Maio de 1917, saia de Chaves com destino a Lisboa, o 1º. Batalhão de Infantaria 19, a fim de constituir em França o 2º. Depósito de Infantaria do Corpo Expedicionário Português.

 

Nele seguia o outeiro secano Joaquim Estorga Salgado do 1º. Batalhão, 2ª. Companhia e do 2º. Depósito de Infantaria sendo o 1º. Cabo nº 380 cabendo-lhe a placa de identificação nº. 9876, embarcou com destino a Brest (França) em 23/05/1917.

 

Chegado a terras de França, a 13/06/1917, JOAQUIM ESTORGA SALGADO, é colocado no batalhão do Regimento de Infantaria 21, com vários outros bravos transmontanos. Embora dispersos pelos vários Batalhões, em terras de França, os bravos transmontanos do 19 de Infantaria, cantavam por vezes, até mesmo em plena 1ª. linha o Hino do Regimento de Infantaria 19, da autoria do Flaviense “Gastão de Sousa Dias”.

 

 

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 Livro da coleção particular do Sr. João Jacinto

 

Em pleno mês de Março de 1918, todo o sector Português, era um autentico inferno de ferro e fogo, e que viria a ter por epilogo a batalha de “La-Lys”, os valorosos transmontanos de Infantaria 19, lembrando os velhos tempos. E os grandes dias de glória, laçam-se sobre as trincheiras inimigas no subsector de “Ferme de Bois”, num importante “raid” e inutilizam a 2ª. linha alemã. Pela maneira como se portaram em tão importante ação uns foram promovidos e outros condecorados. Entre eles o outeiro secano JOAQUIM ESTORGA SALGADO.

 

Do épico “raid” de 9 de Março de 1918, cabe ainda mais glória à Infantaria 19. Nele tomaram parte com elogiosas referências, os sargentos desta unidade Albano Joaquim do Couto, JOAQUIM ESTORGA SALGADO, os quais foram assim distinguidos”.

 

 

JOAQUIM ESTORGA SALGADO

Condecora com a Cruz de Guerra de 4ª. Classe Military Medal Inglesa e louvado, pela decisão e valentia de que deu provas no comando da fracção que lhe foi confiada no “raid”, efectuado com completo êxito pela sua companhia em 9 de Março de 1918-O.E. nº. 10 (2ª. Série) de 1920”.

Lembramos ainda que o Joaquim Estorga Salgado, em 22 de Dezembro de 1917, era promovido ao posto de Sargento.

 

Em 16/03/1919, apresenta-se no Comando Militar em França, a fim de seguir para Portugal, tendo desembarcado em Lisboa no dia 3 de Abril de 1919.

 

 

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Feita a sua apresentação no R. Infantaria 19 em Chaves. Regressa à sua terra natal, para recuperar de algumas mazelas da guerra.

 

Feita essa recuperação deixa também o serviço militar, sendo a sua permanência na aldeia, muito curta. Parte à procura de uma vida melhor, conjuntamente com a sua esposa e filha mais velha, vai viver e trabalhar para Anadia. No posto Agrícola de Anadia, aí permanece alguns anos.

 

Talvez pelo ano de 1924, regressa à terra natal, passando a trabalhar na Escola Agrícola Móvel Alves Teixeira em Vidago. Vindo a falecer em 26/03/1949. Tendo deixado quatro filhos: Maria, Eugénio, Augusto, e António, também já todos falecidos.

 

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Orgulhe-se Outeiro Seco, e não esqueça, este “seu filho” que terá sido um herói que andou por terras de África, passando mais dois anos de combates contínuos na 1ª. Guerra Mundial, e de grande sofrimento, soube ultrapassar as dificuldades, atuando nos momentos de perigo de forma destemida e heroica, como lhe foi reconhecido nos louvores que recebeu.

  

   João Jacinto

 

Consulta:

Arquivo Distrital de Vila Real

Livro de Batismos de Outeiro Seco

Arquivo Militar

Informações recolhidas na aldeia

Blog Genealogia

 

Nota:

Republicação de dia 12 de Fevereiro de 2014

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Quarta-feira, 21 de Março de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Domingos André"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

Prestes a terminar o nosso contributo acerca dos combatentes da Grande Guerra da aldeia de Outeiro Seco, hoje trago-vos a história de outro combatente, deixando assim um registo para as gerações futuras e atuais, para que não esqueçam os seus antepassados, os seus heróis, que na maior das dificuldades souberam dar o seu melhor das suas vidas, honrando a sua Pátria.

 

Hoje, caros amigos, vamos falar do soldado Domingos André. Relativamente a este outeiro secano, que nos fez correr Ceca e Meca, iniciámos a nossa investigação, como é costume, pelo livro de batismos da freguesia de São Miguel de Outeiro Seco, pois foi assim que fizemos com os outros combatentes. Somos levados até ao ano de 1893. É aí que vamos encontrar o Assento nº3 e será através deste registo que a nossa investigação é levada a bom porto.

 

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Reza assim o Assento nº.3 do ano de 1893 do livro de batismos da freguesia de São Miguel de Outeiro Seco.

Assento nº3:

Aos vinte e seis dias do mês de Fevereiro do ano de mil oitocentos e noventa e três, nesta igreja paroquial de São Miguel de Outeiro Seco, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Domingos, que nasceu nesta freguesia as cinco horas da tarde do dia vinte e três do dito mês, filho natural de Albina André, solteira filha de Miguel André lavrador e de Maria Bicência, natural do Pereiro de Argeriz, concelho de Valpaços, neto paterno de avôs incógnitos, neto materno de Miguel André e de Maria Bicência, foram seus padrinhos Domingos Diogo e sua filha Maria maior de idade.

O Padre António Gonçalves Amaro.

 

Mas será o seu assento de batismo que nos vai dar uma grande ajuda à nossa investigação, pois houve o cuidado da parte de alguém em registar todos os averbamentos no seu assento de batismo. O amigo leitor vai poder verificar que os averbamentos do seu assento de batismo, não coincidem com o que consta registado no Boletim do CEP.

 

Domingos André, casou com 21 anos de idade, no dia 2 de Dezembro de 1914, com Secundina Rosa de 22 anos de profissão padeira, natural da freguesia de Santo Estevam de Faiões, e residente em Faiões, e filha de João Barroso e de Maria da Conceição Cruz, também padeira.

 

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Sua esposa Secundina rosa viria a falecer em 5 de Agosto de 1963, em Faiões. A nossa dúvida é onde vivia o Domingos André, em Faiões ou em Outeiro Seco? Vamos aguardar pelos restantes dados e no final verificamos.

 

Ora o Domingos André passou a sua juventude em Outeiro Seco, casou e depois teve pela frente o serviço militar, alistado no Regimento de Infantaria 19 de Chaves, sendo mobilizado para a Grande Guerra de 1914-1918.

 

Da consulta ao seu Boletim do CEP, verificamos o seguinte:

O seu nome Domingos André, pertencia ao 1º. Batalhão, da 2ª. Companhia, 2º Depósito de Infantaria, era o soldado nº. 569, sendo a sua placa de identificação nº. 63988, e diz-nos também que o seu estado civil era solteiro, era filho de Albina do André, era natural de Outeiro Seco do concelho de Chaves, e que o parente mais próximo era a sua mãe residente em Outeiro Seco - Chaves.

 

Pois amigo leitor aqui está a contradição aparece como solteiro, o parente mais próximo a sua mãe, isto no Boletim do CEP. Mas a verdade é que já era casado e o familiar mais próximo seria a sua esposa, mas isto acontece.

 

O Domingos André parte para a frente de combate em 1917, sai do cais de Alcântara em 23 de Maio de 1917, com destino a Brest. Aí chegado é colocado na Companhia de metralhadoras em 4 de Julho de 1917. Mas caros amigos será este Domingos André um herói, não se admirem com o que vamos descrever. No seu Boletim do CEP consta o seguinte: “Louvado porque estando no dia 18 do corrente de serviço nas posições contra aeroplanos, conseguiu fazer aterrar um aeroplano inimigo entre as 1ªs e 2ªs linhas alemãs sem o concurso próximo doutras armas, pelo que demonstra muita serenidade excelente pontaria solida instrução deste tão importante serviço.” (O do 5º J. M. nº67 de 20.02.1918). Licença da Companhia em 18 de Maio de 1918. Embarcou para Portugal a bordo do transporte Pedro Nunes em 18 de Maio a fim de gozar a licença da Companhia.

 

Este combatente como todos os outros, por lá passou bons e maus momentos, era a vida dura das trincheiras. Regressou são e salvo para junto da sua esposa. Viveu na aldeia de Faiões até ao dia 21 de Março de 1968, data do seu falecimento repousando os seus restos mortais na sua terra adotiva. Assim concluímos a história de mais um combatente.

  

João Jacinto

 

 Consulta:

Arquivo Distrital de Vila Real

Arquivo Militar

Informações recolhidas na aldeia

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Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Quarta-feira, 14 de Março de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – José Ferreira Barroca Pantaleão"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

Na continuação do nosso trabalho sobre os soldados da aldeia de Outeiro Seco que participaram na Grande Guerra, hoje vamos falar do soldado José Ferreira Barroca Pantaleão.

 

Como vem sendo nosso costume, iniciámos muitas das vezes a nossa investigação pelo livro de batismos da freguesia de Outeiro Seco ou seja, é o nosso ponto de partida.

 

Caro amigo leitor, desde já alertamos que no assento de batismo deste outeiro secano, não consta nenhum averbamento adicional.

 

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Consultámos o livro de batismos de São Miguel de Outeiro Seco referente ao ano de 1892. Foi aí que encontrámos o Assento nº. 17, que nos diz o seguinte:

Aos onze dias do mês de Dezembro do ano de mil oitocentos e noventa e dois, nesta igreja paroquial de São Miguel de Outeiro Seco, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de José, que nasceu no dia quinze de Novembro do mesmo ano, filho legítimo de Francisco Ferreira e de Ana Teresa Barroca, neto paterno de José Ferreira Pantaleão e Ana Joaquina, materno de José Joaquim Ferreira e Maria Teresa Barroca, foram seus padrinhos Aníbal de Sá Tenreiro, empregado da Guarda Fiscal e sua esposa Rosária Rodrigues.

O Encomendado António Gonçalves Amaro.

 

Toda a juventude de este outeiro secano foi passada na aldeia. Atingida a idade adulta iniciava uma nova etapa na sua vida, tendo pela frente o serviço militar. Inicia a sua preparação militar no Regimento de Infantaria 19, na vila de Chaves, mas os ventos que sopravam do norte da Europa eram ventos de guerra.

 

Já com 25 anos de idade, o jovem José Ferreira Barroca Pantaleão era mobilizado para combater em França. Fomos à procura do seu boletim do CEP ao Arquivo Militar.

 

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Consultámos o seu boletim, onde verificámos o seguinte:

O José Ferreira Barroca Pantaleão era soldado do Regimento de Infantaria 19, do 1º. Batalhão, 4ª. Companhia do 2º. Depósito de Infantaria, tendo a sua placa de identificação o nº. 64361, o seu nome José Ferreira Barroca, soldado nº. 275. Também no seu boletim só la consta a sua mãe Ana Teresa Barroca, o que nos leva a deduzir que seria muito provável o seu pai ter já falecido. Embarcou no cais de Alcântara, com destino a Brest, no dia 15 de Maio de 1917. Só regressou a Lisboa no dia 10 de Abril de 1918. Já em França é colocado no Batalhão de Infantaria 15, em 15 de Junho, onde fica com o nº. 694. Baixou ao Hospital nº 1 em 30 de Outubro de 1917, é evacuado para o Hospital nº. 3 canadiano em 5 de Novembro. Teve alta em 22 tendo sido julgado incapaz de todo o serviço e de angariar os seus meios de subsistência em sessão de 2 do mesmo mês. Nada mais consta no seu boletim do CEP.

 

No entanto, segundo informações recolhidas na aldeia, de todos os soldados da aldeia vindos da guerra, o José Ferreira Barroca Pantaleão foi o que veio mais doente. A informação que nos deram foi a de que o José Ferreira Barroca Pantaleão passou a ser conhecido pela alcunha do “Marelinho”, pelo facto de andar sempre com uma cor amarelada. Diziam as pessoas que tinha sido gaseado.

 

E é tudo aquilo que conseguimos saber sobre este outeiro secano. No seu assento de batismo não consta a data do seu falecimento. É mais um combatente que trago ao conhecimento das gentes de Outeiro Seco.

 

João Jacinto

 

 

Consulta:

Arquivo Distrital de Vila Real

Livro de Batismos de Outeiro Seco

Arquivo Militar

Informações recolhidas na aldeia

Blog Genealogia

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Terça-feira, 6 de Março de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Albino de Carvalho"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

Vamos continuar com a divulgação dos combatentes da Grande Guerra. Hoje vamos trazer ao conhecimento dos outeiro secanos mais um filho da terra que esteve na guerra em França e por lá ficou sepultado.

 

Foi muito difícil saber deste nosso conterrâneo. Na aldeia pouco ou nada se falava dele, era quase de um desconhecimento total. Apenas se falava de meia dúzia de combatentes, mas alguém nos confidenciou que seriam muitos mais.

 

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Há uns bons anos atrás, em conversa com um idoso da aldeia, este confirmou-nos que deveriam ser à volta de 11 ou 12 combatentes. Também nos disse que um deles morreu em terras de França.

 

Procurámos-lhe como se chamava o combatente falecido em França. Respondeu-nos que ao certo não sabia se era Abílio ou Albino. Por isso ficámos na dúvida. Acabámos mais tarde por confirmar a veracidade das informações recebidas, pois na realidade são doze os combatentes de Outeiro Seco. Confirmámos também o verdadeiro nome do soldado que ficou sepultado em França, trata-se de Albino de Carvalho e será sobre ele que vamos falar.

 

Já que os dados fornecidos na aldeia eram relativamente muito poucos, começámos a nossa investigação mais ou menos de acordo com o ano de nascimento dos combatentes já divulgados.

 

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Monumento aos Combatentes da Grande Guerra

Fonte: Foto publicada na página www.momentosdehistoria.com de Carlos Alves Lopes

 

Fomos ao livro de Batismos da freguesia de São Miguel de Outeiro Seco, referente ao ano de 1892. Aí verificámos o seguinte:

Assento nº.11 do livro de batismos da Freguesia de São Miguel de Outeiro Seco ano de 1892.

Aos vinte e um dia do mês de Agosto do ano de mil oitocentos e noventa e dois, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Albino, que nasceu as 8 horas da manhã do dia 16 de Agosto, filho legítimo de João de Carvalho e de Maria Silvana, jornaleiros e moradores nesta freguesia, neto paterno de Luís Batista e de Maria de Carvalho, e materno de António Pereira e de Silvana Emília. Foi seu padrinho Domingos Diogo.

O Encomendado António Gonçalves Amaro.

 

Como todas as crianças daquele tempo, o Albino passou a sua juventude na aldeia de Outeiro Seco. Em 2 de Abril de 1911, já com 19 anos, fica órfão de pai. Passados uns tempos, o Albino vai cumprir os seus deveres militares.

 

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Publicação do Ministério da Guerra – Relação dos Militares Portugueses sepultados nos Cemitérios de Richebourg l’Avoué, Boulogne s/Mer e Antuérpia – Lisboa, 1937

 

Fomos até ao Arquivo Militar à procura de encontrar o Boletim do CEP referente ao Albino de Carvalho.

No seu Boletim verificámos que o Albino de Carvalho, fazia parte do Regimento de Infantaria nº 30 de Bragança, 1º. Batalhão ao qual correspondia a placa de identificação nº 62765, era o soldado nº. 929 da 1ª. Companhia. O seu estado civil era solteiro, filho de João de Carvalho (já falecido) e de Maria Silvana, natural de Outeiro Seco do concelho de Chaves.

Embarcou no cais de Alcântara em Lisboa, com destino a Brest, no dia 9 de Setembro de 1917 e faleceu em 6 de Março de 1918. Esteve na frente de batalha, mas já não combateu na célebre batalha de La Lys.

 

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Publicação do Ministério da Guerra – Relação dos Militares Portugueses sepultados nos Cemitérios de Richebourg l’Avoué, Boulogne s/Mer e Antuérpia – Lisboa, 1937

 

Na parte das observações do seu boletim podemos verificar o seguinte:

Que foi colocado no 1º. Batalhão de Infantaria nº. 3 em 22 de Novembro de 1917, baixa à ambulância CHº. 3 em 14 de Janeiro de 1918, evacuado para o 3 canadiano Hospital em 15 do mesmo mês. Julgado incapaz de todo o serviço e de auferir os meios de subsistência em sessão de 2 de Março. Alta em 4 de Março, seguindo no mesmo dia para Q. G. afim de ser repatriado.

Faleceu no Hospital marítimo de Brest, em 6 de Março de 1918, de tuberculose pulmonar sendo sepultado no cemitério, coval nº19 - 2ª. Fileira quadrado nº54.

 

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Publicação do Ministério da Guerra – Relação dos Militares Portugueses sepultados nos Cemitérios de Richebourg l’Avoué, Boulogne s/Mer e Antuérpia – Lisboa, 1937

 

Isto é o que consta no seu Boletim do CEP, mas no livro de soldados sepultados em França onde se encontra o registo do Albino de Carvalho com nº de Ordem 274, soldado com a placa nº 62765, pertencente a unidade territorial do CEP Inf.3, data da morte 6/03/918, talhão D, fila 17, coval 6, isto para se evitarem algumas dúvidas.

 

Passados 6 meses do seu falecimento era dado conhecimento à sua mãe. Como o amigo leitor pode verificar através da correspondência enviada para o Regedor da Freguesia de Outeiro Seco.

 

Ofº. Nº204

 

Serviço da República Portuguesa

Ao Cidadão Regedor da Freguesia

de Outeiro Seco

 

Queira dar conhecimento à família do soldado nº929,

Albino de Carvalho filho João de Carvalho e Maria

Silvana dessa freguesia, que o referido soldado faleceu

em França de tuberculose pulmonar.

 

Saúde e Fraternidade

Chaves 20 de Setembro de 1918

O Adm. do Concelho

 

 Já em Março de 1922 era enviado para o Regedor da Freguesia, um novo ofício.

 

Ofº. Nº95

 

Serviço da República Portuguesa

Ao Cidadão Regedor da Freguesia

de Outeiro Seco

                                           

Queira V. Exª. Intimar a comparecer nesta Administração

No mais curto espaço de tempo possível, Maria Silvana

Residente nessa freguesia afim de assinar o impresso para

receber a quantia de 6$08, espólio do soldado que foi da

1ª. Companhia de Infantaria 10 – Albino de Carvalho

falecido em França.

 

Saúde e Fraternidade

Chaves 21 de Março de 1922

O Adm. do Concelho

  

Caros amigos, assim, mais um combatente chega ao conhecimento dos outeiro secanos, mas por sorte ou mera coincidência, o Albino de Carvalho completa 100 anos do seu falecimento em 06/03/2018 ou seja, hoje, à data da nossa publicação. Talvez seja esta uma forma de lhe prestar uma singela homenagem.

 

João Jacinto

Consulta:

Livro batismos da freguesia de Outeiro Seco

Arquivo Militar

Livro de Sepultados em França

Expediente da Câmara Municipal de Chaves

Listagens de Genealogia

Informações orais

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Quarta-feira, 28 de Fevereiro de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Filipe da Ascensão (Ranheta)"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

  

Na continuação da nossa divulgação dos combatentes da Grande Guerra, referentes à aldeia de Outeiro Seco, hoje será a vez do soldado Filipe da Ascensão, mais conhecido na aldeia pela alcunha: “O Ranheta”.

 

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Talvez o amigo leitor não saiba que o Filipe da Ascensão não era filho natural de Outeiro Seco, mas sim outeiro secano por adoção. Afim de evitarmos maus juízos, amigo leitor, vamos verificar o seu assento de batismo que nos diz o seguinte:

Assento nº. 41 do Livro de batismos da Freguesia de Santo Estevão e referente ao ano de 1893.

Aos quinze dias do mês de Outubro do ano de mil oitocentos e noventa e três, na capela de Nossa Senhora das Neves do lugar de Vila Verde desta freguesia de Santo Estevão, concelho de Chaves, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino, a quem dei o nome de Filipe

Que nasceu às nove horas da noite, filho legítimo de Bernardino da Ascensão natural do lugar de Dadim, freguesia de São João da Castanheira, e de Maria Rodrigues natural de Vila Verde, jornaleiros, neto paterno de António Carneiro e de Alexandrina Rosa, e materno de Jerónimo Rodrigues e Joana Maria, foram seus padrinhos José Teixeira, Soldado da Guarda Fiscal, e sua mulher Maria Vieira da Silva.

O abade Francisco Pires de Morais.

 

Desde muito jovem, o Filipe veio para Outeiro Seco trabalhar para a família Montalvão como jornaleiro. Seria em Outeiro Seco que mais tarde iria iniciar a sua vida. Cedo começa o namorico com a Júlia Correia Branco, esta natural de São Tiago de Vilarelho da Raia, era serviçal (criada) da família Montalvão.

 

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 Fotograma de filme propriedade da família Montalvão Cunha gentilmente cedido por Luís Montalvão

 

O Filipe iniciou o cumprimento dos seus deveres militares no ano de 1916 e será nesse mesmo ano, no dia 28 de Dezembro, que casa com Júlia Branco, mas a jovem Júlia só tinha 17 anos de idade, pelo que foi necessário o consentimento dos pais da noiva.

 

Realizado o casamento, o casal passa a viver perto do Solar dos Montalvões, numa pequena casa na Rua de Santa Rita ao lado da casa da senhora Delfina, também esta natural de Vilarelho da Raia.

 

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 Fotograma de filme propriedade da família Montalvão Cunha gentilmente cedido por Luís Montalvão

 

O Filipe continua no cumprimento dos seus deveres militares. Podemos dizer que ainda estava casado de fresco e era mobilizado para combater em França. Assim o Filipe (Ranheta), no dia 23 de Maio de 1917, embarcava no cais de Alcântara, com destino a Brest, e daí para a frente de combate. Deixava para trás a sua jovem esposa com a idade de 18 anos, recém-casada e grávida de dois meses.

 

As notícias, quer de uma parte quer de outra, são muito poucas. O tempo passa não há notícias do marido, Filipe também não recebe notícias da sua Júlia. São decorridos 6 meses da partida do marido. Estávamos no mês de Novembro, Júlia completava o tempo da sua gravidez e no dia 17 de Novembro dava à luz um jovem do sexo masculino a quem seria dado o nome de Filipe.

 

O marido lá longe nada sabia, as notícias eram muito morosas. Seria este recém-nascido a felicidade daquela jovem mãe, mas talvez por azar do destino, essa felicidade viria a transformar-se em tristeza. No dia 27 de Novembro de 1917, pela 1 hora da tarde, o Filipe (filho) acabaria por falecer com apenas 10 dias de vida e toda a felicidade daquela jovem mãe desaparece como uma golfada de fumo.

 

O marido na frente de combate desconhece a sorte do seu filho e da sua esposa. A mágoa toma conta daquela jovem mãe. Foi o único filho do casal, ambos faleceram sem deixar descendentes.

 

Vamos agora, meus amigos, falar do combatente Filipe da Ascensão (Ranheta). Na nossa investigação verificámos o Boletim do CEP, assim como várias listagens, onde apurámos que se encontrava na freguesia de Santo Estevão.

 

No seu Boletim do CEP consta o seguinte:

Era soldado do Regimento de Infantaria 19, pertencia à 1ª. Companhia do 2º. Batalhão e ao 2ª. Depósito de Infantaria sendo o soldado nº 542, correspondendo-lhe a placa identificativa nº 64248, era casado com Júlia Correia Branco, e filho de Bernardino da Ascensão e de Maria Rodrigues, natural de Vila Verde de Santo Estevão, embarcou no cais de Alcântara, no dia 23 de Maio de 1917 com destino a Brest. Foi colocado na frente de combate no 4º Batalhão de Morteiros Ligeiros, em 24 de Julho de 1917.

Depois foi colocado no 1º Batalhão de Metralhadoras Ligeiras em 6 de Novembro de 1917.

Toma parte na célebre batalha de La Lys. Pela ordem de Serviço 13.1 afim de ser aumentado ao efetivo do B. em 6/11/1918.

Foi repatriado com a unidade no navio “Ovita” em 13 de Fevereiro de 1919. Desembarcou em Lisboa no cais de Alcântara em 16 de Fevereiro de 1919.

Regressou a Outeiro Seco são e salvo com pequenas mazelas que o iriam acompanhar durante toda a vida.

 

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Foi na sua aldeia adotiva que o Filipe iniciou a sua nova vida, juntamente com a sua esposa, dedicando-se à agricultura e a umas jornas que iam aparecendo.

 

Quem conheceu o Filipe Ranheta só pode ter boas recordações, era uma pessoa pândega, gostava da brincadeira. Eu fui um dos afortunados, pois ainda o conheci. Foi o único combatente que conheci. Dele recordo o cantar dos Reis à sua porta. Por altura das matanças mandavam-me a casa dele com um saco. Quando chegava pedia-lhe as pedras para lavar o porco. Uns meses antes do carnaval dizia à garotada da aldeia “Tenho lá o arranca-pinheiros”, “Tenho lá o salta-paredes”, “Tenho lá o arrasa-montanhas”, e toda a garotada tinha medo. Dizia que já tinham comido “X” quilos de batatas e carne e lá ficávamos à espera do dia de Carnaval para ver.

 

Toda esta vida de martírio e nada fácil para o Filipe Ranheta, acabaria no dia 4 de Agosto de 1970. Terminava assim a saga de mais um combatente da Grande Guerra.

 

João Jacinto

 

 

Consulta:

Arquivo Militar

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Livro Batismos de Santo Estevão

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Quarta-feira, 21 de Fevereiro de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Abel Ramos Agrela"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

  

Caros amigos, na continuação do nosso trabalho e referente a mais um combatente da aldeia de Outeiro Seco na Grande Guerra, hoje será a vez de Abel Ramos Agrela.

 

Relativamente a este Outeiro Secano começámos a nossa investigação no Arquivo Militar à procura do seu Boletim do CEP, também procurámos em várias listagens, mas referências ao Abel Agrela, nada conseguimos. Como se costuma dizer, nem rastos.

 

Na aldeia de Outeiro Seco, por averiguações feitas há anos, e informações recolhidas, apenas nos falavam no Abel Agrela, era assim que ele era conhecido. Através dessas mesmas pessoas recebemos a informação de que o Abel Ramos Agrela foi soldado do Regimento de Infantaria 19 e que foi mobilizado para combater em França, só regressando em finais de 1918. Segundo estas indicações esteve na frente de combate, assim como na célebre Batalha de La Lys.

 

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Por lá passou as passas do Algarve, juntamente com outros combatentes regressou à sua terra natal são e salvo, apenas com umas pequenas mazelas. Tomámos a iniciativa de ir mais longe, para assim tentarmos saber mais sobre este Outeiro Secano.

 

Feitas as nossas contas do costume, fomos á procura do livro de batismos da freguesia de Outeiro Seco. Consultámos o Assento nº.23, do ano de 1891, que nos diz o seguinte:

Aos trinta e um dia do mês de Dezembro do ano de mil oitocentos e noventa e um, nesta igreja paroquial de São Miguel de Outeiro Sêco, concelho de Chaves, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Abel, que nasceu neste lugar no dia vinte e quatro de Dezembro, filho legítimo de José Ramos Agrela, jornaleiro desta freguesia e de Umbelina Rosa, natural do lugar de Curral de Vacas, freguesia de  Águas Frias, neto paterno de Sebastião Agrela e de Maria Rita, materno de José Mateus e de Teresa de Jesus. Foram seus padrinhos António Pereira do Rio e Maria de Jesus.

Padre António Gonçalves Amaro.

 

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Tentámos ainda localizar o local onde o Abel viveu a sua juventude, mas não tivemos certezas, apenas nos foi dito ou indicado o Bairro da Senhora do Rosário.

 

Passados cinco anos do seu regresso da Guerra, o Abel lança-se numa nova aventura, talvez à procura de uma vida melhor. A 25 de Fevereiro de 1924 embarca com destino à Argentina.  Não conseguimos descobrir o tempo que por lá esteve, nem quando regressou à sua terra natal. Soubemos que viveu alguns anos, até ao seu falecimento, num pequeno casebre em pedra, ao lado da casa do Firmino Caneco, ou seja, perto da casa do Eliseu André. 

 

Verificámos no seu registo de batismo apenas um averbamento, o do seu falecimento, no dia 22 de Abril de 1958, com a idade de 67 anos, com estado civil de solteiro. E assim terminava no ano de 1958 o percurso de mais um combatente da Grande Guerra.

  

João Jacinto

 

Consulta:

Arquivo Militar

Listagens de Genealogia

Arquivo Distrital Vila Real

Livro de Batismos da Freguesia de Outeiro Seco

Informações verbais de habitantes de Outeiro Seco

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Quarta-feira, 7 de Fevereiro de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Francisco Marcelino Antas (Morgado)"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

  

Hoje vamos falar do soldado Francisco Marcelino Antas (Morgado).

 

Quem era este soldado?

 

Iniciámos a nossa investigação através da indicação que nos foi transmitida verbalmente por algumas pessoas da aldeia, também através do pouco que se foi escrevendo sobre os combatentes.

 

Fomos à procura de um Francisco Morgado. Consultamos os Boletins do CEP que nos levaram até à aldeia de Bustelo, mas acabamos por desistir desta pista. Não estávamos no caminho certo.

 

Iniciámos então nova investigação, consultando várias listagens referentes aos soldados do Distrito de Vila Real, e nada de nada.

 

Começámos a pensar cá para nós: mais outro sem Boletim do CEP.

 

Alterámos o curso da nossa investigação. Fizemos as nossas contas e fomos a procura do livro de batismos da freguesia de Outeiro Seco. Rebuscámos, espreitámos, sei lá o que fizemos mais. Mas foi no livro de batismos da aldeia de Outeiro Seco, que descobrimos que a nossa pesquisa estava a ser mal direcionada. Aí verificámos que o seu nome correto é Francisco Marcelino Antas e, que o apelido “Morgado” não passava de uma alcunha.

 

Foi então iniciada uma nova pesquisa já com os dados certos, voltámos aos Boletins do CEP, ao Arquivo Militar, mas regressámos de mãos vazias.

 

Verificámos a listagem dos soldados do Distrito de Vila Real, também nada. Consultámos uma listagem só dos soldados sem naturalidade e é nesta listagem que vamos encontrar o Francisco Marcelino Antas. Sentimos uma alegria imensa.

 

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Identificado o seu código, chegámos à sua ficha do CEP, no Arquivo militar. Aí pudemos verificar o seguinte:

Que o seu nome era Francisco Marcelino Antas. Era o soldado nº.609 da 1ª. Companhia do Regimento de Infantaria 19, sendo a sua placa de identificação o nº. 33286. Diz-nos também que era solteiro e que era filho de José Marcelino Antas e de Ana Maria Melo e, era natural de Santa Cruz freguesia de Outeiro Seco, sendo o seu parente mais próximo seu pai.

Mas o seu boletim não fica por aqui e diz-nos que o combatente embarcou no dia 17 de novembro de 1917, em Lisboa, com destino a Brest e dali, para a frente de combate, onde durante praticamente dois anos passou as amarguras da guerra. E continua a descrição no seu boletim: “Diligência à escala de serviço em 10 de Dezembro de 1917. Presente e colocado na 1ª. Companhia em 6 de Março de 1918, onde ficou com o nº. 1149.”.

Será aqui, após a colocação nesta Companhia, que o Francisco Marcelino Antas vai assistir à maior tragédia no dia 9 de abril de 1918, a batalha de La Lys, onde lutou corpo a corpo, onde viu tombar os seus camaradas, ele assiste a todo aquele horror. É dado como desaparecido em 9 de abril de 1918. É desconhecido o seu paradeiro. O Francisco Marcelino Antas acabou prisioneiro dos alemães, sendo transferido para o campo de prisioneiros conjuntamente com outros portugueses, vindo a ser libertado no dia 12 de novembro de 1918.

 

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No dia 3 de Janeiro de 1919 desembarcava em Lisboa e dali para a sua terra natal. Em casa de seus pais viveu alguns tempos, para curar de certas chagas da guerra. A casa onde habitou este herói ainda resiste aos anos, hoje sem ninguém e já ameaçando ruína. Situa-se na Estrada de Outeiro Seco, do lado esquerdo quem vem para Outeiro Seco, junto ao cruzamento que dá para Santa Cruz.

 

O seu assento de batismo nº.16 do ano de 1892, diz-nos o seguinte:

Aos quatro dias do mês de Dezembro do ano de mil oitocentos e noventa e dois, nesta igreja paroquial de Outeiro Seco batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino a quem dei o nome de Francisco, que nasceu no lugar de Santa Cruz, as nove horas da noite do dia vinte e seis de Novembro, filho legítimo de José Marcelino Antas, lavrador e de Ana Mello do lugar do Couto de Ervededo, neto paterno de Manuel Gonçalves Sevivas e de Joana Marcelina e materno de Francisco Mello e Bárbara Gonçalves, foram seus padrinhos Francisco Gonçalves Sevivas e Ana Gonçalves Sevivas, proprietários e casados.

Padre Gonçalves Amaro"

 

Verificámos também o seu assento de casamento nº3 que nos diz:

Que no dia 21 de Fevereiro do ano de 1921, Francisco Marcelino Antas, solteiro de 29 anos natural de Outeiro Seco, filho legítimo de José Marcelino Antas e de Ana Mello, e Maria Gonçalves Sevivas, solteira de 27 anos filha de Francisco Gonçalves Sevivas e de  Silvana Leite, contraiam matrimónio. Foram testemunhas Vitorino Teixeira e Maria do Carmo.

Padre Elias António José Alves.

 

Alertámos os nossos amigos leitores que muitas das vezes os registos nos aparecem com várias gafes ou erros, pois no seu assento de batismo verificamos alguns.

 

Francisco Marcelino Antas viria a falecer no dia 7 de dezembro de 1971, conforme assento nº 573. Faleceu na sua casa na estrada de Outeiro Seco com 79 anos de idade.

 

Deixou três filhos também já falecidos, sendo eles o Vitorino, o David, e o Lelo Morgado, que casou com a Hermínia que era irmã do José Chaves (Zé Rico).

 

Caros amigos e leitores assim completamos a história de mais um herói.

 

João Jacinto

 

 Consulta:

Arquivo Distrital Vila Real

Arquivo Militar

Informações verbais

Blog Genealogia

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Quarta-feira, 31 de Janeiro de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – José Manuel Figueiras"

 

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914/1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

Vamos continuar a divulgar os combatentes da 1ª. Guerra Mundial, pertencentes à aldeia de Outeiro Seco. Hoje vamos falar de outro combatente. Seu nome é José Manuel Figueiras.

 

Alertamos desde já, que também relativamente a este combatente, não foi encontrada a sua ficha do CEP, nem o seu nome foi encontrado nas várias listagens consultadas. Apenas temos conhecimento através de indicações verbais, fornecidas por pessoas idosas da aldeia, que nos informaram que ele foi um dos mobilizados para combater em França.

 

Este combatente fazia parte do Regimento de Infantaria 19, onde se tinha alistado. Partiu para a frente de combate com 20 anos de idade, no dia 17 de Novembro de 1917. Esteve na frente até ao mês de Janeiro de 1919, data do seu regresso. Ali sofreu as amarguras da guerra, ali lutou como um valente. Regressou à sua terra como muitos outros, acompanhado por algumas mazelas.

 

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Afim de sabermos mais um pouco sobre este combatente, consultamos o livro de batismos da paróquia de Outeiro Seco. Verificamos o seguinte:

Assento nº1/1897

Aos sete dias do mês Janeiro de mil oitocentos e noventa e sete, nesta igreja paroquial de São Miguel de Outeiro Seco, batizei solenemente um indivíduo do sexo masculino, a quem dei o nome de José, que nasceu neste lugar e freguesia as sete horas da tarde do dito dia e mês, e ano filho legítimo de João Manuel Figueiras, natural de São Mamede de Argeriz, concelho de Valpaços, e de Ana da Cruz, natural deste lugar e freguesia, neto paterno de Carolina Pinto, avô incógnito, e materno de Domingos da Cruz e Inocência Rosa, foi seu padrinho António Joaquim de Amorim, estudante e residente neste súbdito lugar e freguesia, e a invocação de Nossa Senhora da Azinheira. Padre José Maria Moutinho

 

Segundo aquilo que nos foi dito por alguns populares da aldeia, aquando da sua partida para a frente de combate, deixou na aldeia a namorada. Tendo o mesmo prometido que logo que regressasse casaria com ela.

 

Com esta informação fomos à procura do livro de matrimónios da paróquia de Outeiro Seco. Para nossa admiração verificamos que a informação dada pelas, pessoas da aldeia encaixava que nem uma luva. Verdadeiramente o José foi homem de palavra, pois como podemos verificar no Assento nº 21:

Em 21 de Abril de 1919 na igreja paroquial de São Miguel de Outeiro Seco, contraiam matrimónio José Manuel Figueiras de 22 anos de idade, batizado e residente nesta freguesia filho legítimo de João Manuel Figueiras, e Ana da Cruz moradores nesta freguesia, ela Lucinda de Jesus, solteira de 28 anos de idade, batizada nesta freguesia e residente, filha de António Luiz e de Gertrudes Pereira. Foram testemunhas, José Gonçalves Chaves e Teresa de Jesus. Tendo este ato sido realizado pelo. Padre Elias António José Alves

 

Lá diz o ditado “ palavra dada, palavra honrada”, pois que o José chegava em Janeiro de 1919, e em Abril de 1919 casava.

 

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Engaços de madeira

 

A guerra passou, o José juntamente com a sua companheira dá início a uma vida nova, com algumas chagas da guerra, dedica-se à agricultura, cuidando de algumas courelas na aldeia.

 

O José vivia na última casa do Canto da Mochica, (nome dado ao Bairro nesse tempo), hoje chama-se Rua do Rosário.

 

Pelos vistos e dando fé às muitas informações, o José Figueiras foi sempre uma pessoa que gostou de ajudar os vizinhos nos trabalhos agrícolas e, que na altura das malhas do centeio, era um gosto vê-lo de engaço (ancinho) de madeira ao ombro, pois o seu trabalho nas malhas do centeio, era apenas o de fazer o palheiro da palha ou meda de palha. Segundo os habitantes de Outeiro Seco, o José Figueiras fazia aquele trabalho com mestria, deixava um palheiro que “nem uma piorra”, era de se lhe tirar o chapéu.

 

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Foto da procissão da Sra. da Azinheira tendo em segundo plano palheiros, um deles encimado por uma cruz

 

O calendário marcava o dia 28 de Dezembro de 1960, pelas 10 horas da manhã, na sua casa o José Manuel Figueiras, com a idade de 63 anos, partia para Deus. Deixou 5 filhos, neste presente momento já todos falecidos, o José (mais conhecido pelo Zé da Eira), a Maria, a Teresa, o António, e por último o Adelino.

 

Assim terminou o percurso de mais um combatente da grande guerra de 1914/1918.

 

João Jacinto

Consulta:

Arquivo Distrital de Vila Real

Arquivo Militar

Blog Genealogia

 

Pesquisa e textos remetidos pelo Sr. João Jacinto.

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Quarta-feira, 24 de Janeiro de 2018

Contributos - João Jacinto - "Combatentes da Grande Guerra de 1914-1918 da aldeia de Outeiro Seco – Manuel dos Santos"

COMBATENTES DA GRANDE GUERRA DE 1914-1918 DA ALDEIA DE OUTEIRO SECO

 

Os militares de Outeiro Seco que estiveram na 1ª. Grande Guerra, de 1914-1918, têm sido votados um pouco ao esquecimento.

Agora que se comemora o centenário deste acontecimento, aproveito esta oportunidade para publicar aquilo que ao longo de alguns anos consegui amealhar, quer através de investigação, quer através de conversas com algumas pessoas da aldeia, muitas delas já falecidas.

Tive o cuidado de lhes pedir para me falarem sobre os combatentes de Outeiro Seco. Tarefa nada fácil, por várias razões que aqui não interessam especificar. Julgo ser necessário preservar a memória da participação dos nossos antepassados na 1ª. Guerra Mundial, mas não foi pera doce.

A indicação das atuais referências têm um valor meramente indicativo, pois nem sempre a indicação da localidade foi rigorosa, o que nos leva muitas das vezes, a uma identificação não correta e nos induz em erro. Também muitas das vezes verifiquei erros nos boletins do CEP, a falta de boletins ou eventuais perdas dos mesmos.

Consultar listagens, ou milhares de boletins em arquivos que nos leva muitas das vezes a não ser possível realizar o trabalho de forma célere, e tanto quanto possível rigoroso e correto.

Mas mesmo assim, com todos estes constrangimentos, vou tentar fazer o possível para levar esta informação ao conhecimento dos mais jovens e até, de muitos familiares dos combatentes ou seja, “tirá-los do anonimato” e assim, dar-lhes o lugar que merecem na história de Outeiro Seco.

Alguns passaram pela guerra nas ex-colónias, seguindo depois para os campos de batalha em França. Pelo menos um dos combatentes de Outeiro Seco, ficou nos cemitérios de França, outros regressaram com várias mazelas no corpo. Ainda me recordo quando era miúdo, ouvir aos mais idosos a seguinte frase, “vieram gaseados da guerra”. A vida dura das trincheiras, onde não era fácil numa terra desconhecida, onde o frio a lama, a chuva, a neve, os gases e as balas, eram os companheiros do dia a dia.

Sobre alguns combatentes pouco temos a dizer, pois a sua ficha do CEP não foi encontrada e não foi possível a sua consulta, mas mesmo assim, vamos tentar fazer uma resenha de cada combatente. Muitas das vezes sentimos vontade de não realizar este trabalho, devido à falta de material e estivemos em vias de abandonar, face a tanta dificuldade. Mas de um momento para o outro, algo nos animou e hoje sinto-me feliz pela investigação realizada e em trazer aos outeiro secanos, uma parte da história dos nossos combatentes, os nossos heróis da batalha do 9 de Abril de 1918, “La Lys”.

 

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Iniciamos este trabalho com o soldado: MANUEL DOS SANTOS

Relativamente a este combatente, tivemos grandes dificuldades na investigação, não foi possível a consulta da sua ficha, encontramos alguns combatentes com o mesmo nome e apelido. Consultamos as respetivas fichas, uma levou-nos até Tronco, outra até ao Couto de Ervededo, tudo errado, pois a indicação que tínhamos era que ele era soldado do Regimento de Infantaria 19. Procuramos em várias listagens e detetamos um Manuel dos Santos, de Chaves, mas incorporado pelo Regimento de Infantaria 30, mas para nosso azar não foi possível o acesso a essa ficha do CEP. Ficamos na dúvida, será ele? Não será? Mesmo assim continuamos a nossa pesquisa referente ao Manuel dos Santos.

Sabemos que ele foi mobilizado para a guerra e que partiu em 23 de Maio de 1917 para Brest e dali, para a frente de combate, onde lutou como um bravo transmontano, só regressando à sua terra em 1919. Por informação recolhida no livro Retrato Social de Outeiro Seco, da autoria do seu neto Nuno Santos, ficamos a saber que ele foi prisioneiro dos Alemães. Seguimos esta pista através de várias listagens de prisioneiros mas nada de nada se descobriu. Também através do mesmo livro o seu neto diz-nos que ele foi criado de João Júlio Alves.

 

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Digitalização da capa do livro de Nuno Santos

  

Feitas as contas respetivas, fomos à procura da sua origem. Detetamos o seu registo de batismo, e que nos diz o seguinte:

ASSENTO Nº.181

Que no dia cinco do mês de Setembro do ano de mil oitocentos e noventa e cinco na freguesia de Santa Maria Maior, da vila de Chaves, que foi batizado solenemente um indivíduo do sexo masculino, a quem dei o nome de Manuel, que nascera pelas nove horas da manhã do dia seis de Agosto, e era filho natural de Ana Eusébia, solteira, nascida e batizada na freguesia de Vreia de Bornes, concelho de Vila Pouca de Aguiar, e residente atualmente no Bairro das Caldas. Era neto materno de Casimiro Pinto e Maria Joaquina, e da parte paterna avós incógnitos. Foram seus padrinhos Francisco José e sua mulher Emília da Conceição, ambos residentes em Vidago.

 

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Baseados nesta informação fomos ao seu registo de casamento no ano de 1920, que diz o seguinte:

No dia 11 de Novembro na igreja matriz de São Miguel de Outeiro Seco, com 25 anos de idade Manuel dos Santos, contraia matrimonio com Maria Joaquina Teixeira (há registos com Ferreira), de 20 anos de idade natural de Outeiro Seco, filha legítima de Augusto José e de Mafalda Teixeira. Foram testemunhas João Júlio Alves, e Beatriz Ferreira. Este tão nobre ato foi celebrado pelo: Padre Elias António José Alves.

Deste enlace acabariam por dar vida aos seguintes rebentos: Ana (falecida), Beatriz (falecida), Augusto (falecido). António (falecido), José (ainda vivo), Alfredo (ainda vivo), Silvestre (falecido).

Habitava na sua casa junto da ponte da Ribeira da Torre na entrada sul do Bairro do Penedo, mas como as mazelas da guerra não dão tréguas, com a idade de 60 anos, falecia a 9 de Novembro de 1955, na sua casa do Penedo. Assim finalizava o percurso na sua terra adotiva, este herói da grande guerra.

 

João Jacinto

 

Consulta:

Arquivo Distrital

Arquivo do Exército

Vários blogs de genealogia

Informações orais

Livro de Nuno Santos, Retrato Social de Outeiro Seco no Século XX

Livro de Manuel H. Lourinho, Prisioneiros Portugueses na Alemanha

 

Pesquisa e texto remetidos pelo Sr. João Jacinto

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Nota: Este é o contributo nº 50 do Sr. João Jacinto a este blogue.

 

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Quarta-feira, 16 de Março de 2016

Contributos - Sr. João Jacinto - "Salada de merugens ou moruges"

 

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Hoje as minhas memórias de infância, não sei porque motivo, trazem-me à lembrança uma velha recordação dos anos chuvosos em Outeiro Seco.

 

Sendo estes anos chuvosos propícios ao desenvolvimento de este tipo planta: as merugens, pois necessitam de grande quantidade de água corrente.

 

Esta planta é comestível, mas tem um período de vida muito curto.

 

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Dá-se muito bem nas bordas dos ribeiros, nas valas (abertas) dos lameiros, onde outrora corriam águas límpidas e cristalinas, pelo que nos dias de hoje será difícil de encontrar. São minúsculas plantas que formam um autêntico tapete flutuante sobre as correntes de água.

 

Quando se detetava um local onde a planta em causa aparecia, pegava-se numa tesoira e uma saca, e procedia-se ao corte, era uma operação muito cuidadosa, tinham de ser cortadas logo a seguir as folhas, ou não se podiam comer, pois ficavam com um sabor amargo, e por norma tinham de ser de água corrente e não parada.

 

Feita esta operação, chegava-se a casa e procedia-se à sua lavagem em várias águas. Depois eram colocadas em uma travessa temperadas com sal grosso bastante azeite e vinagre. Um verdadeiro manjar dos Deuses.

 

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No mês de Fevereiro e parte de Março, era a fase em que se comiam. Pois segundo aquilo que diziam as pessoas de idade, depois do Cuco chegar já não prestavam, porque o cuco cagava nelas.

 

Ou seja, esta planta tem um ciclo muito curto e logo que aparecem os primeiros calores de Março, começam a florir e deixam de ter valor comestível.

 

Espero que desfrutem de um bom prato de merugens, mas em Outeiro Seco hoje não sei onde será possível descobrir tal manjar da forma como grassa para aqueles lados a poluição, mas se encontrarem aproveitem, não perdem nada.

 

 

João Jacinto

 

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Quarta-feira, 7 de Janeiro de 2015

Contributos - Sr. João Jacinto - "Cabos de Polícia / Cabos de Ordem"

 

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CABOS DE POLÍCIA / CABOS DE ORDEM

 

Vamos falar hoje de Outeiro Secanos que exerceram as funções  de Cabos de Policia na nossa freguesia.

Para manter a ordem e a tranquilidade, além de outras funções tornou-se necessário criar a nível Nacional, a figura do Regedor de Paróquia.

Mas para ajudar o Regedor nessas vastas tarefas locais, foi necessário a criação de uma outra figura, os cabos de polícia ou cabos de ordens.

Outeiro Seco teria o seu Regedor no tempo da Monarquia e durante a República.

No tempo da Monarquia usava um uniforme, casaca azul com um ramo de carvalho de ouro bordado em cada gola, colete de caxemira, calças azuis botas e chapéu redondo. No chapéu tinha um laço da cor nacional, e uma presilha preta com o nome da freguesia.

Este por sua vez tinha as suas ordens os Cabos de Policia, que eram recrutados nos jovens da aldeia acabados de chegar do serviço militar, e que tinham de ter uma boa constituição física.

Mas com o decorrer dos tempos, a GNR começa a fiscalizar as zonas Rurais e assim vai estendendo a sua área de fiscalização, passando a dar mais tarde ou mais cedo o golpe fatal nos cabos de polícia.

Numa visita ao nosso baú, das recordações descobrimos uma listagem do ano de 1887 a 1928.

 

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(1)

 

 

Nomeação de Cabos de Polícia na Freguesia de Outeiro Seco

 

Nome

 

Nomeado

Exonerado

Localidade

 

Adelino Ferreira Rodrigues

1ª Classe

31011887

31011896

Outeiro Seco

Manuel André

1ª Classe

31011887

31011892

Outeiro Seco

Valentim dos Santos Batista

1ª Classe

31011887

31011892

Outeiro Seco

Francisco Gonçalves Sevivas

1ª Classe

31011887

25041903

Santa Cruz

Albino Pereira

2ª Classe

31011887

31011888

Outeiro Seco

João Barroco

1ª Classe

31011888

25041903

Outeiro Seco

António Ginjo

1ª Classe

31011888

25041903

Outeiro Seco

Manuel Fernandes

3ª Classe

31011888

31011906

Outeiro Seco

António Ferreira Rodrigues

1ª Classe

31011888

25041903

Outeiro Seco

Bernardino Feijó

1ª Classe

31011888

25041903

Outeiro Seco

Miguel Ferreira Pantaleão

1ª Classe

25041903

23111903

Outeiro Seco

Pedro de Sousa

1ª Classe

25041903

23111903

Outeiro Seco

Casimiro Madeira

1ª Classe

25041903

28041913

Outeiro Seco

João Félix

1ª Classe

25041903

23071912

Outeiro Seco

Manuel Pipa

1ª Classe

23111906

04121914

Outeiro Seco

António Ramos Agrela

1ª Classe

23111906

04121914

Outeiro Seco

José Sevivas Morgado

3ª Classe

23111906

18121914

Santa Cruz

António Ribeiro

1ª Classe

23031912

09031915

Outeiro Seco

João da Cruz Cortiço

1ª Classe

28041913

09031915

Outeiro Seco

Manuel Neves

2ª Classe

28041913

09031915

Outeiro Seco

Domingos da Cruz

2ª Classe

04121914

09031915

Outeiro Seco

António Lopes de Sousa

3ª Classe

18121914

09031915

Outeiro Seco

João Júlio Alves

3ª Classe

09031915

26081916

Outeiro Seco

António Ramos Agrela

3ª Classe

09031915

26081916

Outeiro Seco

José Ramos Agrela

3ª Classe

09031915

26011918

Outeiro Seco

João Gonçalves Sevivas

3ª Classe

09031915

01021918

Santa Cruz

António Gonçalves Sevivas

3ª Classe

09031915

01021918

Santa Cruz

Domingos Cortiço

1ª Classe

26031916

26011918

Outeiro Seco

Augusto José

2ª Classe

26031916

26011918

Outeiro Seco

António Simão

3ª Classe

26011918

14071921

Outeiro Seco

José Barrocas

1ª Classe

26011918

14071921

Outeiro Seco

António Agrela

1ª Classe

26011918

20071921

Outeiro Seco

Félix Gomes Carvalho

1ª Classe

01011918

14071921

Santa Cruz

Francisco António Farragacho

1ª Classe

01021918

20071925

Santa Cruz

João da Cruz Cortiço

1ª Classe

14071921

10101925

Outeiro Seco

João Agrela

1ª Classe

14071921

05091925

Outeiro Seco

António dos Santos

1ª Classe

02011924

20071925

Santa Cruz

Manuel Cunha

1ª Classe

02011924

20071925

Santa Cruz

João Cabugueira

1ª Classe

20071925

24031927

Santa Cruz

António Carpinteiro

1ª Classe

20071925

22041926

Santa Cruz

António Meireles Pinto

1ª Classe

20071925

22041926

Santa Cruz

Manuel Maria

1ª Classe

05091925

31081926

Outeiro Seco

Albano Carpinteiro

1ª Classe

05091925

22041926

Santa Cruz

José Manuel

1ª Classe

10101925

24041927

Outeiro Seco

Casimiro Madeira

1ª Classe

10101925

31011927

Outeiro Seco

Justino Albino Jorge

1ª Classe

22041926

31081926

Outeiro Seco

Alberto Santos Costa

1ª Classe

31081926

19061927

Outeiro Seco

Manuel Ervões

1ª Classe

31081926

13081927

Outeiro Seco

Francisco Meireles Pinto

2ª Classe

19031927

19081927

Santa Cruz

Manuel Gonçalves

1ª Classe

19031927

24051928

Outeiro Seco

João Júlio Alves

1ª Classe

19031927

24051928

Outeiro Seco

José Pereira do Rio

1ª Classe

13081927

24051928

Outeiro Seco

João Sobreira

1ª Classe

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Outeiro Seco

Clemente da Cruz Cortiço

1ª Classe

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24051928

Outeiro Seco

 

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(1)

 

 

E termina por aqui esta listagem. Quantas histórias estes homens teriam para contar sobre Outeiro Seco. 

 

João Jacinto

 

(1) - Fotografias meramente ilustrativas. Propriedade dos negativos e dos direitos de autor: Humberto Ferreira

 

Publicado por Humberto Ferreira às 00:05

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Sábado, 5 de Junho de 2010

Castro de Santa Ana

Perguntei ao meu pai relativamente ao carreirão que utilizávamos para "passar" o gado e que ladeava os poços de onde retiravam o volfrâmio durante a guerra, mas ele disse-me que não seria esse carreirão ao qual o Sr. João Jacinto se estaria a referir, mas sim outro que passava mais abaixo junto à Capela de Santa Ana, tal como Sr. dizia. Mas claro, ele não sabe de nenhuma lenda sobre o tal carreirão, nem de nenhum Santo anterior à Santa Ana. É uma pena não se comunicar comigo por email, eu manter-lhe-ia o anonimato, já o fiz com outras pessoas e eu sou de manter a palavra, tal como me educaram.

O carreirão/caminho que eu me lembrava de utilizar, mais durante a noite, (isto só a partir da Aldeia) era o que passava ao pé da Mãe d' Água, da actual casa do Carlos Rio, poços de volfrâmio, Santa Cruz, Forte São Neutel, Bairro Verde e Estação de Comboios.

 

Aparecem fotos de uma espécie de carreirão, que parte desde a Capela de Santa Ana e de partes de um "murete" que seguem para Sul. Poderão ser vestígios desse tal carreirão antigo?

 

Do Castro de Santa Ana, se assim se lhe pode chamar, do meu ponto de vista nada resta. Comecei junto à Capela à procura de padrões, e para além de alguns escalões (recuperados) com a restauração, aparecem em uma rocha lateral dois orifícios, idênticos aqueles que estão na face exterior da fraga que integra a Capela de Santa Ana.

Ao subir encontrei várias pedras com marcas, mas começam a tornar-se confusas, pois não se sabe se são "originais" (entenda-se antigas) ou, se se tratam de marcas da máquina que destruiu aquele espaço para construir os depósitos de água.

Depois, ainda tive esperanças ao encontrar um orifício em uma das pedras soltas. Mas desconfiei, pelo facto de ser apenas um, estar demasiado perfeito e não corresponder aos que se encontram junto à Capela. Ao introduzir um ramo verifiquei que era um furo para inserir bombas. Mais acima, confirmava-se, uma vez que, em outro furo, ainda restavam vestígios de giestas inseridas no orifício, utilizadas para os furos não voltarem a encher de terra ou pó.

O marco geodésico (julgo que é assim que se chama) está construído em cima de uma fraga, na qual se pode ver uma pequena perfuração de forma rectangular, mas como disse, não sei determinar de quando será.

 

Depois, pode ver-se um terreno privado a nascente da Capela que tem um conjunto de pedras que aparentam uma certa antiguidade e, outro terreno privado a poente do Castro, com fragas à mostra, mas que foram "raspadas" com máquina.

Em ambos casos, não tirei fotografias por se tratarem de propriedades privadas.

 

Deixaria também um apelo à Junta de Freguesia, caso leia este blog, que os depósitos de água apresentam rachadelas e, em volta dos depósitos há muita erva e silvas que deveriam ser limpos, uma vez que em caso de ocorrer um incêndio poderia acarretar graves consequências.

 

Fica então um slide com as fotografias que pude recolher.

Tal como no anterior post, volto a repetir que este tipo de recolhas (seja qual for o assunto) posso fazê-las a pedido de qualquer pessoa ou como refiro nos objectivos do blog, publicar textos privados de opinião desde que identificados e, caso necessitem de apoio fotográfico e/ou de redacção eu estarei disponível para ajudá-los.

 

 

 
Publicado por Humberto Ferreira às 20:27

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